​Rumo ao futuro: o setor sucroenergético além das commodities

De olho na sustentabilidade e na redução de emissão de carbono, indústrias mostram caminhos alternativos e altamente rentáveis para a aplicação da cana-de-açúcar

30.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Juliane Pereira

O que é possível produzir a partir do caldo da cana-de-açúcar e de seu bagaço? Se a resposta foi açúcar, etanol e energia, você está correto, mas não de maneira completa. Os participantes do painel Cana e Inovação: novos usos e produtos, realizado durante o Ethanol Summit, mostraram que o uso da commodity, com adoção crescente da biotecnologia, está em transformação, mesmo que ainda de forma reduzida e altamente especializada.

“Promovemos uma discussão que evidenciou, a partir do exemplo de grandes empresas como a Amyris, Braskem, TetraPak e Fibraresist, o potencial de crescimento do mercado especializado, que ganhará cada vez mais importância por apelos de sustentabilidade, redução de emissão de carbono e necessidade de inovação”, pontuou André Nassar, diretor de Estratégia e Novos Negócios da Agroicone, responsável pela mediação do painel.

O segmento atualmente é pequeno, mas representativo – são cerca de seis milhões de toneladas, de uma moagem de cana 100 vezes maior, destinada à produção de açúcar para consumo humano e etanol carburante, que atendem nichos de mercado. “Desenvolvemos inúmeras soluções, entre elas um aditivo para a produção de pneus, que o público final já tem acesso”, pontua Fernando Reinach, conselheiro da Amyris.

Aqueles que costumam adquirir produtos longa vida vivenciam na prática a adoção do polietileno verde. “Hoje, utilizamos matérias-primas renováveis nas embalagens que comercializamos. Assim, elevamos para mais de 80% seu potencial de reciclagem e evitamos o uso de matérias-primas advindas de combustível fóssil”, afirma Valéria Michel, diretora de meio ambiente da TetraPak. O polietileno utilizado pela TetraPak foi uma solução desenvolvida pela Braskem, que é 100% renovável e, ao invés de emitir carbono, o captura.

É fato que as indústrias químicas e empresas de biotecnologia estão na fronteira deste movimento, todavia, todo este potencial – que não concorre com a produção de alimentos – pode e deve ser considerado pelas usinas. “Firmar parcerias para o desenvolvimento de novos produtos poderá gerar ótimos ganhos para as usinas. Não necessariamente de forma imediata, mas em futuro mais ou menos distante. É importante que as usinas estejam sempre atentas a tendências e possam transformar algumas delas em negócios”, esclarece André.

Conscientização dos consumidores

Muito além de debater apenas as iniciativas e ações B2B, a TetraPak apresentou no evento uma campanha de conscientização de seus consumidores, a Tô de Olho, já em circulação no YouTube. “Reduzir o impacto na cadeia de valor, desenvolver produtos sustentáveis e promover reciclagem pós-consumo são itens do nosso pilar de meio ambiente, que faz parte de nossa estratégia global. Queremos que o consumidor saiba que a embalagem utilizada tem matérias-primas renováveis e que também leve isso em consideração nas suas escolhas”, salienta Valéria.

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