Agricultura e floresta podem, sim, andar lado a lado

17.09.2015 | 20:59 (UTC -3)
Abrates

“Sem florestas não há água, sem água não existe agricultura”, enfatiza a engenheira florestal Márcia Balistiero Figliolia. Este é o tom que o Simpósio de Sementes Florestais, coordenado pelo engenheiro florestal Manuel de Jesus Vieira Lima, traz para as discussões do 19º Congresso Brasileiro de Sementes, encerrado nesta quinta (17/9).

Mostrar que o reflorestamento e as atividades agropecuárias podem andar lado a lado e não são assuntos concorrentes, como já se acreditou no passado, é um dos desafios do setor. Ter produtores, pesquisadores e sementeiros reunidos em um mesmo evento é a oportunidade ideal para difundir essas informações. “É muito importante estarmos juntos com o nosso público para sensibilizar sobre a importância de conservar e recuperar as florestas e, principalmente, de que a agricultura e florestas não são antagonistas. Pelo contrário, trabalham juntas com o objetivo de garantir a qualidade de vida do homem e do meio ambiente”, explica a engenheira florestal e participante do Simpósio, Fatima Conceição Márquez Piña Rodrigues.

Hoje, a produção florestal do Brasil se concentra principalmente nas sementes madeireiras, como no plantio de exóticas (Eucalipto e Pinus) ou Teca e Cedro-australiano. Na área de não-madeireiros, o uso das sementes é bastante representativo para extração de óleos, cosméticos, alimentícios e medicinais.

Segundo Piña, o novo código reduziu as áreas disponíveis para restauração, mas não criou um sistema eficiente “de restauração e fiscalização das áreas que se mantem obrigadas a restaurar”. Para a engenheira, isso impactou diretamente nos viveiros, na produção de mudas e, consequentemente, na produção de sementes de espécies nativas, já que, segundo dados levantados pelo LASEM (Laboratório de Sementes e Mudas da UFSCar- campus Sorocaba), 90% da produção de sementes no estado de São Paulo (65% de colheitas próprias dos viveiros) é utilizada na produção de mudas para restauração.

Uma fiscalização mais incisiva por parte do MAPA ajudaria a garantir que as regulamentações previstas no Código Florestal sejam cumpridas, é o que defende Márcia Figliolia. “Se a regulamentação vigente fosse realmente executada, já teríamos um aumento de demanda por sementes florestais considerável e, o mais importante, um crescimento significativo nas áreas recuperadas. Mas para que isso aconteça é preciso fiscalizar”, analisa.

Para Fatima, é importante que o segmento encare o Código Florestal, da maneira como está formulado atualmente e utilize as aberturas permitidas para difundir a silvicultura nacional. “É preciso mostrar que o agricultor pode produzir, sim, em áreas que devem ser recuperadas. Uma alternativa é optar pelo plantio de espécies florestais com potencial de produção, como o Jacarandá Caviúna, que tem um alto valor econômico e pode ser plantado consorciado com pastagem”, exemplifica.

Para concluir, a engenheira florestal ressaltou a importância da parceria com o setor agropecuário nacional. “Existem muitos caminhos e alternativas possíveis para que agricultura e floresta andem lado a lado. Fato que é determinante para garantir a sustentabilidade e potencial produtivo do Brasil. Fato que só aumenta a nossa necessidade de dialogar com o agricultor”.

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