Aprovação de maior mistura de etanol na gasolina nos EUA não significa aumento nas exportações brasileiras

14.10.2010 | 20:59 (UTC -3)

A decisão anunciada hoje pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency - EPA), aumentando a mistura de etanol na gasolina comercializada naquele país dos atuais 10% (E10) para 15% (E15) somente para carros produzidos de 2007 em diante, não altera o quadro em termos de exportações de etanol brasileiro para os EUA. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), ainda existem diversos desafios ligados tanto a esta decisão, quanto à própria entrada do etanol brasileiro naquele país, que permanece fortemente obstruída pelas elevadas tarifas impostas ao etanol importado.

 

Para o Brasil, o volume adicional que pode ser gerado pela decisão da EPA não representa qualquer acréscimo nas exportações, já que a atual tarifa de importação sobre o etanol brasileiro permanece inalterada. “Muitos grupos ligados à indústria americana de etanol argumentaram recentemente que depois de 30 anos de subsídios e barreiras comerciais, a indústria do país estaria preparada para competir sem esta proteção, desde que o governo oferecesse mais acesso. Com a decisão da EPA de aumentar os limites, em mais de 50% para novos veículos, podemos dizer que esse dia chegou,” afirmou o representante-chefe da UNICA para a América do Norte, Joel Velasco.

 

A EPA abriu a questão do aumento da mistura para consulta pública em abril de 2009 para avaliar opiniões sobre a medida. A consulta pública foi decida em função do pedido, lançado pela indústria de etanol americana em março de 2009, para que o aumento fosse implantado. Na ocasião, a UNICA enviou comentários relatando a experiência brasileira com a mistura de etanol à gasolina em larga escala desde a década de 70, mostrando ainda os aspectos técnicos que permitem apoiar o aumento para 15%. Para obter a íntegra da carta submetida ao EPA pela UNICA (em inglês), clique no link: http://unica.com.br/download.asp?mmdCode=F7BCA096-D877-47E4-831C-18C7365F11F1

 

“Quase um século de experiência brasileira com a mistura de etanol à gasolina, tanto com 15% como em percentuais superiores, demonstram que este combustível (etanol) pode trazer grandes benefícios do ponto de vista ambiental, sem preocupações ou modificações tecnológicas necessárias diferentes das realizadas para a utilização de E10,” registra o documento elaborado pela UNICA.

 

O aumento da mistura de etanol na gasolina vem gerando polêmica nos EUA, com argumentos e contra-argumentos surgindo de diversos setores da sociedade. O consumo de etanol no mercado interno americano está próximo de atingir o limite máximo de produção no país para suprir a demanda gerada pelo mandato federal com a mistura atual, de 10%.

 

Em vigor desde 1978, esse limite de mistura cria dificuldades para o cumprimento do mandato federal americano, que determina um volume anual de etanol a ser utilizado no mercado americano. O mandato, conhecido como Renewable Fuel Standard (RFS em ingles), estabelece que o país consuma um montante anual crescente, que em 2022 chegaria aos 36 bilhões de galões, ou seja, mais de 136 bilhões de litros. Esse volume representa quase cinco vezes o total de etanol hoje consumido no Brasil por ano.

 

Rosa Webster

CDN Comunicação Corporativa

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