No Mato Grosso e em Goiás, o total de chuvas superou 240 mm; maiores volumes de precipitação também foram registrados no norte do Mato Grosso do Sul
02.02.2022 | 10:37 (UTC -3)
Gabriel Perin e Alicia Nascimento Aguiar
O mês de janeiro foi marcado pela alta quantidade de chuvas na maior parte das regiões agrícolas do País. Na Região Norte, com exceção de Roraima, o total de chuvas superou 240 mm, enquanto na Região Nordeste, as chuvas mais abundantes foram registradas no Maranhão, Piauí, Ceará e no extremo oeste da Bahia. Nos demais estados nordestinos o acumulado de precipitação não ultrapassou 90 mm. No Mato Grosso e em Goiás, o total de chuvas superou 240 mm. Maiores volumes de precipitação também foram registrados no norte do Mato Grosso do Sul. Acumulados superiores a 240 mm foram registrados na maior parte dos territórios de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. No Paraná, o total de chuvas variou de 90 mm a 150 mm, em Santa Catarina, de 90 mm a 120 mm e na maior parte do Rio Grande do Sul, as chuvas totalizaram até 90 mm.
Devido ao grande volume de chuvas, a Região Norte apresentou os maiores valores de armazenamento de água no solo. Nos estados do Pará, Amapá e norte do Amazonas, a umidade passou de 90%. No sul do Pará, no Tocantins, em Rondônia, na maior parte do Amazonas e nas regiões do Cruzeiro do Sul e de Rio Branco, no Acre, a umidade variou entre 75% e 90%. Os menores valores de armazenamento de água no solo da Região Norte foram registrados em Roraima, variando de 15% a 45%, condição similar à observada no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Norte e na Paraíba. No Maranhão e no Piauí, o armazenamento foi superior a 75%. Os menores valores de umidade do solo do País, de no máximo 15%, foram registrados em Pernambuco, Alagoas e Sergipe. No Rio Grande do Sul a situação também é crítica, com umidade do solo abaixo dos 30% em todo o estado. Umidade do solo acima de 75% foi registrada em quase todo o Mato Grosso e Goiás, enquanto o Mato Grosso do Sul apresentou valores de armazenamento hídrico entre 45% e 75%.
Temperaturas
De forma geral, na Região Norte, prevaleceram máximas entre 27°C e 31°C, com exceção de Roraima, onde as máximas ficaram entre 31°C e 33°C. No Mato Grosso, as máximas ficaram entre 29°C e 31°C, em Goiás, entre 27°C e 29°C, já no Mato Grosso do Sul, máximas de 31°C a 33°C foram registradas em algumas regiões. Na Região Nordeste, predominaram máximas superiores a 29°C, com picos de até 33°C no Rio Grande do Norte, na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Na Região Sudeste, as máximas variaram entre 25°C e 27°C, com exceção de algumas áreas de Minas Gerais onde as máximas foram inferiores a 25°C. As maiores temperaturas máximas da Região Sul ocorreram no Rio Grande do Sul, chegando a 33°C. Máximas de 27°C a 29°C foram registradas no Paraná e em Santa Catarina.
As menores temperaturas do País ocorreram em Minas Gerais, ficando entre 16°C e 19°C. Nos demais estados das regiões Sudeste e Sul, as mínimas variaram entre 19°C e 21°C. Nas regiões Norte e Nordeste, as temperaturas mínimas variaram entre 21°C e 25 °C. A Bahia foi exceção, com mínimas entre 19°C e 21°C. No oeste do Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, as mínimas ficaram entre 21°C e 23°C e,no leste do Mato Grosso e em Goiás, entre 19°C e 21°C.
Tempo e agricultura brasileira
A semeadura da soja foi concluída em quase todo o País em janeiro, restando apenas pequenas áreas no Maranhão e no Rio Grande do Sul em fase de semeadura. No Mato Grosso, mais de 15% das lavouras já foram colhidas e, em Goiás, a colheita teve início em algumas áreas na última semana de janeiro. O rendimento tem se mantido dentro do esperado e grãos de boa qualidade têm sido obtidos na maior parte das áreas colhidas nos dois estados. Foram feitos registros pontuais de perdas ocasionadas por pragas e de grãos que apresentaram algum tipo de avaria. O excesso de umidade no sudoeste goiano contribuiu para o surgimento de focos de ferrugem. Já no centro-sul do Mato Grosso do Sul, a falta de chuvas persiste, reduzindo as expectativas de produtividade.
