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Com o objetivo de orientar técnicos da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal (Seagri-DF) e da Emater-DF na identificação das doenças do milho denominadas “enfezamentos” e sobre a adoção de medidas preventivas foi realizada uma reunião técnica, nesta quarta-feira (12), na Embrapa Cerrados (Planaltina, DF). Essas doenças podem reduzir em 70% a produção de milho na safra atual.
O chefe-geral da Embrapa Cerrados, Cláudio Karia, ressaltou a importância das instituições definirem estratégias de ação para combater o avanço dessas doenças no Distrito Federal e Entorno. De acordo com o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Sebastião Pedro, a Unidade recebeu as primeiras demandas de produtores de regiões do DF, Goiás, noroeste de Minas Gerais, Triângulo Mineiro e oeste da Bahia no final de 2016 e no decorrer dos primeiros meses deste ano foi verificado, em muitas localidades, o aumento de cigarrinhas-do-milho, inseto-vetor dos "enfezamentos".
Para a gerente de sanidade vegetal da Seagri-DF, Marília Bittencourt, a preparação dos técnicos é fundamental para o reconhecimento dos sintomas das doenças. “Essas orientações são extremamente importantes para que possamos fazer as notificações quando verificarmos as doenças e também permite uma harmonização da linguagem das instituições”, afirmou.
A próxima reunião, que contará com a participação de produtores, está marcada para 20 de maio, durante a Agrobrasília- Feira Internacional dos Cerrados, que acontecerá no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci (BR 251, Km 05), no PAD-DF.
Doenças – O pesquisador da Embrapa Cerrados Charles Martins de Oliveira apresentou uma palestra sobre os aspectos básicos e manejo dos enfezamentos do milho. Ele explicou que as doenças são causadas por molicutes (espiroplasma e fitoplasma), microrganismos semelhantes a bactérias. O espiroplasma é responsável pela doença denominada enfezamento-pálido e o fitoplasma pelo enfezamento-vermelho.
Os sintomas dos enfezamentos manifestam-se na fase de produção das plantas de milho. No enfezamento-pálido aparecem manchas produzidas na base das folhas que, posteriormente, se juntam e formam bandas grandes. Já o enfezamento-vermelho caracteriza-se por plantas severamente “enfezadas” (menor altura) e pela maior intensidade da cor vermelha, que chega a ser púrpura nas folhas mais velhas. A amplitude desses efeitos depende da cultivar de milho utilizada no plantio, da época em que a planta foi infectada e das condições ambientais.
Embora mais de 40 espécies de cigarrinhas já tenham sido identificadas na cultura do milho, apenas um inseto-vetor, denominado de cigarrinha-do-milho, com o nome científico de Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) transmite as doenças. Essas cigarrinhas são pequenos insetos, medindo aproximadamente quatro mm de comprimento. Apresentam coloração amarela-palha, com duas manchas circulares negras bem marcadas no alto da cabeça, o que permite diferenciá-las de outras cigarrinhas comumente encontradas na cultura do milho.
O pesquisador Charles Martins explicou que essas cigarrinhas se alimentam sugando a seiva das plantas de milho e localizam-se nos ponteiros, principalmente no interior do cartucho das plantas. Os espiroplasmas e fitoplasmas são adquiridos pelas cigarrinhas durante a alimentação do inseto nas plantas doentes. Este tipo de transmissão de microrganismos por um inseto-vetor é denominada de “persistente e propagativa”. Sendo assim, uma vez que a cigarrinha adquire os molicutes, ela se torna transmissora por toda sua vida.
Recomendações– As medidas de manejo para controlar os “enfezamentos” são preventivas. De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, não existe nenhuma medida cem por cento eficaz. “Nenhuma medida tomada de forma isolada vai resolver o problema. É preciso que todas sejam tomadas em conjunto”, ressaltou.
A primeira recomendação é que os produtores evitem a semeadura do milho próximo a lavouras mais velhas e com alta incidência dos enfezamentos O ideal é sincronizar a época de plantio do milho com o período de semeadura adotado para a maioria das lavouras na região.
Outras medidas são a diversificação e rotação de cultivares de milho; a eliminação de plantas de milho voluntárias (conhecidas como tigueras), que podem servir de reservatórios do inseto e dos enfezamentos para os cultivos de milho subsequentes; e o tratamento das sementes com inseticidas registrados no Ministério da Agricultura.
Em localidades com alta incidência de enfezamentos e de cigarrinhas, o pesquisador recomenda a interrupção temporária do cultivo do milho para eliminar tanto as doenças quanto os insetos-vetores.
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