Artigo - Crambe: Uma opção rentável para a Safrinha 2011 no Mato Grosso do Sul

01.04.2011 | 20:59 (UTC -3)

Com o atraso na colheita da soja, muitos enfrentam dificuldades para fazer o plantio de milho safrinha dentro da época ideal. Os riscos climáticos vão aumentando a cada dia de atraso. Uma alternativa possível é buscar culturas mais tolerantes ao déficit hídrico e às possíveis geadas. Ciente dessa situação e da falta de opções com rentabilidade econômica de outono/inverno para o Estado, a Fundação MS traz ao conhecimento do produtor uma opção viável, a cultura do Crambe. Oleaginosa bem adaptada às condições de clima e solo das diversas regiões produtoras de MS, o crambe FMS Brilhante tem menores custos e riscos reduzidos em plantios de outono/inverno.

 

Como principais características dessa oleaginosa destacam-se a tolerância à seca e a geadas, baixo custo de produção, precocidade, boa capacidade de reciclagem de nutrientes e a baixa incidência de pragas e doenças, com bons resultados na redução de nematóides e rotação com milho verão. A Fundação MS possui todas as informações técnicas sobre a cultura e disponibiliza sementes certificadas para o produtor rural. Fechando a cadeia produtiva do Crambe, a Fundação MS firmou um acorde de cooperação com a empresa Granol, a qual se prontificou a comprar toda a produção de grãos em Mato Grosso do Sul, com garantia de preço em contrato.

 

O mercado para o crambe é ilimitado, visto que o seu óleo é de ótima qualidade além de vários fins industriais. O farelo do crambe que até pouco tempo era uma dúvida, hoje se apresenta como uma ótima fonte proteica na alimentação de bovinos.

 

Crambe

O crambe (Crambe abyssinica Hochst) é uma oleaginosa pertencente à família das crucíferas, a mesma da colza e canola. Originário da região quente e seca da Etiópia, o crambe foi domesticado na zona fria e seca do Mediterrâneo. Com ciclo em torno de 90 dias em média, o crambe representa uma excelente alternativa para a safrinha.

 

Características agronômicas

Bastante tolerante à seca. Tolera temperaturas baixas e geadas, exceto na fase de plântula e florescimento. Não tolera solos ácidos e com alumínio tóxico. Os solos para seu cultivo devem ser eutróficos ou corrigidos. As condições da camada sub-superficial (20-40 cm) são fundamentais para o desenvolvimento de seu agressivo sistema radicular pivotante. O aprofundamento de raiz é fundamental para que expresse as características de tolerância à seca.

 

Em condições de baixa umidade após a fase de florescimento, o crambe não apresenta pragas e doenças graves.

 

Adubação

Estando os solos corrigidos e com bons níveis de fósforo e potássio, as respostas a doses crescentes de fertilizantes têm sido pouco significantes.

Recomenda-se somente uma adubação de reposição com N, P e K.

 

Semeadura

A Semeadura pode ser feita com semeadora/adubadora de soja e semeadoras de sementes pequenas (trigo, aveia e milheto). Deve-se ter muito cuidado com a presença de invasoras de folha larga na lavoura de crambe, pois não há herbicidas seletivos para o seu controle.

 

A época de semeadura depende da duração do período chuvoso em cada região:

- Região sul de MS, norte do PR e sul de SP: 01 de abril a 15 de maio;

- Região central de MS: 20 março a 20 de abril;

- Região norte de MS, MT, GO: 20 fevereiro a 30 de março; Espaçamentos: 17 a 45 cm. O espaçamento menor melhora a competição da cultura com as ervas invasoras.

O estande de plantas varia entre 80 e 120 planta/m (20 a 30 plantas/m). Gastando de 12 a -1 15 kg ha de sementes.

 

Dessecação e efeito residual de herbicidas

 

Fazer uma boa dessecação, pois não há herbicidas pós-emergentes para controle de folhas largas em crambe. O crambe pode sofrer efeito residual de herbicidas préemergentes aplicados na cultura anterior.

 

Podem causar problemas os princípios ativos: Atrazine, Cyanazine, Clorimuron, Diclosulan, Flumetsulam, Fomesafem, Imazaquim, Imazethaphyr, Metribuzin, Diuron.

 

Produção de grãos, óleo, farelo e biodiesel Observadas as orientações de plantio, sendo os solos de boa à alta fertilidade, a -1 produtividade varia de 1.000 a 1.500 kg ha.

 

O conteúdo de óleo varia de 36 a 38% no grão.

- Extração mecânica (prensas e extrusoras): 20 a 25% de óleo;

- Extração solvente: 35 a 37% de óleo. O óleo tem 55% de ácido erúcico, com várias utilizações na indústria química

(lubrificantes, polímeros, plásticos). Excelentes resultados têm sido obtidos com o óleo para produção de biodiesel.

O farelo é tóxico para monogástricos (suínos, aves), mas pode ser utilizado na alimentação de bovinos, na proporção de até 5% da dieta total, sendo uma ótima fonte de proteínas (30% extração mecânica e 38% extração solvente).

 

Resumo da Tecnologia para Cultivo de Crambe

Padrão de Solo: Solo de boa fertilidade, com pH acima de 5,8 e livre de invasoras.

Sistema de Plantio: Plantio Direto após soja de preferência (ou milho).

Dessecação e Efeito Residual de Herbicidas: Época de Semeadura: Região Sul de MS, norte do PR e sul de SP: 01/04 a 15/05. Região

Central de MS: 20/03 a 20/04.

Região Norte do MS, MT e Goiás: 20/02 a 30/03. Exige boa umidade para germinação e chuvas até 40 dias após a semeadura (2 a 4 chuvas espaçadas de ± 08 a 12 dias).

 

Profundidade de Sementes: De 2 a 4 cm de profundidade.

Tratamento de Sementes: O tratamento de sementes deve ser realizado. Pode ser utilizado Derosal ou Protrit 60 ml/15 kg de sementes ou Vitavax + Thiram 75 ml/15 kg. Diluir em água (200 a 300 ml de água/15 kg de sementes).

Adubação: Estando os solos corrigidos e com bons níveis de fósforo e potássio, as respostas a doses crescentes de fertilizantes têm sido pouco significantes. Recomenda-se somente uma adubação de -1, -1 -1 reposição: N = 10 a 20 kg.ha , P O = 20 a 40 kg.ha , K O = 15 a 20 kg.ha . 2 5 2

Herbicidas e Inseticidas: Não utilizar herbicida de folha larga, pois não há herbicida seletivo para folha larga. Poderá haver ocorrência de pulgões, lagartas ou brocas, fazer controle se necessário.

Ciclo da Cultura e Produção Estimada: Curto ± 90 dias. 1000 a 1500 kg.ha , com teor de

óleo ao redor de 38%.

 

Para conferir o artigo completo com as imagens clique aqui.

 

Roney Simões Pedroso

Eng. Agrônomo Fundação MS

roney@fundacaoms.org.br

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025