Abitrigo propõe a criação de uma política nacional de desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo

Baseada em eixos estratégicos, a proposta tem como objetivo tornar o Brasil mais competitivo no setor

21.08.2018 | 20:59 (UTC -3)
Kelly Viana

O embaixador Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, apresentou hoje para a imprensa os principais aspectos da Política Nacional do Trigo: um conjunto de propostas baseadas em importantes eixos estratégicos – ambiente legal, produção, incentivos fiscais, ambiente de negócios, comércio internacional, logística e infraestrutura –, que tem como objetivo promover o desenvolvimento da cadeia produtiva, tornando o Brasil mais competitivo no negócio trigo/farinha/derivados.

O trabalho é fruto de debates promovidos pela associação, envolvendo governo, agências reguladoras, organismos internacionais, academia, sindicatos, entidades empresariais, parceiros potenciais e mídia, bem como representantes da produção, cooperativas, indústria, pesquisa, cerealistas, insumos, tradings e entidades representativas do segmento. O documento com os principais pontos da Política Nacional do Trigo será entregue aos candidatos à presidência da República e posteriormente uma versão mais detalhada ao presidente eleito.

Os alimentos à base do cereal, como pães, macarrão, biscoitos e bolos, estão presentes em 100% dos lares brasileiros e são fundamentais para a composição da cesta básica da população. Toda a cadeia que envolve o grão gerou um volume de renda (PIB) para a sociedade brasileira de R$ 25,3 bilhões (dados da FGV/2016) e cerca de 350 mil empregos em 2017 (PNAD-Contínua do segundo trimestre). Também no último ano, os moinhos brasileiros processaram 10,6 milhões de toneladas de trigo, dos quais 50% de origem importada, e colocaram um total de 8 milhões de toneladas de farinha no mercado, atingindo um consumo per capta de 40,6 kg, índice baixo em comparação com outros países.

De acordo com Barbosa, o principal entrave para o crescimento do setor é a falta de políticas estratégicas para o desenvolvimento da cadeia, que se inicia com o fornecimento de insumos, passa pela produção agrícola nacional, pelos moinhos e pela indústria de transformação. "A associação está engajada na proposição de iniciativas para o crescimento sustentável do setor. Queremos contribuir para a criação de políticas que valorizem nossos produtos, fortaleçam a agroindústria e beneficiem o consumidor brasileiro. Questões que envolvem o trigo, como inovação, importação, consumo, produção, saudabilidade e sustentabilidade, por exemplo, merecem ser tratadas de uma forma diferente e prioritária", diz.

A proposta da Política Nacional do Trigo apresentada hoje pela associação está baseada em eixos estratégicos, discutidos e aprovados no Congresso Internacional do Trigo, promovido pela Abitrigo em 2017. São eles:

AMBIENTE LEGAL: um programa regulatório eficaz, ágil e estruturado em uma abordagem de avaliação de risco baseada na ciência de gestão de segurança alimentar, é fundamental para a credibilidade do Brasil como fornecedor confiável de alimentos seguros. Neste eixo estão boas práticas regulatórias; eficiência e agilidade, oferta e demanda sintonizadas; revisão de normas e procedimentos dos órgãos reguladores.

PRODUÇÃO: a triticultura é uma atividade que vem buscando estabilidade na rentabilidade e competitividade, mas é preciso acelerar esse processo para chegar onde outras atividades brasileiras alcançaram. É importante levar em conta a previsibilidade e a liquidez nos sistemas de produção; regionalização e especialização; ampliação da área plantada e diversificação regional; e apoio à pesquisa no combate à Brusone e Giberela, com desenvolvimento de variedade de sementes resistentes.

INCENTIVOS FISCAIS: o ambiente atual não privilegia a eficiência e a qualidade na alocação de recursos e novos investimentos, somado a insegurança jurídica e econômica. É importante criar políticas públicas que valorizem a eficiência produtiva e a segurança alimentar; ter um mercado livre que se autorregule; isonomia tributária; revisão dos incentivos fiscais em vigor.

AMBIENTE DE NEGÓCIOS: os esforços, metas e resultados devem ser estabelecidos de forma integrada com a cadeia produtiva e com isonomia entre as instituições. Foco em governança estratégica e participativa; simplificação e desburocratização e segurança jurídica.

COMÉRCIO INTERNACIONAL: o mercado internacional é agressivo e competitivo e os acordos comerciais exigem agilidade nas operações e uma busca contínua por diferenciais competitivos. É fundamental trabalhar na convergência regulatória e atualização de processos; modernização dos portos e da cabotagem.

LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA: são pontos recorrentes e prioritários em debates quando se discute competitividade. Destaque para eficiência de escoamento e segregação (seleção); modernização nos processos e sistemas; investimentos em operações de logística e modais.

A Política Nacional do Trigo dará o tom da edição 2018 do Congresso Internacional da Indústria do Trigo, cujo tema é Semeando nosso futuro: Política Nacional do Trigo. O evento acontecerá entre os dias 23 e 25 de setembro em Foz do Iguaçu (PR).

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