No geral, as condições meteorológicas foram favoráveis para as lavouras do Matopiba, com exceção de pontos isolados da Bahia afetados pelo excesso de chuvas. A colheita já se iniciou no estado em áreas sob pivô. A Região Sul continuou sendo desfavorecida pelas condições meteorológicas durante o mês de janeiro. O baixo volume de chuvas e as elevadas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento e o rendimento das lavouras do Paraná, sobretudo do oeste do estado, onde a colheita precisou ser antecipada em decorrência do adiantamento do ciclo causado pelo estresse hídrico. No Rio Grande do Sul, a seca também persiste com graves danos para as lavouras de soja do Estado.
Cerca de 90% do milho da primeira safra foram semeados até o final de janeiro. As condições meteorológicas contribuíram para o avanço da semeadura do milho no Matopiba e beneficiaram a maioria das lavouras em desenvolvimento. No Piauí e na Bahia, mais de 95% das lavouras foram semeadas e, no Maranhão, cerca de 80% da semeadura já foram concluídos. Perdas por encharcamento foram registradas apenas em áreas pontuais da Bahia. A falta de chuva e as elevadas temperaturas prejudicaram o potencial produtivo das lavouras de milho da Região Sul. Além do estresse hídrico, as condições meteorológicas têm dificultado a aplicação de fertilizantes e o manejo fitossanitário das lavouras. Cerca de um quarto da área semeada do Rio Grande do Sul teve o ciclo da cultura adiantado pelo estresse hídrico, fazendo com que a colheita também fosse antecipada. Mais de 25% das lavouras de milho do estado já foram colhidas. No Paraná, o encurtamento do ciclo do milho ocasionado pela escassez hídrica também antecipou a colheita, sobretudo no sudoeste do estado. Em Goiás e em Minas Gerais, as condições meteorológicas foram favoráveis e as lavouras encontram-se em boas condições.
O tempo quente e seco de janeiro comprometeu o desenvolvimento das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, sobretudo das que atingiram a fase reprodutiva. Os produtores sulistas seguem preocupados com o baixo volume de chuvas, insuficiente para reabastecer os reservatórios que já estão com níveis críticos, limitando, assim, as operações de irrigação, especialmente nas regiões central, noroeste e sudoeste do Estado. No Mato Grosso, a semeadura do arroz foi finalizada e as lavouras encontram- se em boas condições de desenvolvimento. No Tocantins, a semeadura também foi concluída, e as condições meteorológicas possibilitaram o início da colheita na segunda quinzena de janeiro. Em Goiás, a semeadura ficou estagnada, mas a colheita já foi iniciada. O excesso de chuvas favoreceu a ocorrência de brusone e queima da bainha, além disso, lavouras acometidas por altos volumes de chuva durante a maturação dos grãos tiveram seu potencial produtivo afetado.
Mais de 70% das áreas destinadas ao cultivo de feijão no Paraná foram colhidas até o final de janeiro. As lavouras de sequeiro paranaenses sofreram as consequências do déficit hídrico e rendimentos abaixo do esperado já foram confirmados. Ao contrário da Região Sul, o excesso de chuvas tem sido um problema para muitas áreas da Bahia, atrasando o término da semeadura e prejudicando o desenvolvimento de algumas lavouras. Ataques pontuais de mosca branca também foram reportados. Em Goiás, apesar das chuvas, a colheita avança, sobretudo na região leste do estado. Em Minas Gerais, as operações de colheita concentram-se nas regiões noroeste e do Alto Parnaíba.
Mais de 60% do algodão brasileiro já foi semeado até o final de janeiro. No Mato Grosso, a semeadura da primeira safra foi concluída, e a da segunda safra já alcançou mais de 50% da área prevista. A implantação da primeira safra de algodão em Goiás também foi concluída e a semeadura da segunda safra iniciou-se na segunda quinzena de janeiro. No Mato Grosso do Sul, a semeadura do algodão se aproxima do fim e as lavouras do sul do estado sofrem com a escassez hídrica. A semeadura do algodão também avançou no Matopiba, com cerca de 85% das áreas produtoras de algodão semeadas no Maranhão e,cerca de 100% no Piauí. Na Bahia, as operações de semeadura nas áreas de cotonicultura devem permanecer paralisadas até o início da colheita da soja precoce em fevereiro.