Conab conclui neste mês levantamento de estoque privado de café
A parceria dos pesquisadores Adonai Gimenez Calbo e Marcos David Ferreira, da Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos/SP), concluiu um aparelho portátil de interesse agronômico. Com o nome de Wiltmeter, o equipamento mede a pressão das folhas, verificando, no campo, se a irrigação está adequada e, na pós-colheita, a qualidade delas.
O protótipo só foi concluído após nove anos de pesquisas teóricas, iniciadas em 1989. A técnica, porém, já é antiga e utilizada para medir órgãos de superfície lisa. Como exemplo, Calbo, que é fisiologista vegetal, cita o tomate ou a uva. “O aparelho usa a técnica de força externa ou apuxação para medir folhas”, diz o pesquisador.
Ele lembra que a medição é feita atualmente por uma sonda de pressão, que mede apenas uma célula de cada folha. “Esse tipo de trabalho só pode ser realizado em laboratórios”, complementa. Já o Wiltmeter tem aplicabilidade no campo, como instrumento de verificação do manejo de irrigação. A fase pós-colheita, até então a mais estudada, também garante a utilização do equipamento em laboratórios.
Calbo diz que folhas conáceas, que possuem nervuras, não podem ser medidas pelo Wiltmeter, pois a leitura de pressão fica dificultada. “Para o equipamento foram medidas plantas de interesse agronômico”, diz o pesquisador, complementando que a maior parte da agricultura brasileira é composta por folhas macias.
O modelo desenvolvido é composto por dois manômetros (sendo um de fluxímetro e o outro para a verificação do resultado), um compressor (que, na etapa de testes, foi o de um motor que realiza a circulação de água em aquários) e uma seringa com água.
A folha é colocada entre uma borracha e uma placa com riscos especiais, de ranhuras obtusas e glanuralidade fina. “Se [a ranhura] for aguda, não sai ar de jeito nenhum”, explica. Após a colocação da folha, ela sofre uma compressão iniciada com uma seringa. O resultado pode ser conferido imediatamente, em um dos manômetros.
O equipamento possui dois tipos de líquido: a água, dentro da seringa, que faz a pressão na folha e o álcool, no manômetro de fluxímetro. Calbo explica o porquê da utilização desses dois líquidos. “O álcool é utilizado porque ele possui uma tensão superficial 10 vezes menor. Esse líquido poderia ser água, mas o Wiltmeter não funcionaria bem”, explica o pesquisador.
O Wiltmeter já tem patente, mas ainda precisa de outros estudos. O próximo, segundo Calbo, é a verificação de parâmetros de pressão em diversos cultivos. Porém não há previsão do equipamento estar no mercado em breve, pois ainda é necessário o cumprimento de algumas etapas (interesse de uma empresa e aperfeiçoamento do protótipo, por exemplo). Mas um fato o pesquisador já tem certo: o equipamento não terá alto custo para o produtor rural.
Michel Lacombe
Portal RIPA
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura