Tecnologia LIBS para medir carbono no solo recebe certificação internacional

Utilizada pela NASA nos robôs para exploração de informações do solo em Marte, técnica acaba de receber mais um reconhecimento internacional, com impacto direto para os agricultores brasileiros

08.09.2022 | 14:28 (UTC -3)
Embrapa
AGLIBS, parceria entre a Embrapa Instrumentação e a Agrorobótica, utiliza a tecnologia certificada internacionalmente. - Foto: Imagem cedida pela Agrorobótica
AGLIBS, parceria entre a Embrapa Instrumentação e a Agrorobótica, utiliza a tecnologia certificada internacionalmente. - Foto: Imagem cedida pela Agrorobótica

Utilizada pela NASA (Agência Espacial Norte Americana) nos robôs para exploração de informações do solo em Marte, a técnica LIBS (Laser Induced Breakdown Spectroscopy ou Espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser) acaba de receber mais um reconhecimento internacional, com impacto direto para os agricultores brasileiros.

A Embrapa Instrumentação e a empresa Agrorobótica (ambas localizadas em São Carlos – SP), que desde 2016 mantêm um convênio de cooperação técnica para o uso da tecnologia na avaliação dos solos tropicais, participaram de uma consulta pública com a Verra - referência mundial em certificação de créditos de carbono - que fez uma revisão em toda a metodologia de certificação.

Quatro tecnologias emergentes foram aprovadas pela certificadora, que garante a origem dos créditos de carbono no mercado voluntário, por meio de uma plataforma de registro global que faz a custódia dos créditos. A Verra criou os Voluntary Carbon Standards (VCS), que são referência global na geração das unidades de carbono verificáveis com alto padrão de qualidade.

Medir, reportar e verificar

“A escolha da técnica LIBS, junto com o Espalhamento inelástico de nêutrons (INS), MIR (Espectroscopia no infravermelho médio) e VIS-NIR (Espectroscopia na região do visível e infravermelho próximo), do ponto de vista científico, referenda o trabalho que temos desenvolvido há quase duas décadas e que resultou, em 2018, no lançamento da tecnologia AGLIBS, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, cuja patente dividimos com a Agrorobótica”, explica a pesquisadora Débora Milori, da Embrapa Instrumentação.

“Essa inovação tecnológica permitiu a mensuração em larga escala do carbono dos solos (C), textura (teores de areia, silte e argila) e pH de forma rápida, econômica e precisa, sem gerar resíduos. Além disso, a certificação internacional também pode impulsionar a adoção da tecnologia em novos projetos em um dos grandes temas de pesquisa corporativos, o carbono”, acrescenta a também coordenadora do Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf).

“Nosso objetivo é resolver um dos principais problemas para elaboração de projetos de crédito de carbono na agricultura que é o MRV (medir, reportar, verificar) do carbono estocado no solo, de uma forma viável economicamente”, comenta Aida Magalhães, CTO da Agrorobótica, que foi pós-doutoranda com Débora Milori na Embrapa.

Mercado bilionário

E foi justamente para atender à demanda global de crédito de carbono da agricultura brasileira que a Agrorobótica lançou, em 2022, a plataforma de IA AGLIBS, que permite certificar o carbono das áreas agrícolas através da quantificação dos estoques de carbono orgânico do solo, resultantes da adoção de práticas de manejo sustentáveis da área agrícola.

A plataforma vai permitir ainda, simultaneamente, avaliar a fertilidade do solo e proporcionar recomendações agronômicas sustentáveis com o objetivo da melhorar a produtividade e contribuir para a segurança alimentar. “A geração e comercialização de créditos de carbono em áreas agrícolas brasileiras certificadas internacionalmente deve impactar o País, tanto financeiramente quanto ambientalmente”, avalia Débora Milori.

Para Fábio Angelis, CEO da Agrorobótica, “a aprovação do LIBS na Verra abre uma oportunidade imediata aos agricultores brasileiros para acessar o mercado voluntário global de crédito de carbono que no ano de 2021 fechou com um valor aproximado de US$ 2 bilhões”.

“Além disso, abre a oportunidade para o Brasil se consolidar como o maior mercado mundial de crédito de carbono até 2030, com uma movimentação prevista de mais de US$ 100 bilhões, com a tecnologia Embrapa auxiliando na certificação desse mercado de carbono”, finaliza Angelis.

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