Acav e Sindicarne querem milho do centro-oeste para agroindústria de SC

26.11.2013 | 21:59 (UTC -3)
Assessoria de Imprensa

A produção de milho em Santa Catarina não consegue atender às necessidades da extensa cadeia produtiva de aves e suínos. Por isso, as agroindústrias buscam, a cada ano, cerca de três milhões de toneladas do grão no centro-oeste brasileiro, mas o milionário custo do frete vem ameaçando a competitividade do setor. Por isso, a Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e o Sindicato das Indústrias da Carne no Estado de Santa Catarina (Sindicarne) reivindicam ao Governo Federal a realização de leilões para garantir a oferta de milho com frete subsidiado, de 1,5 milhão de toneladas para Santa Catarina.

O diretor executivo das duas entidades Ricardo De Gouvêa mostra que, ao contrário do ano passado, quando o milho estava escasso e submeteu as agroindústrias a um período de superencarecimento desse insumo, neste ano, há milho em excesso, mas ele está nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Brasil produziu 84 milhões de toneladas, consumiu internamente 55 milhões e exportou outras 18 milhões de toneladas, devendo encerrar o ano com estoque de passagem de 11 milhões de toneladas.

O custo do transporte está castigando as indústrias. A saca de milho que custa entre 11 e 13 reais no centro-oeste, chega ao sul a 25 reais (SC) e 28 reais (RS). A próxima safra será colhida em 90 dias e, até lá, o parque agroindustrial fica totalmente a mercê do suprimento de milho do Brasil central. A situação do Rio Grande do Sul, outro grande produtor de aves, é idêntica.

A indústria de aves do Brasil discute com o governo a realização de leilões específicos para viabilizar o transporte do milho de Mato Grosso até a região sul, onde estão grandes consumidores desse cereal usado na nutrição de aves e suínos.

-“Há milho suficiente no País, o que está havendo é uma falta de leilões para o sul. O governo precisa criar uma política para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os maiores produtores de carne de frango do País. Os dois Estados juntos precisariam de cerca de 1 milhão e 500 mil toneladas para atender a demanda antes da chegada de cereal da safra nova, no começo do próximo ano.”

Gouvêa observa que as deficiências logísticas e a escassez de milho se constituem em dois graves gargalos para o desenvolvimento de Santa Catarina. A necessidade de trazer quase três milhões de toneladas de outras regiões para consumo animal em território catarinense e o custo técnico, financeiro e ambiental dessa operação podem – a médio prazo – inviabilizar as agroindústrias catarinenses.

Lembra que “solucionar a questão milho & logística é a equação para manter em Santa Catarina as agroindústrias. O Estado importa esse cereal do Brasil central por via rodoviária e seu custo está destruindo a competitividade da indústria catarinense de processamento de carnes, mostra Gouvêa, preocupado com os efeitos resultantes do alto custo do frete do milho que vem, principalmente, do Mato Grosso.

PLANO

“No curto prazo pagamos o preço de mercado acrescido de um custo logístico significativo. Mas, a longo prazo, estamos sensibilizando o Governo Estadual na adoção de um plano estratégico para a agroindústria que, neste tópico específico, passa pelo incentivo à construção de silos e armazéns no território barriga-verde, visando manter o milho aqui produzido”.

O executivo da ACAV e do Sindicarne enfatiza que é necessário um grande e caro esforço para importar e transportar esse insumo das regiões produtoras, especialmente o centro-oeste brasileiro, até Santa Catarina. Para transferir três milhões de toneladas de milho são necessárias 100 mil carretas com capacidade padrão para 30 toneladas. Esse transporte custa cerca de 500 milhões de reais, custo absorvido pela indústria catarinense da carne que, por isso mesmo, perde competitividade. “Com esse valor dá para construir uma indústria nova por ano”, compara o dirigente.

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