Projeto da Epagri pretende mapear e monitorar culturas agrícolas de forma automatizada
Tais dados são importantes para ações como previsão de safra, planejamento agrícola, formulação de políticas públicas, gestão de recursos naturais, entre outras
Em coletiva na sua sede em Araraquara, São Paulo (SP), o Fundecitrus anunciou que a produção de laranja na temporada 2024-2025 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro deverá atingir 232,38 milhões de caixas de 40,8 quilos. O número representa uma queda de 24,36% em relação à safra anterior.
De acordo com Vinícius Trombin, coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus, as condições climáticas desfavoráveis foram fator determinante para a redução da produção. “O tempo seco e quente impactou a produção das laranjeiras, além de um cenário agravado com alta incidência de greening nas plantações. As temperaturas subiram muito desde a chegada do fenômeno El Niño que se instalou em junho do ano passado e provocou maior evapotranspiração e a redução da umidade do solo. Ao todo foram três ondas de calor, após o primeiro florescimento”, detalha.
As sucessivas ondas de calor - a primeira em setembro, a segunda em novembro e a terceira em dezembro - causaram uma queda significativa de frutos recém-formados. Essa condição aliada às chuvas, observadas de dezembro/23 a fevereiro/24, propiciaram um florescimento extraordinariamente tardio.
Ainda assim, as múltiplas floradas não conseguiram compensar a perda inicial, o que acarretou em uma redução do número de frutos por árvore, em 29%. Com essa redução, espera-se que as laranjas alcancem tamanhos maiores do que as colhidas na safra passada, cerca de 5%. “A menor competição entre os frutos fará com que cresçam mais. Isso está contribuindo para minimizar as perdas”, explica Trombin.
A Pesquisa de Estimativa de Safra é realizada pelo Fundecitrus em parceria com a Markestrat, e professores titulares da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP) e da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Câmpus de Jaboticabal (Unesp).
No ano em que a Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) completa dez anos, o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura, voltado para o desenvolvimento sustentável do parque citrícola), reafirma importantes movimentos do setor para garantir a transparência dos dados, o desenvolvimento da ciência e biotecnologia, o avanço da transferência de tecnologia e das práticas sustentáveis nos pomares brasileiros.
“O trabalho da PES se tornou um marco significativo no desenvolvimento do agronegócio e mudou o cenário da citricultura brasileira, promovendo um avanço na democratização das informações e facilitando o planejamento estratégico de todos os atores da cadeia produtiva da laranja”, afirma Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus.
Além da expectativa de produção nesta safra, a novidade deste ano é a pesquisa desenvolvida em parceria entre a Embrapa e o Fundecitrus que identificou mais de 300 espécies de animais silvestres no chamado cinturão citrícola brasileiro. Foram encontrados, principalmente, aves e mamíferos circulando ou vivendo em ambientes de produção de cinco fazendas produtoras de laranja. O trabalho de investigação científica estimou também cerca de 36 milhões de toneladas de carbono “aprisionadas” nas laranjeiras, no solo e nas áreas de vegetação nativa.
O projeto foi selecionado pelo Fundo de Inovação para Agricultores da empresa Innocent Drinks, do Reino Unido, que financiou o estudo. Esse fundo incentiva os agricultores à transição para uma agricultura de baixo carbono, incremento da biodiversidade e práticas justas.
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