Seminário discute desenvolvimento da cafeicultura no Acre

Realizado pela Embrapa Acre, o evento visa apresentar os resultados do zoneamento para indicação de áreas com aptidão para a produção de café

29.03.2019 | 20:59 (UTC -3)
Diva Gonçalves​

Produtores familiares, técnicos da extensão rural, gestores de torrefadoras, representantes de instituições ligadas ao setor produtivo e agentes de fomento participam, nesta sexta-feira, 29 de março, do Seminário “Cadeia produtiva do café”, em Plácido de Castro. Realizado pela Embrapa Acre, em parceria com a prefeitura local, o evento visa apresentar os resultados do zoneamento para indicação de áreas com aptidão para a produção de café e debater alternativas para desenvolver a cultura no município. As atividades iniciam às 8h da manhã.

A programação contempla palestras sobre o potencial do clima e solo de Plácido de Castro para o cultivo de café, aspectos econômicos da cultura, programa municipal para incremento da produção familiar, linhas de financiamento para implantação de lavouras no município e demandas do mercado do café no Acre. Os participantes também poderão conhecer relatos de agricultores locais sobre o cultivo de café clonal e a publicação “Zoneamento edafoclimático para o cultivo de café canéfora (Coffea canephora) no Acre” que será lançada durante o evento.

De acordo com Dorila Mota, analista da área de Transferência de Tecnologias da Embrapa e coordenadora do Seminário, além de compartilhar conhecimentos sobre as áreas indicadas para a cultura, o objetivo é identificar experiências promissoras com a produção de café e estratégias para comercialização. “Convidamos diferentes atores dessa cadeia produtiva com a finalidade de promover uma aproximação entre instâncias que apoiam a cultura, quem produz e quem comercializa a produção. Essa união entre os distintos elos da cadeia é fundamental para desenvolver a cafeicultura”, diz.

Segundo o secretário municipal de agricultura de Plácido de Castro, Rui Braga de Pinho, em função das características da região, favoráveis ao cultivo, a cafeicultura também poderá contribuir para desenvolver a economia dos municípios acreanos e melhorar a vida tanto de quem mora na cidade como no meio rural. “Não temos indústria nem produção em larga escala no município, mas podemos unir forças para ampliar os cultivos, aumentar a produção e fortalecer a cultura. Junto com outras instituições, estamos trabalhando para isso, apoiando os agricultores que já plantam café, com assistência técnica na condução das lavouras, e incentivando outros produtores a investirem nessa atividade produtiva”, afirma o gestor.

Zoneamento

Os estudos para identificar o potencial do município de Plácido de Castro para a cultura do café fazem parte das ações de um Termo de Execução Descentralizada (TED), firmado entre a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2018. O trabalho de zoneamento também contempla os municípios de Feijó, Tarauacá e Capixaba, com foco no cultivo de banana, abacaxi e seringueira. O objetivo é gerar informações que sirvam como subsídios técnicos para a tomada de decisão nessas culturas, por parte dos produtores rurais e agentes públicos e financeiros.

Foram elaborados mapas temáticos para três tipos de sistemas de manejo de cafezais: o primitivo, onde os cultivos são conduzidos sem uso de insumos; o sistema tradicional, com uso mínimo de insumos, priorizando a adubação orgânica e outras práticas de baixo impacto; e o sistema avançado, baseado no uso de irrigação, adubação e calagem entre outras técnicas recomendadas para a cultura. Além de mapear as áreas rurais do município, disponíveis para a agricultura, os pesquisadores avaliaram os solos de 100 propriedades rurais que estão implantando cultivos de café, com o apoio da prefeitura.

“Analisamos as amostras de solo quanto ao nível de fertilidade, necessidade de adubação para corrigir deficiências de nutrientes para melhorar a qualidade e outros aspectos como profundidade, capacidade de drenagem e tipos de relevo. Além disso, avaliamos o clima do município, considerando o regime de chuvas, a temperatura, e período de seca na região. A partir desse trabalho, selecionamos as áreas com maior aptidão para o cultivo de café”, explica o pesquisador Eufran Amaral, Chefe-geral da Embrapa Acre e coordenador dos estudos.

Áreas para cultivo

Uma das conclusões dos pesquisadores é que 90% dos solos de Plácido de Castro apresentam boas condições para o cultivo de café, por serem planos e mais profundos, aspecto que permite mecanização. Entretanto, boa parte das áreas recomendadas exige cultivo irrigado, em virtude da baixa ocorrência de chuvas nos meses de junho a setembro, período que coincide com a época de formação das flores do cafeeiro, situação que pode prejudicar o desenvolvimento da produção. “O município tem um excelente potencial para a cultura do café e as restrições hídricas podem ser superadas com a adoção de tecnologias disponíveis. Acredito muito na cafeicultura como alternativa de trabalho e renda para as famílias rurais do Acre e como fator de fixação do homem no campo”, destaca Amaral.

Esses e outros resultados serão discutidos durante o Seminário e poderão orientar as ações do programa municipal para incremento da cafeicultura no município de Plácido de castro, incluindo a realização de análises de solos de novas áreas, de agricultores familiares que tenham interesse em trabalhar com a produção de café, atividade que será realizada em parceria com a Embrapa.  O evento tem o apoio da Secretaria estadual de Produção e Agronegócio (Sepa), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Café Contri e Prefeitura de Acrelândia.

 


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