Soja e milho seguem pressionados por oferta elevada

Mercado repercute safra cheia nos EUA e colheita final no Brasil, segundo análise da Grão Direto desta quarta (6)

06.08.2025 | 10:26 (UTC -3)
Mariana Carvalho, edição Revista Cultivar

A soja e o milho seguem pressionados pela combinação de oferta elevada e queda nas cotações em Chicago, conforme aponta a Análise do Especialista Grão Direto desta quarta-feira (6/8). Enquanto o clima favorável mantém a boa evolução das lavouras nos Estados Unidos, no Brasil a colheita do milho segunda safra está praticamente concluída, aumentando a oferta interna. Mesmo com a demanda firme, os custos logísticos e a competitividade externa agravam o cenário de preços.

Como o mercado da soja se comportou?

Pressão vinda de Chicago com safra americana promissora: o USDA elevou para 70% o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes nos Estados Unidos, reforçando a expectativa de uma safra cheia.

Clima gera atenção e volatilidade: em contrapartida, o calor intenso no meio-oeste aumentou a sensibilidade do mercado a atualizações climáticas, mas sem efeitos significativos. 

Exportações e prêmios sustentam o mercado interno: mesmo com o viés de baixa em Chicago, a demanda internacional contínua e a manutenção de prêmios elevados nos portos ajudaram a sustentar os preços da soja no mercado doméstico brasileiro.

Em Chicago, o contrato de soja para agosto de 2025 encerrou a US$ 9,62 por bushel, com queda de 3,7% na semana. O contrato para março de 2026 também recuou, fechando a US$ 10,23 por bushel, uma desvalorização de 3,03%. O dólar caiu 0,18%, encerrando a semana cotado a R$ 5,55. A tendência predominante no mercado físico foi de leves altas nos preços.

O que esperar do mercado da soja?

Comercialização safra 2025/26: a venda da soja da próxima safra no Mato Grosso está atrasada. Apenas 17,5% foi comercializado até julho, bem abaixo da média dos últimos anos. Isso mostra que o produtor está segurando os negócios, esperando melhores oportunidades ou enfrentando margens mais apertadas. Esse cenário é reforçado, e pode continuar sendo, pelo fato dos fertilizantes MAP, DAP e Ureia ainda estarem relativamente mais caros quando comparados ao ano passado quando se leva em conta a relação de troca. O produtor pode estar esperando uma melhora na relação de troca para ir às vendas.

Clima nos EUA e relatório do USDA: a previsão do tempo para os próximos 6 a 10 dias segue positiva para o desenvolvimento das lavouras nos EUA. Com boas condições climáticas, tanto a soja quanto o milho devem manter produtividade elevada, o que reforça um cenário de oferta folgada no mercado global. Esse quadro fez com que os fundos de investimento vendessem forte nos contratos futuros em Chicago nas últimas duas semanas, derrubando as cotações. A única possibilidade de reverter essa pressão seria uma mudança climática relevante nos EUA — o que, por enquanto, não está no radar. Sem esse fator de risco, a tendência ainda é de queda nos preços para a próxima semana.

Exportações brasileiras: a força da demanda pela soja do Brasil e a sustentação dos prêmios nos portos continuarão sendo cruciais para proteger os preços domésticos da tendência baixista internacional.

A soja segue pressionada pela boa evolução das lavouras nos EUA e pelo movimento de venda dos fundos em Chicago. Com a comercialização da safra 2025/26 ainda lenta no Brasil e os custos de produção elevados, o produtor segue cauteloso. A tendência deverá permanecer para baixa nesta semana.

Como o mercado do milho se comportou?

Calor nos EUA ameaça produtividade: nos Estados Unidos, o calor intenso no Corn Belt ao longo da semana trouxe preocupações quanto ao potencial produtivo das lavouras de milho, aumentando a volatilidade em Chicago. Mesmo assim, o mercado ainda trabalha com expectativa de boa oferta.

Demanda por etanol segura os preços: no Brasil, a demanda firme por milho por parte das usinas de etanol tem limitado o impacto da colheita da segunda safra sobre os preços. A reposição ativa do setor segue oferecendo suporte às cotações, principalmente no Centro-Oeste.

Custo logístico pressiona produtor: apesar da boa demanda, o aumento dos custos de frete em algumas regiões tem reduzido a rentabilidade para o produtor. Essa pressão logística seguiu como fator de enfraquecimento dos preços no interior.

Em Chicago, o contrato de milho para setembro de 2025 encerrou a US$ 3,90 por bushel, com queda de 2,26% na semana. Na B3, o contrato com vencimento em setembro de 2025 subiu 2%, fechando a R$ 66,96 por saca. No mercado físico as cotações não tiveram um direcionamento comum, com algumas regiões fechando em alta e outras em baixa no aguardo por fundamentos mais precisos.

O que esperar do mercado do milho?

Colheita praticamente finalizada com safra cheia: a colheita do milho segunda safra está na reta final, com ritmo dentro do esperado e produtividade elevada. Isso confirma uma safra robusta no Brasil, próxima de 120 milhões de toneladas, o que deve aumentar a pressão sobre os preços nas próximas semanas. Com esse volume entrando no mercado, os preços dos fretes rodoviários seguem  em alta e sem expectativas de baixa no curto prazo.

Milho brasileiro segue caro: mesmo com a colheita da segunda safra quase concluída, o milho brasileiro continua mais caro que o americano. O que tem segurado os preços por aqui é a demanda interna ainda firme, especialmente da indústria de proteína animal e do etanol. No mercado externo, o milho dos EUA está mais competitivo — e com a colheita americana se aproximando, o produto brasileiro perde espaço. Se houver uma queda na demanda interna a partir de outubro, o milho nacional pode buscar a paridade de exportação, que hoje está defasada em cerca de R$ 13,00/saca.

Com a colheita da segunda safra praticamente concluída e confirmando uma safra cheia, o aumento da oferta tende a intensificar a pressão sobre os preços. Apesar da demanda interna ainda firme, a competitividade do milho americano no exterior e os altos custos logísticos no Brasil sustentam o viés negativo para as próximas semanas.

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