De acordo com especialistas, o solo do Sul do Brasil, especialmente do Rio Grande do Sul, apresenta carência de cálcio e enxofre na sua estrutura, após cerca de 50 anos de adubação à base de NPK. “A partir de uma analise criteriosa, poderíamos cortar metade do potássio e do fósforo na adubação dos solos do Rio Grande do Sul e Paraná que não sentiríamos a diferença.”, disse o diretor da Laborsolo, o engenheiro agrônomo e doutor na área, José Carlos Vieira de Almeida, durante o Primeiro Fórum do Solo, realizado nesta quinta-feira, dia 27 de julho em Lagoa Vermelha (RS).
Especialista em análise de solo, Vieira também lembrou que o solo é a base da pirâmide biótica. “Quando você perde um centímetro de solo levará 800 mil anos para recuperar. Por isso, é necessário evoluir nas técnicas de preservação e nutrição do solo. Até mesmo o plantio direto tem que ser repensado”, disse no evento organizado pela SulGesso, empresa referência no Sul do Brasil em fertilizante à base de sulfato de cálcio.
O fórum, que reuniu uma grande plateia formada basicamente por representantes de cooperativas, produtores e engenheiros agrônomos, tratou ainda das principais novidades sobre nutrientes, fertilização, manejo e análise de solo. O engenheiro agrônomo da SulGesso, Eduardo Silva e Silva, destacou que o solo produtivo é um solo fértil. O especialista lembrou que o uso do cálcio e do enxofre pode auxiliar expressivamente no aumento de produtividade, mas é necessário de uma análise de solo para entender suas caraterísticas. “É como um hemograma do nosso corpo, a análise nos dá direcionamento para a dosagem equilibrada de nutrientes.”, explicou.
De acordo com Silva e Silva, o cálcio e o enxofre, reconhecidos como macronutrientes essenciais, são responsáveis por promover o combate ao alumínio tóxico, melhora do crescimento das raízes, descompactação do solo, enraizamento, entre outras situações. “Não tenho dúvida que num horizonte de, no máximo, três anos todos os produtores terão conhecimento da necessidade de introduzir junto à sua adubação básica, o cálcio e o enxofre. Só que o produtor não precisa esperar todo este tempo para colher os resultados”, afirmou.
A correção da acidez do solo também foi destacada pelo doutor em Ciência do Solo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jackson Ernani Fiorin, que falou sobre manejo da fertilidade do solo para alta produtividade. “Combater a acidez do solo ainda é um grande desafio para os produtores. Nesse sentido, novos nutrientes a base de cálcio e enxofre vem dando boa resposta”, disse o professor. Fiorin também lembrou a necessidade de repensar o NPK na adubação. “Preciso encontrar o equilíbrio de nutrientes, pois o cenário é outro e só uma adequação de nutrientes podemos atingir uma maior produtividade”.
Outro assunto que integrou o Fórum do Solo foi sobre a nutrição de plantas, com a engenheira agrônoma Ingrid Arns. A especialista levou exemplos de nutrição através da adubação com cálcio e enxofre, principalmente nas culturas de feijão e milho. “Impedimentos químicos podem afetar a produtividade. Analises na região de Vacaria, por exemplo, apontam falta cálcio e toxidez de alumínio. Tanto o feijão como o milho apresentaram ganho de produtividade com a adubação de cálcio e enxofre”, revelou.
A mesma estratégia vem sendo usada por muitos cooperados da Cooperalfa, de Erechim. “Começamos a usar fertilizante mineral a base de cálcio e enxofre solúveis há mais de três anos e estamos atingindo ótimos resultados, especialmente devido ao déficit hídrico de algumas regiões no alto Uruguai”, revelou Juliano Mezzalira, engenheiro agrônomo da Cooperalfa.