Dow AgroSciences e Chromatin assinam acordos de pesquisa e licenciamento
Difícil imaginar como seria a sociedade não fosse a ciência, tecnologia e inovação. Se lá atrás homens e mulheres tivessem se contentado com a situação existente e, então, optado pela inércia, como seria o cotidiano moderno? Sim, porque os recursos disponíveis no dia-a-dia se fazem de um conjunto de resultados gerados pelo sistema de C,T&I.
Como estariam hoje as comunicações? A saúde? Os transportes? A construção civil? A alimentação? O avanço socioeconômico — e, sobretudo, a melhoria da qualidade de vida das pessoas — estão intimamente ligados ao desenvolvimento das pesquisas nas diversas áreas do conhecimento. Deve-se especialmente a profissionais dedicados que persistem no labor científico, sem se abaterem pelos entraves. O Estado de São Paulo é amplamente reconhecido por suas contribuições ao Brasil e muito desse desempenho é amparado na ciência, que não se faz sem recursos humanos. Estes, além de infra-estrutura, precisam também da valorização profissional e de meios para galgar uma carreira que lhes dê não apenas o sustento, mas alimente também a certeza de que vale seguir no empenho de solucionar problemas da vida. Afinal, essa é finalidade das pesquisas.
Se há muito pesquisadores de diversas áreas contribuem para o caminhar da sociedade paulista e brasileira, não faz tanto tempo assim que a carreira de pesquisador científico no Estado de São Paulo foi reconhecida – 34 anos. Para comemorar a data, o Fórum de Diretores das 17 instituições de pesquisa paulistas criou o site
, no ar a partir desta semana, com informações sobre as Unidades envolvidas.
Essa trajetória é curta se comparada à existência dos institutos, principalmente se focarmos na pesquisa agrícola paulista, em que o Instituto Agronômico tem 122 anos e os outros cinco institutos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, todos coordenados pela APTA (Agência Paulista de tecnologia dos Agronegócios) também têm idade elevada, vamos assim dizer.
Mas, há que se ressaltar a relevância da criação da carreira, com a Lei Complementar nº 125, de 18 de novembro de 1975, ainda com suas pouco mais de três décadas. A organização da carreira, distinguindo-a das demais existentes no serviço público paulista, foi determinante para a continuidade das pesquisas, da dedicação de profissionais e da própria constituição da comunidade científica em São Paulo. A Lei Complementar nº 125 mudou não apenas o status daqueles graduados e pós-graduados atuantes em pesquisas, mas definiu a forma de progredir na carreira com forte caráter qualitativo, estabelecendo seis níveis de pesquisador e expondo a exigência de capacitação científico-tecnológica. Esse mecanismo legal muito tem a ver com a redução da evasão de pesquisadores dos institutos e, consequentemente, está relacionado à melhoria da qualidade de vida da população ao longo dos anos, que vem incorporando os resultados gerados pela ciência.
A importância da pesquisa começa muito antes das vivências brasileiras. Nós brasileiros não tivemos participação na Revolução Tecnocientífica, no final do século XIX, marcada por automóveis e instrumentos de comunicação. Porém, engana-se quem pensa que por aqui não transitavam representantes da aptidão científica. Houve sim. José Bonifácio de Andrada e Silva destacou-se por investigações na área de mineralogia no século XIX. Em 2000, o Brasil teve, de fato, repercussão mundial na área científica, quando a Nature, uma das revistas mais conceituadas no mundo, publicou capa sobre a pesquisa brasileira com o sequenciamento do genoma da bactéria Xylella fastidiosa, responsável pela clorose variegada de citros, conhecida como praga do amarelinho. O trabalho reuniu 35 instituições paulistas de pesquisa em uma rede criada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Em 2004, a revista novamente veiculou informações sobre outra pesquisa brasileira. Desta vez, o Instituto Agronômico (IAC) teve uma de suas pesquisas publicadas na Nature. As informações da descoberta realizada pelo IAC sobre um cafeeiro arábica naturalmente descafeinado chamaram a atenção da comunidade científica. Esse estudo teve o apoio financeiro da Fapesp, do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desde então, o Instituto mantém os estudos de melhoramento genético das plantas naturalmente descafeinadas com o objetivo de somar a característica de baixa cafeína a qualidades agronômicas desejáveis. E com esse resultado — e tantos outros — o IAC e a pesquisa paulista em agropecuária têm a satisfação de assinarem muitas das conquistas que fazem o agronegócio brasileiro ser o destaque que é na balança comercial do País.
Além do aspecto econômico, graças às pesquisas na esfera agropecuária, cidadãos de São Paulo, do Brasil e de alguns lugares do mundo podem consumir desde produtos alimentícios, como o simples arroz com feijão e o suco de laranja, a vestimentas produzidas com algodão, passando pela movimentação de veículos com o etanol. Tudo isso com matérias-primas geradas no campo.
A constatação da importância das lavouras para a vida urbana e a relação intrínseca entre o desempenho agropecuário nacional e as ferramentas desenvolvidas pela ciência fazem crescer o orgulho de quem trabalha nesse segmento e elevar a auto-estima da comunidade científica e da nação que a acolhe. Mais que isso, faz crescer o respeito e a valorização da sociedade para com seus cientistas e suas instituições de C,T&I. A comemoração dos 34 anos da lei que criou a carreira de pesquisador científico é mais um momento para lembrar a todos que — em séculos passados ou na era pós-genômica — é na ciência onde são concebidas as engrenagens fundamentais do desenvolvimento socioeconômico de um País. E, sobretudo, está na nela o nascedouro do bem-estar da humanidade.
Diretor-geral do Instituto Agronômico (IAC) e
Presidente do Fórum de Diretores das 17 instituições de pesquisa paulistas
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