Relatório do IPCC reacende importância sobre uso de sementes geneticamente modificadas na agricultura
Goiás será o próximo Estado a receber a campanha nacional de conscientização Boas Práticas Agronômicas em Biotecnologia, promovida pela Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas). O objetivo é orientar os agricultores sobre a importância do Manejo Integrado de Pragas para a manutenção das tecnologias Bt (plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos) nas lavouras de milho, soja e algodão. A entidade irá promover uma palestra sobre o assunto no dia 9 de abril, quarta-feira, às 16h, durante o evento TECNOSHOW COMIGO, no município de Rio Verde.
Durante a palestra, que acontecerá no auditório 2 do evento, o entomologista José Magid Waquil explicará didaticamente os cuidados necessários à preservação das tecnologias Bt, que possibilitam a racionalização do uso de defensivos, bem como a proteção do potencial de rendimento da lavoura. “A conscientização dos agricultores é fundamental. A capacidade da ciência não é infinita e o produtor deve entender que precisa fazer a parte dele”, resume o consultor.
O superintendente executivo da Abrasem, José Américo Pierre Rodrigues, esclarece que a adoção de práticas como áreas de refúgio, dessecação antecipada, controle de plantas daninhas e voluntárias, tratamento de sementes, monitoramento de pragas, uso de controle químico quando necessário e rotação de culturas é essencial para evitar o processo de seleção de insetos-praga resistentes às toxinas produzidas pelas plantas geneticamente modificadas e preservar a eficiência e o potencial das tecnologias Bt, evitando prejuízos à lavoura.
Coordenada pela Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS), a campanha institucional Boas Práticas Agronômicas em Biotecnologia é resultado de um grupo de trabalho da Abrasem, com a participação de técnicos das empresas produtoras de sementes. Além do “road show” com palestras ministradas por consultores, que percorrerão as principais regiões produtoras do Brasil até o mês de junho, a ação conta com a distribuição de manual técnico e anúncios em veículos especializados. Outra importante ferramenta é o site do projeto, que pode ser acessado no endereço www.boaspraticasogm.com.br e traz todas as informações necessárias para o agricultor, incluindo dados técnicos, além de artigos e a programação de palestras.
O projeto de 2014 foi iniciado em fevereiro, em Cascavel (PR), e já contou também com encontros em Chapecó (SC), Ponta Grossa (PR), Não-Me-Toque (RS) e Lucas do Rio Verde (MT). Após Goiás, a caravana prosseguirá com encontros com agricultores em cidades de Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia.
A campanha deste ano representa a evolução de um trabalho de conscientização iniciado em 2009. Até a última edição, encerrada em dezembro de 2013, as ações focaram especificamente a produção de milho Bt. “Em 2014, ano em que está sendo lançada no Brasil a tecnologia Bt para a cultura da soja, resolvemos ampliar a abrangência do nosso trabalho não só para a soja, mas também para o algodão, cultura na qual o uso da tecnologia Bt aumentou consideravelmente e hoje já representa cerca de 50% das sementes plantadas”, afirma Cássio Camargo, diretor executivo da APPS. Ele acrescenta que, na cultura do milho, a tecnologia já responde por mais de 80% das sementes comercializadas no país.
Na opinião de Camargo, a conscientização dos produtores é fundamental. “É necessário o empenho do agricultor em seguir as práticas do manejo integrado de pragas para podermos postergar o aparecimento de raças de insetos resistentes à tecnologia Bt e continuarmos usufruindo do avanço que ela representa para o Brasil”, resume.
Sobre a tecnologia Bt
As plantas Bt são obtidas por meio de modernas ferramentas da biotecnologia, que permitem a inserção de genes específicos da bactéria Bacillus thuringiensis, os quais promovem a expressão de proteínas com ação inseticida durante o ciclo da cultura. Ao serem ingeridas pelas lagartas, essas proteínas se ligam na parede do intestino, causando danos ao sistema digestivo e levando à morte. Mesmo com a produção contínua das toxinas ao longo do ciclo, as plantas Bt podem não controlar todas as pragas existentes, pois na população destas podem existir indivíduos naturalmente resistentes. Daí a importância do manejo integrado, que associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie utilizando todas as técnicas e métodos apropriados para manter a população da praga em níveis abaixo daqueles que ocasionam dano econômico.
Conheça as práticas de manejo integrado:
1 – Dessecação antecipada – As culturas antecessoras, assim como as plantas daninhas e voluntárias presentes no ambiente, funcionam como plantas hospedeiras para as principais pragas que atacam a cultura na fase inicial, podendo influenciar a espécie predominante e a pressão inicial das pragas. Assim, no sistema de plantio direto, a pressão de pragas na fase inicial pode ser maior quando comparada ao sistema de plantio convencional. A dessecação antecipada da cobertura vegetal tem como objetivo disponibilizar palhada seca sobre o solo, facilitando a operação do plantio e promovendo a proteção ao solo. O momento ideal das aplicações de herbicida pode variar de acordo com as condições climáticas e o sistema de plantio utilizado.
2 – Tratamento de sementes – O tratamento de sementes tem como finalidade o controle de pragas subterrâneas e iniciais da cultura, período de grande suscetibilidade às pragas. Os danos causados por essas pragas resultam em falhas na lavoura devido ao ataque às sementes após a semeadura, danos às raízes após a germinação e à parte aérea das plantas recém-emergidas.
3 – Implementação das áreas de refúgio – Áreas de refúgio são áreas da cultura que não possuem a tecnologia Bt e que servem como fornecedoras de insetos suscetíveis que irão se acasalar com os insetos resistentes oriundos das áreas Bt. O resultado desse cruzamento serão insetos suscetíveis e, portanto, controlados pela tecnologia Bt. Dessa forma, a suscetibilidade poderá ser transmitida para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade da eficácia do controle.
4 – Controle de plantas daninhas e voluntárias – Algumas plantas daninhas podem ser importantes hospedeiras para insetos pragas das culturas subsequentes, permitindo que uma quantidade significativa de insetos sobreviva nas áreas de cultivo no período de entressafra. Além disso, ervas daninhas podem ser fonte de lagartas em instares mais avançados, as quais apresentam maior dificuldade de controle pelas tecnologias Bt. Algumas práticas podem contribuir para o controle eficaz das ervas daninhas, assim como para a prevenção da resistência aos herbicidas.
5 – Monitoramento de pragas e tomada de decisão – O monitoramento de pragas na lavoura é fundamental na tomada de decisão. Essa prática determina a situação das pragas na cultura, avalia os danos e prejuízos que podem estar ocorrendo e define o momento da aplicação de inseticida. Assim, o monitoramento constitui-se na base de todo e qualquer programa de manejo integrado, devendo ser uma prática rotineira.
6 – Rotação de Culturas – A rotação de culturas consiste em alternar o plantio de diferentes espécies na mesma área agrícola. A escolha das espécies deve levar em consideração fatores econômicos, pragas, doenças e adubação, entre outros. Para a obtenção da máxima eficiência na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar, preferencialmente, plantas comerciais e, sempre que possível, associar espécies que produzam grandes quantidades de biomassa e de rápido desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais.
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