Projeções de interferência climática no café e de dúvidas para a cana

Avaliações são de analistas da hEDGEpoint Global Markets

14.12.2021 | 16:04 (UTC -3)
Luciano Pereira

A hEDGEpoint Global Markets, empresa especializada em soluções de hedge, gerenciamento de riscos e inteligência de mercado para a cadeia global de commodities agrícolas e de energia, apresentou boletins analíticos sobre café, açúcar e petróleo.

Café

Os índices pluviométricos se recuperaram nos últimos dois meses. Em setembro, 78% da produção de arábica recebeu chuvas inferiores a 60% da média, com essa parcela caindo para 5% em outubro e 14% em novembro. De acordo com a hEDGEpoint Global Markets, com o La Niña voltando a se tornar ativo, o mercado fica atento aos possíveis impactos no clima brasileiro. O exemplo mais recente é a safra 21/22, que sofreu com a estiagem.

Ainda assim, apesar da previsão de um evento de intensidade moderada em dezembro e janeiro, os modelos de previsão de chuvas indicam que as áreas cafeeiras terão chuvas acima da média nos próximos meses. Porém, alguma atenção é necessária para as próximas duas semanas, principalmente no Sul de Minas Gerais.

A avaliação é de Natália Gandolphi, analista de Inteligência de Mercado.

Açúcar

De acordo com a hEDGEpoint Global Markets estima-se que mercado atingiu um equilíbrio de curto prazo entre 18,7 c$/lb e 20 c$/lb. Neste contexto, existem fatores externos ao mercado conflitantes como os preços mais altos do petróleo e chances altas de La Niña contra as perspectivas contracionistas dos Bancos Centrais e as incertezas da variante Ômicron.

Ainda assim, dentro do próprio mercado brasileiro, existem questionamentos que podem abalar, ou mesmo intensificar os spreads. O clima afetou alguns grandes produtores e isso já foi contabilizado, ou não representa grande risco à atual conjuntura de mercado. Portanto, resta saber qual a extensão da recuperação da safra brasileira e como será o ritmo das importações chinesas nos próximos meses.

Ainda segundo a hEDGEpoint Global Markets, ao avaliar os números chineses, é provável que eles importem acima de sua média histórica, ainda que de forma inferior ao ano passado. Dessa forma, espera-se que a paridade indiana dê suporte ao primeiro e ao segundo contrato de açúcar bruto, uma vez que, sendo a principal origem no momento, é necessário pagar pelo seu produto. A partir do segundo trimestre, a extensão do excesso de oferta dependerá tanto da recuperação da cana brasileira quanto da paridade de preços com o etanol.

A análise é de Lívea Coda, analista de Inteligência de Mercado.

Petróleo

Segundo análises da hEDGEpoint Global Markets, existem fundamentos do lado da oferta de curto e médio prazo que são suscetíveis de manter os preços do petróleo sustentados. A variante Ômicron não fez qualquer mudança significativa na demanda, enquanto a OPEP e os EUA continuaram a produzir coletivamente menos petróleo. Isso explica a rápida recuperação verificada após a liquidação da semana passada.

Olhando para o futuro, as preocupações com a redução de investimentos em petróleo têm o potencial de adicionar um prêmio aos primeiros vencimentos, já que a quantidade de petróleo que será disponibilizada no futuro é incerta. A falta de políticas ambientais para estimular a produção de energia renovável para atender demanda também faz com que os especuladores voltem para o inflacionado mercado de petróleo (energia fóssil).

Chegou a essas conclusões Heitor Paiva, analista de Inteligência de Mercado.

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