John Deere destaca colheitadeira STS no Show Rural Coopavel
Pouca ou nenhuma importância se tem dado ao Crestamento bacteriano (Pseudomonas savastanoi PV. Glycinea) em soja tendo em vista que o uso de variedades resistentes e o tratamento de sementes tem sido a ênfase maior no Estado. No entanto não se pode negar a sua existência no Estado e principalmente naquelas cidades de maior altitude, clima mais ameno e alta precipitação como Primavera do Leste e Tangará da Serra. Na safra 2010/2011 tem sido evidente a exteriorização do patógeno e a sua relativa patogenicidade em algumas cultivares de soja, o que nos leva a uma preocupação maior com seus danos os quais necessitam de uma melhor mensuração tendo em vista a indisponibilidade de produtos registrados para o seu controle ou indução de resistência.
Sabe-se perfeitamente que nos EUA os seus danos à produtividade e à cultura podem chegar e até ultrapassar a 40% enquanto no Brasil os seus danos se mensurados podem chegar de 5-20%, por danos à cultura e prejuízos à produtividade o que já é algo altamente relevante. Poucas cultivares apresentam resistência a tal bacteriose e inexistem medidas eficientes e eficazes de controle. A forma agronômica mais coerente no manejo desta bacteriose é a indução à resistência por agentes bióticos e abióticos ativando a resistência então latente existente na espécie vegetal no caso presente a soja. Não é preciso enfatizar o valor econômico da soja como geradora de divisas ao país e o que representa sobre isto a sanidade da cultura. Também não é preciso citar a gama de doenças já infectantes e a preocupação de pesquisadores e produtores no seu controle.
Entretanto danos significativos do Crestamento bacteriano nos locais citados começam a ter significância econômica a partir da presente safra 2010/2011 e urge que se preocupe com tal patógeno. O agente etiológico da doença é uma bactéria transmissível via semente e permanência latente em restos culturais. O uso de antibióticos e fungicidas tem não tem aspecto relevante pela falta de produtos registrados no Mara para o patógeno e a pouca ou nenhuma importância que até aqui se deu a ele e que passa a ser imprescindível por pesquisadores, assistentes técnico – agronômicos e produtores. Reiteramos que as variedades ora em uso apresentam pequena ou nenhuma resistência à bactéria Pseudomonas savastanoi pv. Glycinea sendo o patógeno de fácil disseminação e expressivo aumento do inoculo. Outro fato significativo é que muito se enfatiza a análise da existência de doenças fúngicas e pouca ênfase se dá na análise de doenças bacterianas como o Crestamento bacteriano, Pústula bacteriana e Fogo Selvagem. Na tentativa de se induzir resistência à planta muito se tem usado micro-organismos como Bacillus sp já inseridos na estratégia do controle de doenças fúngicas e a tentativa com indutores químicos como o acibendolar-S-metil para um relativo universo de patógenos.
Etiologias viróticas, bacterianas ou fúngicas podem ser controladas ou minimizadas pela estimulação de mecanismos de resistência do vegetal à doença por indução biótica ou abiótica. Sem dúvida alguma temos que passar a considerar tais estratégias em ações bacteriostáticas, controle de etiologias como de fato imprescindíveis em medidas curativas e de controle de doenças em planta e principalmente em soja. Surpreendeu-me em Primavera do Leste a patogenicidade e os danos evidenciados nesta safra 2010/2011 em algumas cultivares, em função da atual situação climática conseqüente do Efeito La Niña e queremos a todos alertar da necessidade de medidas profiláticas com ênfase em variedades resistentes, tratamento de sementes e o estímulo à resistência em plantas adultas evitando-se danos à produtividade e à economicidade da cultura da soja.
Quero enfatizar aos colegas engenheiros agrônomos, a necessidade de se estimular os testes com Bacillus sp e acibenzolar-S-metil como indutores de resistência patogênica como forma preventiva de se controlar ou minimizar os danos causados pelo Crestamento bacteriano muitas vezes confundido por muitos como doença fúngica. O Brasil hoje como expressividade mundial de produtividade em soja não pode ficar alheio a esta doença bacteriana até aqui colocada em segundo plano. Para a manutenção dos altos índices de produtividade que o Mato Grosso atingiu e em especial Primavera do Leste, necessário se torna, cultivares resistentes aos agentes etiológicos predominantes, técnicas agronômicas adequadas e em especial atenção às bacterioses relegadas a segundo plano. Temos no Brasil cerca de 50 etiologias registradas na cultura da soja incluindo-se aí nematóides, bactérias e vírus. A variável climática e de tecnologia é que ditará a importância e a patogenicidade de cada uma em cada ano subseqüente. Destacam-se 3 bacterioses na cultura da soja Pseudomonas savastanoi pv. glycinea (Crestamento Bacteriano), Xanthomonas axonopodis pv. Glycines (Pústula bacteriana) e Pseudomonas syringae pv. Tabaci (Fogo selvagem). Normalmente a maioria das cultivares de soja plantada é resistente a Pústula bacteriana e ao fogo selvagem, mas o Crestamento Bacteriano representa uma bacteriose endêmica existindo praticamente em todo lugar de plantio de soja.
