Protecionismo no comércio mundial reforça importância do acordo entre Mercosul e UE

Benefícios como diversificação e aumento do valor agregado dos produtos exportados pelos sul-americanos foram destacados durante o 7° Fórum de Agricultura da América do Sul

09.09.2019 | 20:59 (UTC -3)
Camila Castro

O acordo entre Mercosul e União Europeia, que ainda necessita de ratificação entre as partes, se apresenta como essencial em diversos aspectos para o bloco sul-americano. Isso porque o protecionismo cresce no comércio mundial e os objetivos da região, como diversificação de produtos exportados e aumento de seu valor agregado, serão impulsionados pelo tratado. O assunto foi tema do 7º Fórum de Agricultura da América do Sul, que aconteceu nos dias 5 e 6 de setembro em Curitiba (PR).

Segundo a especialista em política comercial da União Europeia, Emily Rees, o Mercosul possui pouco inserção em cadeias que agregam valor, e com o acordo, isso tende a mudar. “Será um impulso e o início para uma inserção que continuará”, defendeu. “Esse acordo vai criar espaços. Os dois blocos, juntos, representam 25% do PIB mundial. Um alinhamento permitirá criar uma competitividade, em um universo de 726 milhões de pessoas com variedade de demandas, mas também com uma variedade de produtos”, complementou Emily.

Ainda sobre produtos diferenciados, Emily apontou o reconhecimento da Identificação Geográfica, mercado que movimenta 50 bilhões de dólares no comércio internacional. Por meio do acordo, já foram reconhecidos 450 produtos. Avanços no processo de habilitação de plantas e questões sanitárias, também foram lembradas. O painel contou com participação da especialista em política agropecuária do Ministério da Agricultura do Uruguai, Maria Noel Ackerman, e com a mediação do coordenador geral de Acesso a Mercado do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Gustavo Cupertino, que atuou nas negociações do acordo.

Sustentabilidade

Ponto-chave para a celebração do acordo e para que os países sul-americanos continuem a oferecer produtos com quantidade e qualidade, a sustentabilidade esteve em pauta. Nesse sentido, o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Rafael Zavala, destacou o protagonismo da região para as tendências futuras. “Em 2050, haverá 10 bilhões de pessoas demandando alimento e para atender essa necessidade temos que aproximar de conceitos que antes achávamos ser antagônicos”, explicou.

Com essa perspectiva, o coordenador da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia do Sistema Confea/Creas (CCEAGRO), Kleber Santos, lembrou dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “A agricultura familiar é fundamental para cumprir essa agenda até 2030, contribuindo com cidades a assentamentos urbanos mais seguros, resilientes e sustentáveis”, disse. Um exemplo é Curitiba, que visa ser referência em agricultura urbana e familiar. “As vezes o consumidor final não sabe que pode ter acesso a esse tipo de produto ou que ele está muito longe, por isso precisamos fomentar esse modelos sustentáveis de consumo”, afirmou o secretário de Segurança Alimentar e Nutricional da cidade, Luiz Gusi.

Outro modelo que visa a sustentabilidade, é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), tecnologia que tem o objetivo de unir esses três setores na produção, por meio do uso de técnicas adequadas, que trazem benefícios como melhoria nas questões ambientais e sociais. O tema foi destaque em painel com participação do diretor de marketing da John Deere, João Pontes, a proprietária da Fazenda Santa Brígida em Ipameri (GO), Marize Porto Costa, e do presidente do conselho administrativo da Cocamar, Luiz Lourenço.

Agroinovação

boom das tecnologias e plataformas digitais no campo foi apresentado na prática durante o Desafio Agritech Startup. Ao todo, seis startups se apresentaram no palco do Fórum para mostrar as soluções e inovações que propõe para o setor. Após votação popular, a Metha foi a vencedora do desafio. A startup curitibana desenvolveu uma micro central hidrelétrica, que é capaz de gerar energia elétrica mesmo com mínima quantidade de água. Os desafios para avançar no uso e disseminação dessas ferramentas no campo, entretanto, ainda existem.

As restrições na conexão tem sido um gargalo para a inovação tecnológica. Para a coordenadora de serviços tecnológicos e inovação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Silvana Kumura, esse é um dos maiores desafios que impede a evolução da produção. “Nosso grande desafio é aumentar a produção de alimentos, mas de maneira sustentável. E são essas tecnologias que facilitam e possibilitam termos um terreno fértil para a inovação”, destaca. Participou do debate a pesquisadora da Embrapa instrumentação, Débora Marcondes Pereira, e Lindemberg Almeida, gerente de comunicação e marketing da SPRO Group.



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