Uso de bioinsumos avança e movimenta R$ 4,35 bilhões no Brasil

Kynetec aponta alta de 18% nas vendas e maior presença dos biodefensivos nas grandes culturas no ciclo 2024/25

13.11.2025 | 10:08 (UTC -3)
Fernanda Campos, edição Revista Cultivar

Os defensivos agrícolas de matriz biológica totalizaram R$ 4,35 bilhões em vendas no Brasil na safra 2024/25, crescimento de 18% ante 2023/24 (R$ 3,692 bilhões). É o que aponta o levantamento FarmTrak Bioinsumos, divulgado anualmente pela Kynetec. 

Seis culturas concentram atualmente as vendas de bioinsumos no país: soja, 48% do total (R$ 2,088 bilhões), milho verão e segunda safra, 31% (R$ 1,35 bilhão), cana-de-açúcar, 12% (R$ 522 milhões), algodão, 4% (R$ 174 milhões), café, 3% (R$ 130 milhões) e hortaliças-frutíferas, 2% (R$ 87 milhões).

Felipe Abelha, especialista em pesquisas da Kynetec, destaca que os bioinsumos correspondem hoje a quase 5% do total movimentado pelo setor de proteção de cultivos no Brasil, em torno de R$ 100 bilhões anuais. Segundo o executivo, o mercado brasileiro de bioinsumos quase quadruplicou desde 2020, quando era da ordem de R$ 1 bilhão. “Produtores buscam meios inovadores para complementar o manejo e também registramos uma ‘enxurrada’ de novas marcas e produtos biológicos na safra”, afirma. 

Na soja, as vendas de bioinsumos subiram de R$ 560 milhões para R$ 2 bilhões em cinco anos. Outra cultura que chama a atenção pelo desempenho dos produtos, no mesmo período, é a do milho na segunda safra, com transações que saíram de R$ 100 milhões para R$ 1,1 bilhão.

Conforme o especialista, os principais impulsionadores do crescimento sustentado dos bioinsumos são o desenvolvimento de resistência de pragas e doenças a produtos químicos e a variação de preços dos insumos convencionais. Pesam ainda a favor dos defensivos biológicos a facilidade para a regulamentação de produtos e exigências específicas interpostas por órgãos internacionais, relacionadas a parâmetros de segurança na produção agrícola de exportação.

Números e destaques entre bioinsumos

Bionematicidas aparecem na primeira posição do ranking da Kynetec de bioinsumos mais comercializados no país em 2024/25. Equivaleram a 44% do mercado ou R$ 1,926 bilhão, contra R$ 1,573 bilhão do ciclo 2023/24. 

Bioinseticidas vêm a seguir no levantamento: 39% ou R$ 1,687 bilhão, face a R$ 1,628 bilhão da temporada anterior. Terceira categoria mais demandada, a dos biofungicidas preencheu 17% do total na última safra, R$ 735 milhões, frente a R$ 491 milhões do período passado.

“Bionematicidas permaneceram na dianteira do mercado, em linha com a série histórica. Sua utilização na temporada 2024/25 se deu principalmente sobre o grupo de organismos ‘Bacillus spp’”, comenta Abelha. “Neste caso, necessário ressaltar ainda o crescimento de vendas de R$ 711 milhões da categoria medido nos últimos cinco anos. Nematicidas biológicos se consolidaram como principal solução no controle de nematoides, à frente, inclusive, dos químicos”, aponta.

Ainda de acordo com Abelha, o FarmTrak também mostrou crescimento significativo dos biofungicidas. Os produtos responderam por 21% ou aproximadamente 17 milhões de hectares de toda a área potencial tratada (PAT) com biológicos no Brasil, da ordem de 83 milhões de hectares. “Em valor, a categoria teve alta de 41% (R$ 735 milhões)”, reforça o executivo.

“Doenças provocadas por fungos ajudaram bastante a impulsionar o mercado de bioinsumos em 2024/25”, diz Abelha. “Esse avanço tem relação com a incorporação de manejos de doenças tais como manchas e ferrugens, principalmente ferrugem da soja”, avalia. 

Já entre os bioinseticidas, assinala o executivo, ganhou tração em 2024/25 o subsegmento para controle de lagartas, marcadamente o de produtos à base de ‘baculovírus’. “A pesquisa observou ‘escape’ de pragas nas grandes culturas, incluindo maior pressão de lagartas, decorrente da redução na efetividade das chamadas biotecnologias de última geração utilizadas no país”, explica.

Tendência de adesão

Conforme conclui o novo FarmTrak Bioinsumos da Kynetec, há uma tendência crescente no país de adesão de agricultores a insumos de matriz biológica. “Nos últimos cinco anos, a área potencial tratada com esses produtos (PAT) passou de 21,9% para 46,7% nos principais cultivos, uma alta representativa. Em Goiás e no Mato Grosso, por exemplo, grandes estados produtores, os níveis de adoção já superam 50% da área cultivada”, conclui Abelha.

Segundo a Kynetec, o levantamento FarmTrak Bioinsumos 2024/25 resultou de 13 mil entrevistas, realizadas pessoalmente com produtores de toda a fronteira agrícola brasileira.

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