Santa Catarina possui o mais avançado parque agroindustrial do Brasil, representado pelas avançadas cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura. Essa fabulosa estrutura gera uma riqueza econômica de mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos por ano, sustenta mais de 150 mil empregos diretos e indiretos e gera bilhões de reais em movimento econômico.
Um dos principais insumos para o funcionamento dessas gigantescas cadeias produtivas é o milho. Por isso, o sucesso ou o fracasso da cultura do milho reflete diretamente na economia catarinense.
Em 2005, 106 mil produtores rurais catarinenses cultivavam 800 mil hectares com milho e colhiam entre 3,8 e 4 milhões de toneladas. Nesses dez anos, a área plantada foi se reduzindo paulatinamente e, em 2015, foram cultivados entre 250 mil e 300 mil hectares de lavouras para uma produção estimada em 2,5 milhões de toneladas.
Esse quadro representa uma equação perigosa: para um consumo de 6 milhões de toneladas haverá uma produção interna de 2,5 milhões e, portanto, uma necessidade de importação de 3,5 milhões de toneladas de milho. Insumo escasso representa encarecimento para os produtores rurais e para as agroindústrias. Por via de consequência, o alimento cárneo torna-se mais caro para o consumidor.
A conjugação de uma série de fatores contribuiu para chegarmos a esse ponto, com redução tão drástica da produção. Os produtores migraram para a soja, um produtor com grande liquidez no mercado de commodities, menor custo de produção e melhor remuneração final aos agricultores. Enquanto a saca de milho vale entre 35 e 40 reais, a de soja vale 70 reais. Outro fator é que 40% do milho que SC produz se destinam a silagem, portanto, não sai da propriedade e é utilizado na nutrição animal do gado leiteiro.
No ano passado, os preços do milho não agradaram os produtores. Por outro lado, a atual situação cambial estimula a exportação de milho: o Brasil já embarcou 33 milhões de toneladas para o exterior (a produção nacional deve chegar a 85 milhões de toneladas), agravando ainda mais a situação interna. O sul do Brasil terá que importar milho da Argentina e do Paraguai. A Conab não dispõe de estoques para regular o mercado.
Planos, programas e ações do Governo e das agroindústrias não tiveram sucesso na tentativa de estimular o plantio de milho em Santa Catarina e todos seguem refém desse grão que representa a principal fonte de nutrição de aves, suínos e gado leiteiro. Obter a autossuficiência catarinense é o desafio perseguido há décadas, seja via aumento da produtividade, utilização de sementes de alta tecnologia e calcário calcítico. Outro desafio adicional neste cenário é a armazenagem, pois, 30% da produção não têm estocagem. Enfim, o milho é um cereal profundamente vinculado à realidade catarinense.