Fungo aumenta produtividade de milho em 2,4 mil quilos por hectare
O ensaio foi conduzido em campo experimental no município de São Borja (RS), nesta safra, antes do período da seca
Algodão sustentável – chancelado pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e pela Better Cotton Initiative (BCI)–, rastreabilidade da lavoura até a algodoeira, além de qualidade, boa logística de escoamento e competitividade por preço são vantagens dos cotonicultores brasileiros para brigar por mercado e aumentar a presença da pluma nacional na Ásia, em um cenário nada animador, devido aos efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e da pandemia da Covid 19. A conclusão foi consenso entre os participantes do webinar Geopolítica e Comércio: cenários para o algodão brasileiro na Ásia, promovido, na noite de desta segunda (29/06), pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
O debate virtual teve presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, do professor de Agronegócios do Insper, Marcos Jank, do trader suíço residente na China, Thomas Reinhart, além dos presidentes da Abrapa, Milton Garbugio, e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski. O webinar foi mediado pelo diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte. O evento é parte das ações do Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro, firmado entre a Abrapa e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), para a criação de um plano de promoção internacional do algodão brasileiro na Ásia, região que é destino de 90% dos embarques da pluma nacional.
Tão determinante quanto a pandemia, para os participantes, é uma definição da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ao sobretaxar em 25% o algodão americano, a crise entre os dois países abriu uma oportunidade para o Brasil assumir, pela primeira vez, a liderança nas vendas para o gigante asiático. No início deste ano, contudo, a assinatura de um acordo entre as duas potências deveria por um fim à guerra. “O trade deal previa que as exportações americanas iriam chegar a US$ 35 bilhões em 2020, mas, até agora, não chegou a US$ 5 bilhões. Está bem aquém do que foi prometido”, considera Marcos Jank. De acordo com Jank, o Brasil se beneficiou da contenda nos últimos anos, tirando cerca de US$10 bilhões dos americanos no mercado chinês. O fim da sobretaxa de 25% tirou a vantagem do Brasil.
“A presença da Abrapa na Ásia vai cobrir de sete a oito países diferentes. Teremos que atuar no Vietnã, Indonésia, Malásia, Bangladesh, Paquistão, Índia, a partir de Singapura. Vimos que as exportações brasileiras duplicaram nos últimos dois anos, atingindo dois milhões de toneladas, US$ 3 bilhões. O algodão brasileiro está crescendo de maneira muito pronunciada, e a presença física é uma promoção frente aos Estados Unidos, que já exportam há 200 anos. Acredito que, em dez anos, vamos superar o algodão americano em exportações, chegando ao primeiro lugar do ranking”, prevê Jank.
Para Thomas Reinhart, se não houver acordo, o Brasil terá uma vantagem relativa no suprimento de algodão para o mercado chinês. “Mas, sem acordo, a economia chinesa vai sofrer, e a demanda mundial vai diminuir, o que é ruim para todos”, afirmou. Ele acredita que, se a primeira fase do trade deal se concretizar, a China vai comprar basicamente algodão americano. “Nos preços atuais, o Brasil é competitivo frente aos Estados Unidos, mas a demanda das fiações continuará fraca, até o fim da pandemia. Para todos os mercados, e não apenas o asiático”, afirmou. “Por isso, o algodão sustentável ABR/BCI é um grande trunfo do Brasil, especialmente porque a BCI não está mais certificando algodão da região de Xinjiang”, disse Reinhart, referindo-se aos problemas encontrados, especialmente em questões trabalhistas.
A ministra Tereza Cristina enfatizou o trabalho que vem sendo realizado pelo Mapa na abertura e manutenção de mercados fora do Brasil. Segundo ela, são hoje sete adidos da agricultura, e “mais um”, que será baseado em Singapura, onde a Abrapa está em processo de abertura de um escritório de representação, como parte do projeto com a Apex Brasil.
“A pandemia afetou todas as cadeias produtivas, mas, especialmente, a do algodão. A recuperação da China, com redução dos casos de Covid, já justificaria um aumento de importações, apesar de que estamos vendo um movimento diferente da pandemia, com segundas ondas, em lugares que pensamos que já estavam estabilizados, teremos de acompanhar isso muito de perto, para saber o que vem por aí”, pondera.
O esforço em aprimoramento da logística para escoamento da safra, que o Brasil teve de empreender nos últimos três anos, tornou-se, segundo a Anea, um diferencial competitivo, que fortalece o país neste período de crise. “O Brasil conseguiu se organizar e tem uma capacidade de exportação estratégica, uma vez que nosso transit time é mais longo. Essa é a hora de consolidação e fortalecimento. Temos de aproveitar essa oportunidade”, afirmou.
Em sua fala, o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, afirmou que entender de geopolítica é hoje prioridade para o cotonicultor brasileiro. “Por isso, o projeto Ásia é tão importante para Abrapa. Agradecemos o apoio da Ministra Tereza Cristina, do Mapa, do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da Apex, por tornar esta estratégia possível”, afirmou Garbugio.
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