Prognóstico do IBGE aponta queda de 3,7% na safra 2026

Apesar da queda na safra de grãos, produção de soja deve crescer 1,1% e bater novo recorde em 2026, com 167,7 milhões de toneladas

13.11.2025 | 10:23 (UTC -3)
Irene Gomes, edição Revista Cultivar
Foto: Jaelson Lucas
Foto: Jaelson Lucas

A produção brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve totalizar 332,7 milhões de toneladas em 2026, segundo o primeiro prognóstico do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta quinta-feira (13) pelo IBGE. O volume representa queda de 3,7% em relação à safra de 2025, estimada em 345,6 milhões de toneladas, que foi recorde da série histórica da instituição.

De acordo com o IBGE, a redução prevista para 2026 está ligada, principalmente, à menor produção esperada de milho, que deve cair 9,3%, além de recuos no sorgo (-11,6%), arroz (-6,5%), algodão (-4,8%), trigo (-3,7%), feijão (-1,3%) e amendoim (-2,1%). Já a soja deve avançar 1,1%, atingindo novo recorde nacional.

“Em 2025, tivemos condições climáticas muito favoráveis para a maioria das culturas. Já em 2026, a previsão é de queda, pois o fenômeno La Niña tende a trazer chuvas intensas para o Centro-Oeste e escassez no Sul, o que pode afetar as lavouras”, explica Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do IBGE.

O Instituto destaca ainda a inclusão de canola e gergelim no levantamento de 2026, culturas que têm ganhado importância, embora com produção concentrada em poucos estados.

Soja deve bater novo recorde; milho lidera retração

A soja deve alcançar 167,7 milhões de toneladas em 2026, um aumento de 1,1% em relação a 2025, impulsionado por um rendimento médio 0,8% maior (3.507 kg/ha) e leve expansão de área (+0,3%). O resultado representará novo recorde nacional para a leguminosa.

O milho, por outro lado, deve recuar 9,3%, com produção total estimada em 128,4 milhões de toneladas. A primeira safra deve crescer 0,9%, chegando a 26,3 milhões de toneladas, enquanto a segunda safra — responsável pela maior parte do volume — deve cair 11,6%, para 102,1 milhões de toneladas.

“A base de comparação é alta, pois a safra 2025 foi muito favorecida pelo clima. Além disso, ainda há incertezas quanto à janela de plantio do milho, já que as lavouras de verão estão em desenvolvimento”, ressalta Guedes.

Outras culturas têm retração moderada

O algodão deve produzir 9,3 milhões de toneladas, queda de 4,8% após três anos consecutivos de recordes. Segundo o IBGE, os preços em baixa e as margens mais estreitas devem levar à redução de área plantada.

O arroz está projetado em 11,8 milhões de toneladas, retração de 6,5% em relação a 2025, reflexo de menor investimento nas lavouras e queda de 3,3% tanto na área quanto no rendimento médio.

Para o feijão, o volume estimado é de 3 milhões de toneladas, ligeira redução de 1,3%, mas suficiente para atender à demanda interna.

A área total a ser colhida em 2026 é estimada em 81,5 milhões de hectares, aumento de 1,1% sobre o ciclo anterior. O crescimento é puxado por soja, milho e trigo, enquanto algodão, arroz, feijão e sorgo devem recuar em área.

Produção cresce no Sul e recua no Centro-Oeste

O IBGE prevê aumento da produção em Paraná (2,4%) e Rio Grande do Sul (22,6%), enquanto os principais estados produtores do Centro-Oeste devem registrar quedas: Mato Grosso (-9,8%), Goiás (-7,8%) e Mato Grosso do Sul (-12,2%).

Safra 2025 fecha com recorde histórico

A safra de 2025 atingiu 345,6 milhões de toneladas, alta de 18,1% frente a 2024 e recorde histórico. Soja, milho, algodão e sorgo tiveram produção recorde. A soja somou 165,9 milhões de toneladas; o milho, 141,6 milhões; o algodão, 9,8 milhões; e o sorgo, 5,2 milhões de toneladas.

Essas quatro culturas responderam pela maior parte do crescimento, impulsionadas por condições climáticas favoráveis e ampliação de área.

Capacidade de armazenagem cresce e chega a 231,1 milhões de toneladas

A Pesquisa de Estoques do IBGE aponta que a capacidade de armazenagem agrícola do país aumentou 1,8% no primeiro semestre de 2025, totalizando 231,1 milhões de toneladas. O número de estabelecimentos de armazenagem chegou a 9.624, alta de 1,2% frente ao semestre anterior.

O Rio Grande do Sul continua sendo o estado com mais unidades (2.454), enquanto o Mato Grosso lidera em capacidade, com 63 milhões de toneladas.

Os silos representam 53,3% da capacidade total, somando 123,2 milhões de toneladas, seguidos pelos armazéns graneleiros (84,2 milhões) e pelos convencionais e infláveis (23,8 milhões).

Os estoques agrícolas em 30 de junho de 2025 foram estimados em 79,4 milhões de toneladas, com destaque para soja (48,8 milhões), milho (18,1 milhões) e arroz (6,1 milhões).

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