Aiba divulga último Levantamento da Safra 2011/12

13.09.2012 | 20:59 (UTC -3)
Catarina Guedes

Os preços favoráveis das commodities agrícolas no cenário mundial, sobretudo do milho e da soja, animam o produtor do Oeste da Bahia, mas não anulam a frustração, principalmente, da expectativa de colheita, que a maior seca da história agríloca do cerrado baiano ocasionou na safra 2011/12. A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) concluiu o 4º e último levantamento da safra 2011/12, e já começa a consolidar os primeiros números de intenção de plantio para 2012/13. No total, a produção de grãos no cerrado cresceu, apesar da seca, aproximadamente, 4% ante 2010/11, chegando a 7.147.158 toneladas na safra que acaba de ser concluída. O algodão e a soja foram as culturas mais afetadas pela estiagem. O milho, que já estava em estágio de produção mais avançado, sofreu menos quando a seca iniciou em meados de fevereiro desse ano.

Para o diretor do Conselho Técnico da Aiba, Antonio Grespan, quando se faz o balanceamento das variáveis climáticas com as de mercado, a safra 2011/12 pode ser considerada boa. “O Oeste da Bahia é uma região de grandes dimensões e múltiplas características climáticas. Assim, alguns produtores foram mais afetados que outros. A rotação de culturas com milho, e o uso intensivo de tecnologia, absorveu em parte o impacto da seca. Trata-se de uma região consolidada, capaz de superar adversidades como esta e manter seus produtores em atividade”, avalia Grespan.

A falta de água afetou em cheio a produtividade do algodão, que era esperada em 265 arrobas de capulho por hectare e ficou em 204@/ha, 24% menor que em 2010/11. No final, o Oeste da Bahia colheu 1.184.670 toneladas de algodão em capulho (473.599 ton. pluma), contra 1.501.992 registradas na safra anterior, uma redução de 21%. “Esse resultado, mais a pressão dos preços da commodity, freou a euforia pela qual vinha passando a cultura nos últimos dois anos, quando o preço chegou a US$2 por libra-peso, o que se refletiu em um aumento de área da ordem de 50% em 2010/11”, pondera o assessor de Agronegócios da Aiba, Ernani Sabai. Segundo Sabai, para muitos cotonicultores da região, os custos de produção não foram compensados com o resultado final, e a expectativa é de uma redução na área em 2012/13, de cerca de 30%, observadas estimativas da Abapa. Esse número somente será confirmado após a conclusão do primeiro levantamento da Safra 2012/13, que a Aiba divulgará no próximo mês.

De uma maneira geral, o produtor que em 2010/11 colheu 56 sacas de soja por hectare, nesta safra, colheu apenas 48 sacas, uma queda de 14%. A soja foi a segunda cultura mais afetada pela estiagem. A produção fechou em 1.184.670 toneladas, o que equivale a 10% a menos que na safra anterior. Mas, com preços na casa dos US$ 17 o bushel, neste mês de setembro, o ânimo dos produtores se mantém elevado. Apontamentos iniciais de intenção de plantio para a safra 2012/13 já indicam uma possível migração de áreas de algodão e pastagens, assim como novas aberturas para o plantio da oleaginosa em 2012/13. Em 2011/12. O Oeste, que é a única região de plantio de soja da Bahia, dedicou 1,15 milhão de hectares de sua área cultivada para a soja.

Esta foi considerada a maior safra de milho da história do cerrado baiano. A área plantada de 243 mil hectares foi quase 60% maior que 2010/11, em função de uma virada positiva nos preços do cereal, que por muitos anos estiveram em baixa, assim como de ajustes nos mecanismos federais de comercialização e escoamento do milho, que aumentaram a competitividade do produtor do cerrado. Assim, apesar de uma ligeira queda de produtividade (-5%) em relação à safra anterior, o Oeste da Bahia colheu 50% mais milho, saindo de 1.496.340 toneladas em 2010/11, para 2.259.900 em 2011/12.

A situação favorável tornou possível, pela primeira vez à região, embarcar milho para o exterior. A safra do Oeste da Bahia tem como destino, praticamente único, o Nordeste brasileiro. De acordo com o presidente da Aiba, Walter Horita, a seca nos Estados Unidos, a pior dos últimos 60 anos, juntamente com o aumento da demanda mundial, contribuiu para elevar o preço do milho a níveis nunca antes atingidos. “A demanda mundial de milho para o consumo humano e animal aumentou muito. Some-se a isso a matriz energética dos EUA, que produz etanol a partir do cereal”, explica Horita, segundo quem, estoques em baixa e consumo em alta de alimentos, como soja e milho devem se tornar uma preocupação para governos e sociedade. “Somos sete bilhões de pessoas que precisam comer e se vestir, e logo sentiremos com mais intensidade o impacto nos preços finais dos alimentos. É preciso fomentar a tecnologia para aumentar produtividade e também a área de plantio, para atender a esta demanda”, pondera Horita.

O clima seco também afetou o rendimento do café, que teve redução em torno de 9% na produtividade. O cafeicultor do cerrado colheu em média 40 sacas por hectare. Com isso, a produção final ficou em 31.841 toneladas do grão. A área vem se mantendo estável em 13.234 hectares produtivos e, aproximadamente, 2.300 hectares, em formação e/ou renovação.

Participaram da reunião de fechamento, além da Aiba, Adab, Abapa, Abacafé, Fundação Bahia, Sindicato Rural de Barreiras, e Cargill.

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