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As lavouras de café no Brasil, em geral, foram estabelecidas em áreas de solos de baixa a média fertilidade. A pobreza desses solos e a necessidade das plantas pelo fornecimento adequado de nutrientes exigem que os cafeicultores busquem formas eficientes para a correção da acidez e adubação dos solos de suas lavouras.
Os meses de julho e agosto na maioria das regiões produtoras de cafés coincidem com o fim da colheita. Nesse período, muitos cafeicultores realizam a prática da análise do solo com o objetivo de monitorar a sua fertilidade, principalmente em lavouras que tiveram alta produtividade cujas plantas absorveram grande quantidade de nutrientes do solo.
Para a reposição desses nutrientes absorvidos pelas plantas é necessário obedecer a duas leis da fertilidade do solo: a Lei do Mínimo e a dos Incrementos Decrescentes. A Lei do Mínimo preconiza que “a produção das culturas é limitada pelo nutriente em menor disponibilidade no solo, mesmo que todos os outros estejam disponíveis e em quantidade adequada”. Já a Lei dos Incrementos Decrescentes alerta sobre o fato de que se “adicionar doses crescentes de um nutriente, o maior incremento em produção será obtido com a primeira dose, mas com aplicações sucessivas do nutriente os incrementos de produção serão cada vez menores”.
A partir do fornecimento equilibrado de nutrientes às plantas, essas terão crescimento e desenvolvimento suficientes para a produção de frutos e, consequentemente, grãos de cafés. Contudo, devem ser considerados, além da nutrição equilibrada das plantas de café, outros fatores como a disponibilidade de água para que, por meio dela, haja absorção, distribuição e translocação dos nutrientes pela planta. Outros fatores abióticos (altas temperaturas, seca entre outros) e bióticos (ataque de pragas e doenças, entre outros) ao longo do ciclo da cultura deverão ser mitigados pela adoção de boas práticas agrícolas e de gestão da cultura no campo (Boas Práticas Agrícolas e de Gestão da Propriedade - Instrução Normativa Nº 49 de 24/09/2013 - Normas Técnicas Específicas para a Produção Integrada do Café).
Uma vez que as plantas de café tenham nutrição equilibrada e presença de outros fatores de crescimento e desenvolvimento em níveis adequados como água, luz, CO2, O2 e calor, os frutos de café terão melhor formação, maturação uniforme e, consequentemente, propriedades organolépticas e nutracêuticas ideais para bebidas de boa qualidade, desde que sejam também obedecidas as boas práticas nas fases de colheita, pós-colheita, beneficiamento e armazenamento.
A recomendação equilibrada dos nutrientes será conhecida por meio da interpretação das análises química, física (textura do solo) e do teor de matéria orgânica presente no solo. Contudo, a correta interpretação dos resultados dessas análises será obtida se as amostras enviadas para o laboratório foram coletadas observando-se critérios básicos, como: a área a ser amostrada deve ser dividida em glebas de no máximo 10 hectares; Cada gleba deve ser a mais homogênea possível, com relação à vegetação, topografia, tempo de uso, produtividade e aplicações de corretivos de acidez (calcários, entre outros), gesso e fertilizantes; Áreas que diferem na paisagem como, por exemplo, em declividade, drenagem, cor e/ou tipo de solo, uso e tratamentos anteriores, devem ser amostradas separadamente.
O uso de ferramentas apropriadas, a homogeneização das amostras com relação ao perfil amostrado, o acondicionamento dessas amostras em recipientes adequados para o envio a laboratórios credenciados para realização dessas análises, entre outros cuidados, também são fundamentais para a correta interpretação (Amostragem e Cuidados na Coleta de Solo para Fins de Fertilidade).
Recomenda-se que a coleta de amostras de solo para fins da avaliação da fertilidade e, também, a interpretação dos resultados das análises sejam orientadas e interpretadas por engenheiros agrônomos da assistência técnica e extensão rural. Para obter mais informações, sugere-se que o cafeicultor acesse a publicação Manual do Café: Manejo de Cafezais em Produção – EMATER MG, disponível para download no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
De acordo com a interpretação da análise do solo, a correção da acidez por meio da calagem, se necessário, deverá ser realizada antes da adubação. Do mesmo modo, a correção do alumínio em subsuperfície deverá ser feita após a calagem com a aplicação do gesso agrícola.
O fornecimento de nutrientes para as plantas de café por meio da adubação via solo ocorre em dois períodos: primeiro, de agosto a dezembro, período em que as plantas de café estão em crescimento vegetativo e, após as primeiras chuvas (setembro-outubro) quando emitem a florada; e segundo, de janeiro a março, período em que há maior necessidade de nutrientes para a granação dos frutos.
Conforme a avaliação do estado nutricional das plantas de café, adubações foliares poderão ser necessárias para complementar os teores de nutrientes exigidos pelas plantas que não foram supridos pela adubação via solo. O período indicado para essa prática de adubação corresponde aos meses de dezembro, e de janeiro a março.
A dosagem dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento do cafeeiro (Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre, Ferro, Manganês, Zinco, Boro e Cobre) varia de acordo com a cultivar/variedade de café seja na fase de muda ou por ocasião do plantio e, ainda, no caso de lavoura já estabelecida, de acordo com o estado fenológico da cultura no campo: florada e expansão dos frutos, granação dos frutos e maturação dos frutos.
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