Seminário debate alternativas para o cultivo do milho no Rio Grande do Sul

Promoção foi uma parceria entre a Secretaria da Agricultura e a Emater/RS-Ascar

22.07.2020 | 20:59 (UTC -3)
Darlene Silveira e Taline Schneider

“Produção e produtividade de milho” foi o tema debatido virtualmente nesta quarta-feira (22) pelo segundo Seminário do Pró-Milho, uma promoção da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e a Emater/RS-Ascar. O presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, abriu o evento, que contou com cerca de 600 pessoas, entre produtores rurais e representantes de órgãos públicos, setores produtivo e industrial, instituições de pesquisa e assistência técnica. Participação especial da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos no Estado do RS (Sips) e da Associação das Empresas Cerealistas do Estado do RS (Acergs). A transmissão ocorreu simultaneamente pelo YouTube do Rio Grande Rural e pelo Facebook da Emater/RS-Ascar.

Sandri parabenizou a organização do evento e agradeceu a todas as entidades participantes do Programa. “Do qual a Emater participa fortemente em parceria com a Seapdr, que idealizou um projeto tão importante para o desenvolvimento agrícola sustentável do Rio Grande do Sul”.

O diretor de Política Agrícola e Desenvolvimento Rural da Seapdr e coordenador do Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho (Pró-Milho), Ivan Bonetti, afirmou que, no Estado, o setor de proteína animal, aves, suínos e bovinos consome anualmente cerca de 6,4 milhões de toneladas de milho como ração para os animais. “Grande parte é trazida do centro-oeste do país, chegando a um preço bem elevado, devido ao custo com o transporte até as indústrias gaúchas”, contextualizou. Segundo ele, na última safra, a cultura do milho teve uma redução de 31% na sua produção estadual, ficando em apenas 4,2 milhões de toneladas produzidas. “O que significa que, logo, o setor de proteína animal terá que importar mais de 2,2 milhões de toneladas de outros estados”.

Conforme Bonetti, somado à estiagem que reduz a disponibilidade de milho no Estado, tem-se a expectativa da evolução do status sanitário para "livre de aftosa sem vacinação", o que possibilitará mundialmente a abertura de novos parceiros comerciais para o setor de proteína animal. “Logo, precisarão de mais milho para ração dos animais”, explicou.

Ele contou que, de 2019 até maio de 2020, o Estado deixou de arrecadar R$ 260 milhões em ICMS por não produzir milho suficiente. De acordo com Bonetti, diante desse fato e também da preocupação em não haver o estrangulamento de um setor tão importante, responsável por 10% do PIB estadual, entre outros motivos, foi criado o Programa Pró-Milho, que tem o objetivo de tornar o Rio Grande do Sul autossuficiente em milho, na relação produção/consumo.

Após a abertura, o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, agradeceu a todos os envolvidos no Programa e participantes do evento, destacando em sua apresentação as ações e resultados do mesmo. “O milho é uma questão de mudança de paradigma no Rio Grande do Sul. Por isso uma análise detalhada do seu comportamento em diversas regiões do Estado, gerando uma reflexão do que é o mais adequado para ampliar a produção e a produtividade”.

Já o professor doutor em Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alencar Junior Zanon, abordou os resultados do Projeto Lacunas de Produtividade em Milho no RS, uma parceria da Equipe FieldCrops, UFSM e Emater/RS-Ascar, que existe desde 2017. “Nos últimos quatro anos, nós monitoramos as lavouras de milho em todo o Estado. Com isso, apresentamos o potencial produtivo de milho no RS, que é de 15,9 toneladas por hectare em áreas irrigadas e um pouco menor, 13,6 toneladas por hectare, na maior parte que ainda é de sequeiro. Fazendo uma boa agronomia, é possível aproximar a produtividade média das lavouras para 75% do potencial produtivo delas”. Zanon mostrou ainda que, dessa forma, é possível produzir mais 2,9 milhões de toneladas do cereal na atual área agricultável. Os principais fatores limitantes a serem superados são a água, época de semeadura, densidade de plantas e nutrição.

O produtor e presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires, parabenizou a iniciativa que incentiva o plantio de milho no Estado. “Eu entendo que essa cultura é fundamental na propriedade e na sistematização da propriedade, viabilizando o plantio direto sustentável". 

Pires destacou a necessidade do milho como matéria-prima para a indústria da proteína animal. “Ele é a principal fonte de alimentação para frangos, suínos, vacas leiteiras, enfim, para todo o processo de produção de proteína animal”.

Para o presidente da Fecoagro, essa ação do governo também é um incentivo especial à irrigação. “Sou oriundo da Região das Missões, onde praticamente não se produzia milho e hoje é uma das regiões que mais produz milho no Estado. O que mostra como uma mudança, um incentivo é capaz de desenvolver uma cultura tão importante”, concluiu.

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