Embrapa apresenta tecnologias verdes de combate a fitonematóides e insetos na Agrishow 2018
Feira acontece em Ribeirão Preto (SP), de 30 de abril a 04 de maio
Acaba de ser lançado o Nutrisolo, aplicativo para celulares que auxilia produtores rurais e técnicos especialistas com recomendações de correção nutricional do solo, ferramentas de cálculos e conversões e dicas para boa produtividade no plantio de abacaxi, banana, citros e mandioca no Estado do Amazonas. O aplicativo está disponível para download gratuito no Google Play, para celulares e tablets com sistema Android.
O aplicativo desenvolvido gera recomendações da necessidade de calcário e de sua aplicação em área total e em cova, recomendações de boas práticas de extração de amostragem de solo, a frequência com que o produtor deve fazer essa amostragem e espaçamentos entre as plantas. O software também auxilia na escolha da área do plantio e conta com conversor de unidades métricas. Para facilitar o acesso, a base de dados do aplicativo pode ser acessada off line, quando não existe necessidade de conexão com a internet.
No desenvolvimento da tecnologia, foram realizadas diversas entrevistas com pesquisadores da área e utilizada base de dados fornecida pelo Laboratório de Análise de Solos e Plantas da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) para testes e ajustes.
O aplicativo utiliza-se de quatro ferramentas desenvolvidas para a plataforma Google Android que realizam cálculos automatizados de espaçamento para obter a quantidade total de plantas em um hectare e recomendação da aplicação de calcário tanto pelo método de alumínio quanto pela saturação de bases, a partir da análise química. O objetivo é equilibrar o solo no preparo da área, de forma a receber as mudas de abacaxi, banana, citros e mandioca e obter melhor produtividade.
De acordo com o analista da Embrapa Marcos Filipe Alves Salame, que coordenou o desenvolvimento, o aplicativo é uma ação que procura auxiliar a transferência de tecnologia no Estado do Amazonas, simplificando a tomada de decisão em apenas alguns cliques. Ele reconhece que o uso exclusivo dos dados da análise química não é suficiente para obter uma excelente produtividade, pois o processo de plantio é relativamente complexo, envolvendo diversas variáveis.
Voltado à extensão rural
Para os pesquisadores Mirza Carla e Inocêncio Oliveira, o aplicativo vai auxiliar principalmente os técnicos da extensão rural, que prestam atendimento aos pequenos produtores rurais. O aplicativo teve validação em testes conduzidos com técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), órgão que realiza a extensão rural no estado.
Um fator limitante do sistema produtivo da agricultura no Estado do Amazonas é que seu solo apresenta baixa disponibilidade nutricional, necessitando de uma quantidade grande de insumos. Sem manejo adequado, a degradação do solo e a sustentabilidade na produção agrícola ocorrem em poucos anos, podendo levar ao abandono da terra.
Um recurso imprescindível para identificar a quantidade de nutrientes que há no solo é a análise química. No entanto, ela não informa como tornar o solo mais adequado e produtivo para uma determinada cultura.
Software registrado
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu o Certificado de Registro de Programas de Computador ao software desenvolvido por analistas, pesquisadores e bolsistas da Embrapa Amazônia Ocidental (AM).
A equipe de desenvolvimento foi composta pelo analista Marcos Filipe Alves Salame, que coordenou o trabalho e orientou os alunos de iniciação científica Rodrigo da Silva do Nascimento e Francisco dos Anjos Tavares, com bolsas concedidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e pelos pesquisadores Marcos Vinícius Bastos Garcia, Mirza Carla Normando e Inocêncio Júnior de Oliveira, os quais subsidiaram informações técnicas.
Aplicativo engloba principais culturas do Amazonas
As culturas agrícolas escolhidas são as que apresentam grande demanda por informações no Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Unidade de pesquisa da Embrapa no Amazonas e representam boa parte da produção do estado.
A cultura do abacaxi no Amazonas apresentou um crescimento substancial de 2004 para 2011 e o estado se tornou o oitavo maior produtor do País. No entanto, o Amazonas apresenta uma taxa de produtividade baixa, variando de oito t/ha a 15 t/ha, enquanto que a média nacional é de 25 t/ha a 35 t/ha, prejudicando o desenvolvimento sustentável.
Por sua vez, o cultivo de citros no Amazonas revela grande potencial de expansão e já ocupa o segundo lugar no consumo per capita in natura. No entanto, a produção é insuficiente para suprir a demanda local, sendo necessária a importação de outras regiões produtoras do cultivo.
Quase toda a produção de mandioca no Amazonas está voltada para a transformação de farinha, tornando-se um dos alimentos básicos mais consumidos pela população regional junto com o peixe. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013 o Pará foi o maior produtor nacional de mandioca com 4,6 milhões de toneladas, seguido do Paraná com 3,7 milhões toneladas e da Bahia com 1,8 milhões. A produtividade média nacional foi de 14,08 t/ha e a maior produtividade foi conseguida pelo Estado de São Paulo com 24,8 t/ha. Apesar do alto consumo de mandioca no Amazonas e dos esforços para aumentar sua produtividade, ele não ficou nem entre os seis primeiros estados na produtividade de mandioca.
A produção de banana no Amazonas ocupa a 17ª posição com 63.745 mil toneladas anuais. Para fins comparativos, o Estado do Acre com menor área destinada à colheita, cerca de 6.977 (ha), consegue obter uma produção maior, cerca de 64.112 mil toneladas se comparado com o Amazonas que destina 9.545 hectares à cultura.
A grande extensão territorial do Amazonas gera sérios entraves de logística e infraestrutura, dificultando atividades e, consequentemente, limitando a produtividade no Estado. Além da dificuldade de logística com os insumos necessários e com os produtos gerados, muitos agricultores não conseguem ter acesso facilitado aos especialistas da área agrícola e acabam tomando decisões sem levar em consideração recomendações e boas práticas já definidas, culminando em prejuízos.
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