Profissionais são capacitados para iniciar projeto Hortas Pedagógicas no Maranhão

Curso é sobre aperfeiçoamento profissional em fundamentos da produção orgânica de hortaliças

01.03.2019 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

Em continuidade às ações para operacionalização do projeto Hortas Pedagógicas no Maranhão, foi realizado, nos dias 21 e 22 de março, na Embrapa Cocais, o curso de aperfeiçoamento profissional em fundamentos da produção orgânica de hortaliças. Ministrada por especialistas da Embrapa Hortaliças, a capacitação teve a participação de engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e profissionais de áreas correlatas das instituições públicas municipais envolvidas. 

O objetivo foi nivelar o conhecimento das técnicas da produção orgânica de hortaliças, considerando a legislação brasileira e os mais avançados resultados da pesquisa agrícola. “Esse foi nosso primeiro curso semipresencial, com apoio de vídeoaulas e pesquisadores online, e contou com um público bastante preparado e participativo”, avaliou o analista da Embrapa Hortaliças Francisco Herbeth. Foram abordados temas como princípios da produção orgânica, nutrição na perspectiva orgânica, produção de mudas, manejo ecológico de pragas, manejo integrado de doenças e de nematoides, cultivo protegido e cultivo hidropônico, cultivo de hortaliças tradicionais, Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANCs) e pós-colheita.

O projeto Hortas Pedagógicas é uma semente para uma política pedagógica de segurança alimentar e nutricional no Maranhão. Faz parte da parceria entre a Embrapa e o antigo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), atual Ministério da Cidadania, para desenvolver metodologia de implantação de hortas pedagógicas em escolas no Maranhão e no Piauí, estados com alto índice de vulnerabilidade social.

Para o chefe-geral da Embrapa Hortaliças, Warley Nascimento, que participou da abertura por meio de vídeo, o projeto alia práticas de produção de hortaliças às práticas didático-pedagógicas da escola, estimulando as crianças a levarem os conhecimentos para casa e para sua comunidade. “É uma semente que se multiplica”, disse.

A chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Brefin, agradeceu a participação dos parceiros. “O sucesso do projeto no Maranhão depende de cada um nós, que estamos juntos nesse propósito inédito e promissor. Que esse projeto seja também um espaço para semear e cultivar novas ideias”. 

O secretário de Agricultura de São Luís, Raimundo Nonato, elogiou o projeto. “É de grande relevância, tem alcance social e propiciará que jovens tenham oportunidade de acesso ao conhecimento agronômico. Minha equipe de assistência técnica, engenheiros e técnicos, está toda aqui para se tornar multiplicadora desse conhecimento nas escolas”. 

Para a presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp), Loroana Coutinho de Santana, a iniciativa é inovadora. “Escola é local de formação e também de educação para a segurança alimentar e nutricional, com sustentabilidade. As perspectivas são promissoras. Bons frutos virão e nossos técnicos e engenheiros agrônomos estão entusiasmados em semear esses conhecimentos”. 

O projeto será implantado como piloto em duas escolas públicas municipais de São Luís: a Unidade de Educação Básica (UEB) Governador Jackson Kepler Lago, na área urbana (no bairro Cidade Operária), e a UEB Major Augusto Mochel, na zona rural (no bairro Maracanã). A implantação das hortas vai ocorrer ainda este ano, com início das ações a partir de março e programação intensificada em junho, término do período mais chuvoso, quando ocorrerão as capacitações em diversas abordagens e temáticas do projeto em parceria com a comunidade escolar. O projeto tem duração prevista até o final de 2020, com perspectivas de ser prorrogado e/ou ampliado para outras escolas.

No Maranhão, são responsáveis pela execução do projeto a Embrapa Cocais, secretarias municipais de São Luís (Educação, por meio do Núcleo de Educação Ambiental – NEA, Agricultura, Pesca e Abastecimento, Segurança Alimentar, Planejamento e Desenvolvimento), e Agerp, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), além de apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação. 

Estratégicas pedagógicas e de comunicação 

Na metodologia do projeto, as hortas funcionam como sala de aula aberta e interdisciplinar, nas quais disciplinas básicas e temas transversais podem ser abordados, de forma prática, em conjunto com os aspectos agronômicos. Além da multidisciplinariedade, a iniciativa possui essência integradora (escola – aluno – família – comunidade) e multifuncional (vertentes social, econômica, ambiental, entre outras). 

Durante o evento, integrantes do comitê executivo do Hortas Pedagógicas e parceiros reuniram-se para a construção participativa de um método para implantação de hortas nas escolas.

Para harmonizar esses elementos, foram realizadas oficinas de planejamento estratégico das vertentes pedagógica e de comunicação, lideradas pela analista da Embrapa Hortaliças Margarida Gorga, coordenadora nacional do projeto pela Embrapa. “Fizemos alinhamento das outras dimensões do projeto, para que cumpra seu propósito de educação em segurança alimentar e nutricional no Maranhão. Também reunimos os profissionais de comunicação das instituições envolvidas para iniciarem elaboração de um plano de comunicação”, resumiu. 

As dimensões pedagógicas discutidas foram: espaço físico, ou seja, a implantação da horta como espaço de ensino-aprendizagem (laboratório) e sua manutenção e sustentabilidade na escola; currículo, com a definição de conteúdos estruturantes e constantes do projeto da escola; participação da comunidade desde o início, para que haja o sentimento de pertencimento e o reflexo da cultura local; e, por último, gestão, que instituiu o comitê gestor do Hortas Pedagógicas na escola, composto preferencialmente por professor, diretor, estudante, coordenador pedagógico, nutricionista e técnico agrícola ou agrônomo. 

Entre as ações do comitê gestor na escola estão elaborar o plano de gestão e de ação, definir indicadores de avaliação, identificar e relacionar as linhas de ação do projeto com projeto político pedagógico da escola e aprovar plano de comunicação integrado do projeto. 

“O planejamento de comunicação é imprescindível para que as ações do projeto tomem uma dimensão maior, envolvam a comunidade escolar e ganhem repercussão necessária para sua manutenção e expansão no Maranhão, contribuindo para a construção de uma nova realidade alimentar e nutricional de estudantes, sua família e comunidade, mudança essa que ecoará também para a sociedade”, completou Margarida.

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