Artigo - Estudo do comportamento de preços do tomate produzido e comercializado na região do Submédio São Francisco

23.12.2008 | 21:59 (UTC -3)

A região do Submédio São Francisco já foi um dos maiores pólos de produção de tomate rasteiro do país, alcançando no final da década de 80 uma área plantada de 12 500 ha, que fornecia matéria prima para cinco indústria de processamento de polpa, instaladas em Petrolina –PE e Juazeiro -BA , que são as duas principais cidades da região (Faria, 2000). No inicio da década de 90 com o surgimento de diversas pragas e doenças e também pelo baixo preço oferecido pelas agroindústrias ocorreu na classe produtora um forte desestímulo com essa exploração, que foi gradativamente perdendo importância econômica, principalmente entre osmédio e grandes produtores que buscaram a fruticultura como alternativa mais rentável para suas unidades produtivas.

Atualmente no Submédio São Francisco a área plantada com tomate é de cerca de 2000 ha, que é destinado totalmente para o consumo in natura, sendo parte do produto comercializada no mercado local e outra parte destinada aos principais centros de Consumo da região Nordeste. A exploração dessa olerácea é realizada basicamente por pequenos produtores assentados nas áreas de colonização dos perímetros públicos de irrigação instalados na região ou em áreas ribeirinhas do Rio São Francisco e de seus afluentes. Por tratar-se de um cultivo altamente consumidor de capital a exploração do tomate só torna-se uma atividade lucrativa se os produtores alcançarem além de uma alta produtividade física uma adequada rentabilidade econômica. Como ainda são muito escassos os trabalhos sobre a comercialização dos produtos hortífrutícolas da região em análise, principalmente no tocante ao comportamento dos preços recebidos, fator pôr demais relevante para as tomadas de decisões dos produtores, estudos desta natureza tornam-se necessários.

Este trabalho teve como objetivo analisar o comportamento de preços do tomate produzido na região do Submédio São Francisco. Especificamente se procurou nesta pesquisa determinar a variação estacional dos preços do tomate comercializado na região do Submédio São Francisco durante o período de 1995 - 2007.

Para os cálculos da estacionalidade, os preços foram corrigidos pelo Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2008) para o ano base de agosto de 1994. Para determinar a variação estacional dos preços do tomate foram utilizados dados coletados mensalmente durante o período de 1995 a 2007 no mercado do Produtor de Juazeiro, Bahia, que se constitui pelo volume comercializado no principal centro de comercialização de produtos hortifrutícola do Nordeste e em um dos maiores do país. O método utilizado para se calcular a estacionalidade ou sazonalidade dos preços da cultura em estudo foi a média móvel de doze meses, que segundo diversos autores como Allen (1988) e Spiegel (1993) tem a propriedade de tender a reduzir ou a eliminar as flutuações indesejáveis de uma série temporal. Em complementação ao estudo de variação estacional ou sazonal dos preços procedeu-se a aplicação de um teste de 2 (Qui - quadrado), com o objetivo de testar a significância estatística da variação estacional dos preços do produto.

Analisando-se os índices estacionais do preço do tomate na região do Submédio São Francisco, no período 1995/2007, verifica-se que em janeiro até junho registra-se índices estacionais superior ao médio anual (igual a 100) e a partir de julho até dezembro os índices foram superiores ao índice médio. O índice estacional máximo ocorreu no mês de março, estando 34,15% acima do índice médio e o mínimo ocorreu no mês de setembro também com a cifra de 34,55% abaixo do índice estacional médio (100). A explicação deste quadro no primeiro semestre está fortemente relacionada com as condições climáticas da região que nos primeiros meses do ano registram as maiores precipitações, que trazem como resultado uma significativa redução das áreas plantadas com tomate, além da queda da produtividade, uma vez que essa cultura é altamente sensível a fortes chuvas. Já a trajetória declinante de presos registrados em todo o segundo semestre é explicado, pelo aumento das áreas plantadas na própria região, e pela coincidência com as safras de outras regiões produtoras do Nordeste e até do Sudeste como é o caso do Estado do Espírito Santo, que nessa época do ano enviam seus produtos para mercados preferencialmente utilizados pelos produtores do Submédio.

O teste apresentou significância ao nível de 0,1% de probabilidade indicando estatisticamente um comportamento altamente instável dos índices estacionais observados para a cultura do tomate na região do Submédio São Francisco.

Como se trata de uma exploração de risco econômico elevado é necessário que o produtor busque alternativas para tornar o tomate do Submédio São Francisco mais valorizado na segunda metade do ano, quando há mais oferta do produto no mercado, e uma delas é efetivamente o escalonamento de colheita, proporcionado pela favorabilidade das condições ambientais do período e pelas técnicas de irrigação, e dessa forma procurar aproveitar, mesmo nessa época de concentração de safras, pequenas janelas de mercado tanto nos centros de consumo do Nordeste como nos grandes mercados nacionais de produtos hortífrutícolas.

Embrapa Semi-Árido. Caixa Postal 23. 56302-970. Petrolina, PE. E-mail: lincoln@cpatsa.embrapa.br.

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