O crestamento bacteriano existe a nível mundial nas áreas produtoras em locais de maior altitude e clima mais temperado onde as temperaturas são mais baixas e maior a patogenicidade. A bacteriose ataca folhas, mas pode ser encontrada em outras partes da planta como vagens, hastes e pecíolos. Períodos de altas umidades, mais baixas temperaturas, resíduos culturais de plantios anteriores e do próprio solo e sementes infectadas e não tratadas são os maiores disseminadores da doença. O diagnóstico em folhas é evidenciado por pequenas manchas de aparência translúcida circundadas por um halo de coloração verde-amarelada. Tardiamente estas manchas se necrosam em contornos aproximadamente regulares, chegando a coalescer formando extensas áreas de tecido morto entre as nervuras secundárias.
Olhando-se a parte inferior da folha as manchas são de coloração aproximadamente negra com película brilhante nas horas úmidas matutinas formadas pelo exsudato da bactéria muitas vezes são consideradas manchas fúngicas por leigos ou pouco conhecedores da bacteriose. Oito raças fisiológicas já foram descritas no Brasil e a bacteriose acha-se presente em todas as áreas de plantio de soja. Os progressos no seu controle são incipientes e as medidas normalmente preventivas. Muito se tem trabalhado em pesquisas com agentes indutores de resistência sendo tal tecnologia promissora por possuírem ampla ação sobre o espectro de bacterioses e outras doenças aproveitando-se o mecanismo de defesa da planta cultivada inativados ou latentes acionados através do contato de um indutor biótico ou abiótico, chegando-se a uma resistência dinâmica, pós-infeccional ou induzida. Ao induzirmos a resistência temos como resultado a restrição no crescimento do patógeno e também supressão ou diminuição do sintoma de doença devido à ativação dos mecanismos de resistência da planta associada a uma ação coordenada de um conjunto de genes de defesa. A indução de mecanismos de indução de resistência em plantas é uma estratégia que no futuro será componente indispensável de medidas preventivas e curativas.
Bactérias do gênero Bacillus apresentam grande potencial como controladoras de bacterioses onde destacamos o Bacilo Thuringiensis o qual deve ser priorizado por técnicos e produtores inclusive no caso do Crestamento bacteriano e outras doenças tendo em vista que a condição de não infecção por qualquer doença é a sanidade da planta associada ao seu aspecto nutricional. Como ativadores de resistência não posso deixar de citar o silício e ante a falta de produtos com registro no Mara quero salientar aos colegas engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, biólogos e produtores que a Syngenta dispõe de um agente abiótico indutor de resistência com registro chamado BION (acibenzolar-S-Metil-ASM). Trata-se de um éster do ácido-(1, 2, 3)-tiadiazole-7 carbotióico, composto do grupo benzotiadiazole análogo ao ácido salicílico com grande característica de ativador de resistência o que possibilita proteção de plantas contra um amplo espectro de pátogenos como cita (GÖRLACH ET AL., 1966). Finalizo, enfatizando a necessidade de se levar à sério o Crestamento bacteriano com bastante evidencia nesta safra 2010/2011 em Primavera do Leste e deixo aos colegas engenheiros agrônomos, biólogos e técnicos agrícolas uma modesta colaboração para um trabalho de controle experimental desta bacteriose a qual ainda tem o seu dano não avaliado ou invisível na atual condição climática do município.
Finalizo enfatizando que o avanço da Biologia molecular tem levado a um melhor entendimento nas interações planta-patógeno, ficando evidenciado que tal tipo de relação envolve fatores genéticos de ataque e de defesa presentes no hospedeiro e no patógeno respectivamente, sob a regência da influência ambiental. (RYALS et al, 1996, MÉTRAUX, 2001).
Lucas Gerbi
Engenheiro agrônomo
66-34973697
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