Seleção genômica é o novo desafio da pecuária brasileira
A cafeicultura familiar, que representa 88% das propriedades cafeeiras baianas e chega a responder por até 40% da produção no estado, está no centro das discussões de quarta-feira (23), último dia do Simpósio Nacional do Agronegócio Café (Agrocafé). O evento teve início na segunda feira (21) e contou com a presença dos mais renomados profissionais da pesquisa, produção, tecnologias, indústria, marketing e políticas para o agronegócio café. Intitulado 1º Seminário Nacional da Cafeicultura Familiar, o encerramento do 12º Agrocafé vai abordar crédito, cooperativismo e assistência técnica. Este ano, a presença dos cafeicultores familiares foi reforçada com caravanas de diversas regiões produtoras de café, que puderam participar graças ao subsídio da Associação Baiana dos Produtores de Café (Assocafé), do Sebrae, Prefeitura Itabela e Universidade do Sudoeste da Bahia (Uesb). O 12º Agrocafé acontece no Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador.
A Bahia tem em torno de 22 mil pequenas propriedades de café, em 167 municípios produtores, na região da Chapada Diamantina, do Planalto da Conquista e na área litorânea (Extremo Sul), onde se planta o conillon. Dentre estas fazendas de agricultores familiares, estão algumas das origens dos melhores cafés do estado, que estão se destacando nos principais concursos nacionais. “Mas são ainda muito poucos, diante do potencial que temos”, diz o coordenador do Programa Café, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Ramiro Amaral, que será um dos palestrantes de hoje no 12º Agrocafé.
Segundo Amaral, a falta de organização do setor, em boa parte, reflexo da baixa renda e escolaridade precária, isola os produtores, tornando a assistência técnica e o crédito menos acessíveis. “Sem associações e cooperativas é mais difícil gerar a demanda pela assistência. “É como se esses produtores não existissem”, diz o coordenador, que explica que a EBDA garante a assistência à demanda das associações já organizadas, às que estão vinculadas ao crédito concedido pela EBDA, através de bancos e convênios, e às que têm acordos estabelecidos com os municípios. “Quanto mais organizados, melhor é a assistência prestada”, diz.
A qualidade e a diferenciação são apontadas com os principais vetores para conseguir o retorno econômico para o cafeicultor familiar. “Uma saca de café sem qualidade custa, em média, R$250. Quando o produto tem qualidade, esta saca sai a R$500”, exemplifica Ramiro Amaral, que informa que o custo médio de implantação de um hectare de lavoura de café, até o terceiro ano, varia entre R$12 mil e R$15 mil.
“A assistência na Bahia tem que ser majoritariamente pública, pois o cafeicultor familiar não tem volume de renda que permita contratar consultores privados. Este atendimento é importante pelo caráter social e econômico que tem. O retorno é elevado em volume de produção, segurança alimentar e fixação do homem no campo”, conclui Ramiro Amaral.
Coopetivismo
Agrupar-se em cooperativas é uma das formas mais tradicionais de agregar força e poder de barganha ao produtor. Mas, na Bahia, o número de cooperativas ainda é irrelevante diante do universo de produtores. Segundo o presidente da Coopmac, Claudionor Dutra, são apenas duas cooperativas consolidadas e uma em fase de implantação.
“Nas áreas onde está a maior parte da cafeicultura baiana, a pobreza impera, a escolaridade é baixa e o produtor não tem renda. Isso cria um ciclo vicioso que compromete a organização. Ele não tem como investir em uma cooperativa, mas, se não investir, fica mais difícil conseguir uma remuneração melhor”, afirma Claudionor. O objetivo do Seminário é fazer uma reflexão sobre o tema e discutir soluções para reverter este quadro.
O 12º Agrocafé é uma realização da Assocafé, juntamente com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Centro do Comércio de Café da Bahia, tendo como patrocinadores o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria da Agricultura (Seagri) e da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (SICM), Ministério da Agricultura (MAPA), Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Sebrae e Petrobras.
Catarina Guedes
Imprensa Agrocafé
(71) 3379-1777
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