Abertas as inscrições para Congresso Brasileiro de Gestores da Agropecuária
Evento será realizado, em novembro, na capital federal. O objetivo é debater e integrar as políticas públicas da União, dos estados e dos municípios para o setor
Um grupo formado por diferentes setores do complexo agroindustrial da canola esteve visitando lavouras no Paraná e no Rio Grande do Sul, nos dias 28 de agosto e 03 de setembro. Apesar da incidência de geadas ao longo do inverno, os danos foram localizados e não deverão comprometer a safra de canola, estimada em quase 50 mil toneladas.
No Paraná a área de canola tem encolhido desde 2015, quando chegou aos 7.900 hectares (CONAB). Nesta safra, a área de cultivo está estimada em 900 hectares e, apesar de geadas intensas em alguns locais e a seca durante todo o desenvolvimento da cultura, a expectativa de colheita é superar os 1.500 quilos por hectare (kg/ha).
De acordo com o pesquisador da FAPA/Agrária Juliano Almeida, é grande a oscilação em termos de área e produtividade da canola ao longo dos anos, mas nos resultados dos experimentos, conduzidos há mais de 10 anos no Paraná, é possível verificar ganhos com a canola no sistema de rotação de culturas. “A canola precisa ser avaliada no sistema de produção, considerando os possíveis benefícios para os cultivos subsequentes, com potencial da canola adicionar ganhos de rendimentos na soja e no trigo, por exemplo”, explica Juliano.
Durante o evento chamado de “Giro Técnico da Canola”, realizado dia 28/08, o grupo visitou também dois produtores, assistidos pelo agrônomo da Cooperativa Agrária Rodrigo Ferreira. Na Fazenda Lagoa Dourada, em Candói/PR, o produtor Roberto Sattler utiliza híbridos de canola com ciclo mais precoce. Mesmo com dano de geada, o produtor considera a canola uma boa alternativa para cultivo de outono. Na Fazenda Juquiá, em Cantagalo/PR, André Milla e o filho Felipe mostraram a importância da canola para a agricultura conservacionista. Foi aberta uma trincheira no solo apresentando grande profundidade das raízes da canola capaz de prevenir a compactação do solo e favorecer os cultivos subsequentes.
No Rio Grande do Sul, onde está 92% do cultivo de canola, a Associação Brasileira de Produtores de Canola (Abrascanola) organizou uma visitação às lavouras em formato de rally no dia 03/09. Em Santo Ângelo/RS, o produtor Pedro Cargnelutti apresentou o manejo adotado na lavoura, com cuidados no escalonamento de semeadura para reduzir o risco de perdas por geadas.
O produtor Jorge Dal Berto Rapachi também avalia estratégias para proteger os 120 hectares de canola em cultivo em Giruá/RS. Mesmo com a ocorrência de três eventos de geadas na área, a expectativa é de rendimento de 25 sacos por hectares (1.500 kg/ha).
Apesar dos desafios, o pesquisador Marcos Carrafa, do Setrem, em Três de Maio/RS, avalia a importância da canola no sistema produtivo: “A canola complementa o sistema produtivo, junto com o trigo, o milho, a soja. É preciso avaliar a rotação e não apenas a cultura isolada”, explica o pesquisador que conduz experimentos com canola na região noroeste do RS desde 2002. “Não podemos copiar a tecnologia, mas adequar a canola a cada região, a cada realidade local”, conclui.
Regionalizar os conhecimentos é a proposta da Embrapa Trigo. Segundo o analista Paulo Ernani Ferreira, é preciso incentivar os produtores e a assistência técnica a conduzir experimentos locais e difundir os resultados. “Existe muito conhecimento sendo gerado em nível local que precisa chegar ao produtor. Somente no Rio Grande do Sul podemos identificar três regiões bem distintas de cultivos, com características de clima, altitude, relevo e solo bem variados. Não é possível empacotar o sistema de cultivo de canola sem adaptações às particularidades regionais”, avalia Ferreira.
A área de canola no Brasil nesta safra é de 35 mil hectares (CONAB, set2019), com estimativa de produção de 50 mil toneladas.
De acordo com o Presidente da Abrascanola Vantuir Scarantti, apesar de algumas áreas sofrerem danos devido as geadas, a maioria das lavouras registra bom desenvolvimento e a expectativa é de produtividade média de 1.500 quilos por hectare. A colheita deverá iniciar nos próximos dias, com previsão de encerrar ainda no mês de setembro. “O custo de produção ficou em torno de 15 sacas por hectare, o que deixa a canola como uma opção interessante de rotação de cultura e de renda para o produtor neste período do ano, uma vez que muitos contratos já são fechados com empresas antes mesmo da implantação das lavouras”, avalia Vantuir, destacando que a demanda brasileira de óleo comestível necessita do equivalente à 100 mil hectares de canola. Assim, a Abrascanola busca incentivar os produtores a investirem mais neste cultivo para suprir uma maior parte do consumo nacional e diminuir a necessidade da importação.
“Como a canola tem uma cadeia produtiva ainda pequena, foi possível reunir todos os segmentos e atores interessados na cultura, com diversidade para discutir aspectos econômicos, comerciais e tecnológicos durante os encontros. A troca de informações é necessária para aprimorar o sistema de produção posicionando a canola num encaixe que traga renda ao produtor”, finaliza o pesquisador da Embrapa Trigo, Jorge Gouvêa.
A série de visitas a produtores e instituições de pesquisa foi promovida pela Abrascanola, com o apoio da Cooperativa Agrária Agroindustrial/FAPA, Advanta, Atlântica Sementes, Celena Alimentos, De Sangosse, Ihara, Produtiva e Embrapa.
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