XVI Seminário Nacional de Milho Safrinha marca três décadas desse cultivo com tecnologia
Evento será virtual, nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2021; realização é do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, e do Centro de Desenvolvimento do Vale do Paranapanema (CDVALE)
11.11.2021 | 14:41 (UTC -3)
Carla Gomes/Assessoria de imprensa IAC
Na agricultura, diante dos desafios trazidos por fatores climáticos e/ou cenários econômicos, as informações e os pacotes tecnológicos gerados pelas instituições de ciência tornam-se ainda mais relevantes. São as orientações de especialistas que podem auxiliar os setores de produção no enfrentamento das dificuldades, de modo a reduzir perdas e manter produtividade agrícola, qualidade dos produtos e rentabilidade. Exemplo de transferências de tecnologias que sustentam a agroindústria está no XVI Seminário de Milho Safrinha 2021, que será virtual, nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2021, sempre no período da manhã. A realização é do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, e do Centro de Desenvolvimento do Vale do Paranapanema (CDVALE).
Por conta da pandemia da COVID-19, a abertura do Seminário, no dia 22, será restrita a autoridades, com transmissão online, e terá uma conferência sobre o tema "Impacto da Safrinha e Perspectivas do Mercado de Milho no Brasil". O público participante terá acesso a estandes virtuais e vídeos exclusivos sobre a cultura. Todas as informações do evento estão no site do evento. Este ano, o Seminário tem como slogan "Três décadas de inovações: avanços e desafios", comemorando 30 anos do milho safrinha com tecnologia desenvolvida no Brasil pelo IAC e também celebra o retorno do evento à região de origem do milho safrinha com tecnologia. O Seminário tem apoio das seguintes instituições: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Consórcio Intermunicipal do Vale Paranapanema (CIVAP), Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CATI-CDRS), Cooperativa Agropecuária de Pedrinhas Paulista e Coopermota.
De acordo com o pesquisador do IAC e coordenador do evento, Aildson Pereira Duarte, em 30 anos esta modalidade de cultivo teve a produtividade média triplicada, passando de 2 toneladas por hectare para 6 toneladas por hectare. A área, que antes era inexpressiva, saltou para 15 milhões de hectares. "Nos melhores anos, a produção do milho safrinha (ou segunda safra) esteve próxima de 75 milhões de toneladas correspondendo a ¾ de todo o milho produzido no país", comenta Duarte.
No entanto, nesta safra 2020/21, em decorrência do atraso na semeadura e dos eventos climáticos adversos, a produção do milho safrinha reduziu de 75 milhões para 59 milhões de toneladas, frustrando as expectativas de exportação, com queda de 37% em relação à temporada anterior. Segundo o pesquisador, a seca em quase todas as regiões produtoras e as geadas no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul levaram a essa queda. "Os preços do milho, como os da soja e dos demais produtos de exportação, subiram acentuadamente, dado à desvalorização do real, atrelado ao crescimento da demanda mundial, notadamente da China, que passou à condição de maior importadora mundial de milho", explica. No mercado interno, o milho continua sendo usado principalmente para alimentação animal, para onde são destinados cerca de 66% do grão, e na indústria de derivados, que consome outros 26%, aproximadamente.
Duarte relata que o cultivo do milho safrinha, após a soja, contribuiu com o aumento da renda dos agricultores brasileiros, que colhiam grãos apenas no verão. "Mais da metade da área destinada à soja no verão, hoje é ocupada pelo milho safrinha no inverno. Consequentemente, o Brasil, que beirava o limite da autossuficiência, saltou para o terceiro maior produtor e exportador mundial do cereal", complementa.
Há cerca de 30 anos, os agricultores pioneiros tinham apenas a semente como insumo. Ainda assim, eram de cultivares pouco adaptadas a essa modalidade de cultivo. "O Médio Paranapanema destacou-se no cenário nacional como a primeira região que investiu e obteve altas produtividades em milho safrinha, demonstrando que esta nova modalidade de cultivo tinha vindo para ficar", relata o pesquisador do IAC. As tecnologias apropriadas para o cultivo do milho safrinha foram desenvolvidas a partir do início da década de 1990, quando o IAC implantou, na região do Médio Paranapanema, a primeira rede de pesquisa para esta modalidade de cultivo.
O pesquisador ressalta que o Seminário Nacional de Milho Safrinha é o principal evento desse cultivo no Brasil. Criado pelo Instituto Agronômico, em 1990, o Seminário teve suas quatro primeiras edições realizada em Assis, interior paulista, região produtora de milho safrinha. Em 2005, o evento voltou ao seu local de origem, onde também será realizado este mês. O Centro de Desenvolvimento do Vale do Paranapanema (CDVALE) é parceiro do IAC desde a edição inaugural do Seminário. "A projeção nacional do evento se deu a partir da sua sexta edição, em 2001, quando o milho safrinha já tinha atingido 2,5 milhões de hectares. Naquele ano, o evento passou a ser promovido pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), comenta o organizador.
O que é o milho safrinha?
O milho safrinha é definido como o milho cultivado em condição de sequeiro - sem irrigação -, semeado na segunda safra, em sucessão de culturas, quase sempre depois da soja. A implantação das lavouras ocorre de janeiro a março e a colheita, de junho a agosto, dependendo principalmente da região. No mercado de milho, é a modalidade de cultivo mais importante no Brasil, desde 2012, suplantando o milho verão. "Sua expansão se deu no início dos anos 1990, nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, notadamente no Médio Paranapanema", comenta o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Atualmente, os principais estados produtores são, em ordem decrescente, Mato Grosso, que é o maior produtor e exportador nacional, Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. "Nem todas os estados produtores de milho na safra de verão (ou primeira safra) cultivam o milho safrinha, como é o caso do Rio Grande do Sul, que é inapto por apresentar clima muito frio no inverno", diz Duarte.