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Pesquisadores da Embrapa realizam Reunião Técnica em Belo Horizonte-MG para apresentar e validar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) a ser utilizado para o consórcio milho-braquiária no Estado de Minas Gerais.
A solenidade ocorreu em Belo Horizonte na Superintendência Federal de Agricultura Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SFA-MG) e contou com a presença de membros do Comitê Gestor do Plano ABC- Minas Gerais, representantes de produtores rurais, agentes financeiros e do chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, Lauro José Moreira Guimarães.
A metodologia Zarc foi apresentada pelo pesquisador Fernando Antônio Macena da Silva, da Embrapa Cerrados. "O Zarc é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa para auxiliar os produtores na escolha da melhor época de plantio e semeadura", disse Macena. O método de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) foi desenvolvido pela Embrapa e por parceiros, e é aplicado no Brasil oficialmente desde 1996, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é uma ferramenta de análise de risco, que considera a variabilidade climática, características de solo e características ecofisiológicas da cultura. Também permite quantificar o risco para cada época de semeadura e para cada local.
Macena ressaltou que por ser um instrumento indireto de transferência de tecnologia, o Zarc tem grande potencial de expansão quando inclui aspectos regionalizados e outros sistemas de produção. "O Zarc contribui para o aumento da produtividade agrícola e para a racionalização do crédito agrícola, redução de perdas, proteção do solo e do meio ambiente", disse.
Na reunião foram apresentados os dados pesquisados referentes ao consórcio milho-braquiária no Estado de Minas Gerais aos parceiros do grupo gestor. Neste sistema, o Zarc busca indicar datas ou períodos de semeadura do milho consorciado com a braquiária por município, considerando a característica do clima, o tipo de solo e ciclo da cultivar. Desse modo, evita que adversidades climáticas coincidam com a fase mais sensível das culturas e minimiza as perdas agrícolas.
"A presença do grupo para validação dos dados é relevante para que juntos possamos sugerir as melhorias necessárias ao sistema. Com a experiência de campo que vocês têm em Minas Gerais, poderemos juntos concluir as informações, para que as portarias do Ministério da Agricultura sejam publicadas de forma mais assertiva. Este é um instrumento de política pública para fomentar o custeio agrícola. O produtor só tem acesso ao crédito rural se seguir as orientações dos Zarc. Por isso, é importante a participação de vocês para esta validação e orientações aos agricultores", orientou Macena.
O pesquisador ressaltou também o conceito do sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), considerado para a pesquisa do Zarc. A ILPF pode ser utilizada em diferentes configurações, combinando-se dois ou três componentes em um sistema produtivo. Em pesquisa encomendada pela Rede de Fomento ILPF, realizada pelo Kleffmann Group, na safra 2015/2016 estimou-se que o Brasil conta com 11,5 milhões hectares com sistema integrados de produção agrícola, o que corresponde a 20% da área agrícola do País. E Minas Gerais tem 5,45% da área agrícola do estado utilizando ILPF, correspondente a 1.046.878 ha.
Conforme cita o Mapa, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático foi usado pela primeira vez na safra 1996, para a cultura do trigo. Recebe revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do ministério. Atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático já contemplam 40 culturas, sendo 15 de ciclo anual e 24 permanentes, além do zoneamento para o consórcio de milho com braquiária, alcançando 24 Unidades da Federação. Para fazer jus ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar as recomendações desse pacote tecnológico. Além disso, alguns agentes financeiros já estão condicionando a concessão do crédito rural ao uso do zoneamento.
Na atualidade, o Zarc é implementado anualmente por meio da seguinte estrutura: coordenação (Mapa); metodologia (Embrapa); e aplicação (Embrapa). Os usuários diretos são os produtores e os agentes vinculados ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária - Proagro, ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária da Agricultura Familiar - Proagro Mais, e as seguradoras.
São utilizados como parâmetros de entrada dados sobre clima (chuvas, evapotranspiração de referência, temperatura mínima a cada período de 10 dias), solo (profundidade efetiva do sistema radicular e capacidade de armazenamento de água) e da cultura do milho (ciclo, fases da planta, coeficiente de cultura para consumo de água e profundidade do sistema radicular). Esses parâmetros geram o Índice de Satisfação de Necessidade de Água (ISNA) para as fases críticas da cultura, que no caso do milho são a de plantio/emergência e de florescimento e frutificação.
Para a indicação das datas de plantio em decêndios (períodos de 10 dias), a metodologia leva em conta o ciclo da cultura (precoce, médio ou tardio) e classifica os solos de acordo com a textura - arenosa (teor de argila entre 10% e 15% e baixa capacidade de retenção de água), média (15% a 35% de argila e média capacidade de retenção de água) ou argilosa (35% ou mais de argila e alta capacidade de retenção de água).
Essas informações baseiam os mapas do Zarc, que apontam o risco climático do plantio/semeadura a cada decêndio nas diferentes regiões do País. O risco pode variar de 80% (oito anos de sucesso do plantio a cada 10 anos), 70% (sete anos de sucesso a cada 10 anos) ou 60% (seis anos de sucesso a cada 10 anos). O pesquisador demonstrou o uso da ferramenta simulando os riscos de plantio dos milhos safra e safrinha em consórcio com a braquiária em diferentes decêndios, considerando alguns ciclos (precoce e médio) e tipos de solos (médio e argiloso). Macena explicou que as séries de decêndios são atualizadas visando contemplar veranicos e eventos climáticos adversos, como os fenômenos El Niño e La Niña, que produzem diferentes efeitos de acordo com a região do Brasil.
A metodologia desenvolvida pela Embrapa, tem sua aplicação coordenada pelo Ministério da Agricultura, por meio de Portarias que normatizam sua utilização pelos agricultores. Após receber considerações e relatório do público presente, Fernando explicou que enviará o documento final, com as sugestões recebidas para o Comitê Gestor do Zoneamento Agrícola de Risco Climático da Embrapa. Em seguida, o documento final será encaminhado para o Mapa, que fará a publicação da portaria regulamentadora do Zarc.
Após a apresentação do Zarc para o consórcio milho-braquiária para Minas Gerais, o pesquisador Miguel Marques Gontijo Neto apresentou o aplicativo Zarc - Plantio Certo, lançado recentemente pela Embrapa. O app recupera informações úteis para o gerenciamento da produção de culturas agrícolas.
O aplicativo móvel Plantio Certo foi desenvolvido para que o produtor possa acessar de forma prática dados do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), e verificar as melhores datas de plantio de 43 culturas no Brasil. Por meio de quatro variáveis: município, tipo de solo, cultura e ciclo da planta, o sistema apresenta a época do ano mais indicada para a semeadura e as taxas associadas de risco de perdas - até 20%, 30% e 40%.
Além de trazer as informações do Zarc, o aplicativo contempla dados disponibilizados pelo sistema Agritempo e pela plataforma AgroAPI Embrapa, oferecendo análises mais detalhadas sobre as condições de armazenamento de água no solo a partir da data de semeadura informada pelo usuário. Também é possível visualizar os dados sobre precipitação, número de dias sem chuvas e as temperaturas mínima e máxima, por decêndios. O aplicativo Zarc - Plantio Certo foi desenvolvido para o sistema operacional Android e está disponível gratuitamente na loja de aplicativos da Embrapa.
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