Reunião de trigo apresenta novas cultivares e ennfoca classificação do grão

28.07.2011 | 20:59 (UTC -3)
Christiane Congro Comas

Durante os quatro dias da V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, os participantes do evento puderam conhecer características e detalhes de 13 novas cultivares de trigo que estarão disponíveis para cultivo a partir da safra 2012, sendo que suas características e descrições estarão contidas na publicação de Informações Técnicas para Trigo e Trtiticale - Safra 2012. As novas cultivares são: TBIO Bandeirante, TBIO Seleto, TBIO Itaipu, TBIO Iguaçu (BioTrigo); CD 124, CD 151, CD 154 (Coodetec); BRS Gralha Azul, BRS 329, BRS 328, BRS 331 (Embrapa); IAC 385 Mojave (IAC) e IPR Catuara TM (Iapar).

Ainda quanto às novidades apresentadas na Reunião, se destacam seis cultivares que tiveram suas áreas de abrangência ampliadas: BRS Albatroz, para Santa Catarina; CD 122 e CD 123, ambas para a região 3 do PR; TBIO Pioneiro, para as regiões 2 do RS, região 1 e 2 de SC e região 1 do PR; TBIO Tibagi, para região 1 e 2 do PR e SC e IAC 381, para a região 3 de SP.

Para Ricardo Lima Castro, pesquisador da Embrapa Trigo e coordenador da subcomissão de Melhoramento, Aptidão Industrial e Sementes, a apresentação das novas cultivares e extensão das áreas de abrangência refletem a importância das pesquisas com melhoramento genético como forma de proporcionar maior rentabilidade, rendimento de grãos, adaptação a diferentes regiões do país e qualidade tecnológica em prol da liquidez de comercialização de produtos.

Além dessas novidades, também foram apresentados trabalhos relacionados à qualidade tecnológica, com ênfase na nova classificação, avaliação de cultivares e linhagens e outros assuntos relacionados ao melhoramento genético.

Nova classificação - A nova classificação comercial do trigo brasileiro foi outro tema de destaque na V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (V RCBPTT). A partir da safra 2012 de trigo, começa a vigorar a nova classificação comercial do trigo brasileiro, através da Instrução Normativa nº 38, de 30/11/2010, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para se adequar à regulamentação, as empresas obtentoras, responsáveis pelo desenvolvimento genético do trigo, precisam classificar todas as cultivares que estão no mercado em parâmetros que definem os trigos nas classes: melhorador, pão, doméstico, básico ou outros usos.

O consumo anual de trigo no Brasil é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, dos quais 60% têm como destino a indústria de panificação, o que exige trigo da classe pão, com força de glúten (W) superior a 220 e inferior a 300 ou estabilidade farinográfica maior que dez minutos, um dos requisitos mínimos para a fabricação do pãozinho francês, com casquinha crocante e bom volume. Na IN nº 38, o valor mínimo da força de glúten para o enquadramento na classe pão passa de 180 para 220. Na nova classificação, além do trigo pão, melhorador e outros usos, passam a existir duas novas classes de trigo: doméstico e básico.

“A força de glúten está relacionada ao processo de fermentação da panificação, enquanto a estabilidade farinográfica está ligada as propriedades de mistura da massa (quanto a massa de farinha de trigo e água resiste ao amassamento). Esses dois parâmetros são fundamentais para avaliar a qualidade tecnológica do trigo e estão ligados ao sucesso do produto final, variando em função do uso final do trigo”, explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Martha Z. de Miranda.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Eduardo Caierão, a partir dessa reunião todas as indicações das cultivares deverão estar classificadas de acordo com a instrução normativa do Mapa. “Essa é uma importante conquista em favor da qualificação do trigo, porém o produtor precisa estar atento para produzir cultivares indicadas para sua região produtiva, visto que o valor da força de glúten varia muito em função das condições climáticas de cada região e de cada nova safra”, disse ele. O Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, disse ainda que a primeira ação dos obtentores está relaciona à classificação de todas as cultivares a partir de parâmetros definidos pelas instituições de pesquisa no mês de maio e que na Embrapa Trigo, a nova classificação prevê frequência mínima de 60% de amostras pertencentes a uma classe para que a cultivar seja enquadrada na mesma, como forma de proporcionar maior segurança para o produtor.

Durante o evento, outros temas foram debatidos envolvendo o trigo e triticale. Esses trabalhos foram debatidos nas demais subcomissões do evento: solos e nutrição vegetal; transferência de tecnologia e socieconomia; fitopatologia; entomologia e ecologia, fisiologia e práticas culturais.

A V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale é uma realização da Embrapa Trigo e Embrapa Agropecuária Oeste e conta com apoio da BASF, Syngenta e Grupo Dallas. O Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste e presidente da comissão organizadora do V RCBPTT, Claudio Lazzarotto, agradeceu a participação de todos nas atividades e se disse satisfeito com o resultado obtido nessa semana de atividades. O Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Asmus, enfatizou a relevância das pesquisas com trigo para o país e parabenizou pelos resultados técnicos obtidos por todos os envolvidos com esse evento.

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