Unidades da Embrapa fortalecem pesquisas para produção de biocombustíveis

26.05.2011 | 20:59 (UTC -3)
Liliane Castelões

Um importante passo foi dado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o avanço nas pesquisas para a produção de biocombustíveis. Nesta quarta-feira (25) foi inaugurado o Núcleo de Apoio a Culturas Energéticas – NACE. Construído a partir de uma parceria entre a Embrapa Agroenergia e a Embrapa Cerrados, com financiamento parcial da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o Núcleo, instalado nos campos experimentais da segunda Unidade, servirá de apoio aos trabalhos de experimentação e de desenvolvimento de tecnologias agronômicas, industriais e estudos transversais relativos às cadeias produtivas de etanol e biodiesel.

“Esse é um exemplo de parceria interinstitucional, de desejo e de compromisso de duas Unidades da Embrapa em contribuir para o aumento da produtividade e de tecnologias para obtenção de produtos energéticos”, destacou o Chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães. Para o Chefe-geral da Embrapa Cerrados, Wenceslau Goedert, “o grande desafio será o desenvolvimento de tecnologias que permitam a produção sustentável, em escala comercial, da grande variedade de espécies vegetais com potencial para agroenergia”.

De acordo com o Termo de Cooperação, assinado durante a inauguração do NACE, caberá à Embrapa Cerrados desenvolver tecnologias agronômicas, tais como, sistemas de produção e o melhoramento genético das espécies pesquisadas, entre elas, pinhão-manso, dendê, macaúba, cana-de-açúcar e forrageiras. A Embrapa Agroenergia irá analisar a qualidade das matérias-primas oriundas das pesquisas agronômicas, estabelecer as especificações técnicas e desenvolver os processos industriais de conversão de biomassa em biocombustíveis e outras formas de energia. Em conjunto, as Unidades realizarão os estudos transversais, incluindo os balanços de energia, de emissão e fixação de carbono e gases de efeito estufa, além da viabilidade econômica das tecnologias agrícolas e industriais e dos aspectos relacionados à sustentabilidade das cadeias produtivas da agroenergia.

Pinhão-manso – os pesquisadores Bruno Laviola, da Embrapa Agroenergia, e Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados, desenvolvem pesquisas com pinhão-manso desde 2008. Para implantação do banco ativo de germoplasma foram realizadas coletas de sementes de pinhão-manso em todo o território brasileiro, perfazendo um total de 220 materiais. Entre os resultados já verificados estão a ausência de toxidade nos grãos de alguns desses materiais genéticos e potencial de ganho de produção com a seleção precoce. “Sabemos que a baixa diversidade genética exigirá o enriquecimento do banco de germoplasma. Precisaremos ainda de mais dois anos de avaliação para a seleção de acessos com características superiores”, explicou Laviola aos visitantes dos experimentos no campo.

Nos ensaios conduzidos na Embrapa Cerrados são avaliadas, entre outras características agronômicas, a como a fertilidade, densidade, espaçamento e irrigação. De acordo com o pesquisador Julio Albrech, ainda será necessário um período de pesquisas para determinar o potencial de rendimento desta oleaginosa.

Os resultados dessas pesquisas são aguardados com ansiedade pelos produtores. O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Pinhão-Manso (ABPPM), Mike Lu, afirmou que as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa irão apoiar dois importantes programas: de produção de biodiesel e de bioquerosene para aviação. “Com essas pesquisas, o Brasil poderá se tornar líder na produção desses biocombustíveis, além de motivar o agronegócio e a agricultura familiar a trabalharem com essa cultura”, disse.

Culturas alternativas – nos campos experimentais da Embrapa Cerrados também são conduzidos experimentos com cana-de-açúcar, dendê, macaúba e fevilha (também conhecida como andiroba). De acordo com o pesquisador Thomaz Rein, entre os objetivos dos ensaios com cana-de-açúcar estão a avaliação de variedades em áreas não tradicionais de cultivo, de fertilidade e manejo do solo, assim como estudos socioeconômicos, como geração de emprego e renda, e de impactos ambientais

O dendê e a macaúba estão sendo consideradas culturas promissoras para a produção de biocombustível. Os pesquisadores Nilton Junqueira, Jorge Antonini e Leo Carson avaliam sistemas de produção adequados a essas culturas e suas produtividades. As pesquisas para que essas culturas sejam recomendadas em escala comercial ainda serão longas. De acordo com Junqueira, no caso da macaúba, a previsão é de que apenas em 2017 ou 2018 sejam selecionados acessos superiores para produção de mudas. O dendê no Cerrado está indo muito bem. Antonini diz que “essa palmeira precisa de irrigação nos períodos de estiagem, mas o consumo de água é relativamente pequeno e a produção tem sido surpreendente”. O primeiro ciclo de produção está sendo agora avaliado e para obter resultados com segurança serão necessários mais quatro a cinco anos.

Para a produção de etanol de segunda geração, estão sendo pesquisadas quatro fontes de biomassa. O pesquisador Marcelo Ayres explicou que estão sendo efetuadas pesquisas agronômicas e de processo industrial, respectivamente pela Embrapa Cerrados e Embrapa Agroenergia, com as culturas de cana-de-açúcar, sorgo sacarino, espécies e resíduos florestais e três gêneros de forrageiras: capim elefante, braquiária e panicum.

: Assessoria de Imprensa/Embrapa Cerrados

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