Alta nos preços de fretes para transporte de grãos marca julho, com exceção do Paraná

Colheita do milho 2ª safra impulsiona elevação dos fretes em diversas regiões do Brasil, enquanto Paraná registra queda na demanda, aponta Conab

23.08.2024 | 15:12 (UTC -3)
Revista Cultivar

Os preços de fretes para o transporte de grãos no Brasil registraram altas significativas em diversas rotas do país, impulsionados pelo avanço da colheita do milho 2ª safra. A exceção foi o Paraná, onde a demanda por fretes mostrou-se negativa. Essas informações foram divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A safra 2023/24 deverá atingir 298,6 milhões de toneladas, uma redução de 21,2 milhões de toneladas em comparação à safra anterior. A queda na produção reflete as adversidades climáticas que afetaram as lavouras, especialmente durante a primeira safra.

Os principais estados produtores de grãos continuam sendo Mato Grosso, com uma produção estimada de 92,8 milhões de toneladas, seguido pelo Paraná, com 38,4 milhões de toneladas, e o Rio Grande do Sul, com 37,1 milhões de toneladas. O estado do Mato Grosso também lidera a produção de soja, com 39,34 milhões de toneladas, enquanto a Bahia se destaca pela maior produtividade, com 3.780 kg/ha.

As exportações brasileiras de soja em julho de 2024 somaram 11,25 milhões de toneladas, uma queda de 19,3% em relação ao mês anterior. A desvalorização do dólar e a alta nos prêmios de exportação contribuíram para a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional. As exportações de milho, por sua vez, atingiram 3,55 milhões de toneladas, um aumento expressivo em relação ao mês anterior, quando foram exportadas 0,85 milhão de toneladas. No entanto, os preços internacionais do milho registraram queda, pressionados pelas boas condições da safra nos Estados Unidos.

Na Bahia, o transporte de grãos e fertilizantes foi intenso em julho de 2024, resultando em aumentos nos fretes e no volume transportado. No mercado interno, o milho foi comercializado a R$ 57,22 por saca, com uma leve queda de 0,5% em 30 dias, mas uma alta de 17,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é de um aumento de 460 mil toneladas na produção de milho da terceira safra na região do Sealba, o que pode antecipar uma tendência de queda nas cotações.

No Distrito Federal, os fretes registraram variações positivas em todas as praças pesquisadas, impulsionados pela maior disponibilidade de fretes, principalmente para o transporte de milho. O preço do diesel, que compõe uma parte significativa do custo do frete, também contribuiu para a alta nos preços. As previsões para os próximos meses apontam para uma estabilidade nos preços dos fretes, embora o comportamento do preço do diesel possa influenciar um viés de alta.

Em Goiás, a demanda por fretes foi relativamente baixa na região de Rio Verde devido às chuvas que impactaram os portos da Baixada Santista. No entanto, outras regiões do estado, como Bom Jesus de Goiás e Catalão, registraram aumento na demanda por fretes, especialmente para o transporte de milho e fertilizantes. A participação de Goiás nas exportações brasileiras de milho e soja foi significativa, com 3,35% e 10,9%, respectivamente.

O Maranhão também registrou aumento nos preços dos fretes em julho de 2024, impulsionado pela colheita do milho e pela finalização da colheita de soja, cuja comercialização já se aproxima do fim. O porto de Itaqui alcançou o maior volume mensal de movimentação de cargas de sua história, totalizando 3,7 milhões de toneladas, consolidando sua importância logística para o escoamento da produção de grãos do Brasil.

Em Mato Grosso, houve um desaquecimento no mercado de fretes rodoviários, reflexo de uma menor demanda por embarques de milho. A expectativa é de que o mercado possa se recuperar em meados de agosto, caso ocorra um aumento na demanda. A redução dos níveis de água do Rio Tapajós, no Pará, também pode redirecionar o fluxo de transporte para rotas alternativas, o que pode influenciar os preços dos fretes na região.

No Mato Grosso do Sul, os fretes agrícolas apresentaram variações discretas em relação ao mês anterior. A colheita do milho da segunda safra, que está quase 70% concluída, desempenhou um papel importante na movimentação interna de mercadorias. No entanto, a desvalorização das commodities agrícolas e a expectativa de maiores estoques influenciaram na decisão dos vendedores de disponibilizar seus estoques no mercado spot, resultando em poucas movimentações para exportação.

Minas Gerais manteve o crescimento nas exportações do agronegócio, com destaque para o café e o complexo soja. A expectativa é de que o setor permaneça aquecido ao longo do segundo semestre de 2024, impulsionado pela comercialização de milho e soja. As exportações do agronegócio mineiro totalizaram US$ 8,2 bilhões no acumulado de janeiro a julho de 2024, representando um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior.

No Paraná, os fretes para grãos apresentaram variações negativas na maioria das praças pesquisadas, com exceção de Ponta Grossa, que registrou um incremento. A falta de fretes foi atribuída à ausência de contratos fechados pelas “tradings” e cooperativas para os portos, com previsão de retomada das operações a partir de 15 de agosto. A comercialização das safras de milho e soja ainda tem volumes significativos a serem escoados, o que pode impactar os preços dos fretes nos próximos meses.

No Piauí, o mercado de fretes continuou aquecido, com forte demanda por transporte de grãos e fertilizantes, resultando em um aumento médio de 11% nos preços. A exportação de soja também registrou um aumento significativo, com 374.467,2 toneladas exportadas em julho de 2024, um crescimento de 19% em relação ao mês anterior. O preço do combustível na região também sofreu um aumento, impactando diretamente os custos de frete.

São Paulo registrou um mercado de fretes aquecido durante o mês de julho, com fortes altas na maioria das praças. O transporte de milho e arroz, além da indústria da construção civil, impulsionaram a demanda por fretes. A exportação de açúcar foi destaque, com um aumento de 25% em relação ao mesmo período de 2023. O estado também investiu em melhorias na infraestrutura rodoviária, o que pode influenciar positivamente o fluxo de transporte no futuro próximo.

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