Quais os sistemas e tecnologias presentes nas colhedoras de grãos
As tecnologias presentes nas colhedoras de grãos podem proporcionar ganhos em eficiência, porém entender o seu funcionamento e dominar ajustes e calibrações é fundamental
O mês de outubro representa a fase final para o desenvolvimento do trigo no Rio Grande do Sul, quando os produtores podem conferir o potencial produtivo das lavouras que partem do enchimento de grãos para a maturação. Para apresentar a genética da Embrapa em cereais de inverno, o setor produtivo foi convidado a visitar as lavouras expositivas instaladas junto com parceiros da pesquisa em 50 municípios.
Mais de 70 produtores e assistência técnica já passaram pela vitrine de tecnologias da Embrapa Trigo, instalada às margens da rodovia BR 285, em Passo Fundo, RS, para conhecer as cultivares disponíveis no mercado e os futuros lançamentos em trigo, triticale, cevada e forrageiras de inverno. Em trigo, são apresentadas aos visitantes oito linhagens para panificação, além de alternativas de forragens. “Estamos trabalhando no desenvolvimento de cultivares que atendam as demandas do mercado, capazes de aliar rendimento sem aumentar custos de produção. Isso é possível com genética de melhor sanidade, somada ao aprimoramento das técnicas de manejo”, explica o pesquisador Eduardo Caierão.
O objetivo de apresentar futuros lançamentos é avaliar a aceitação do produtor. Durante a visita é entregue um questionário onde o produtor ou assistência técnica atribui notas para diferentes características apresentadas pelas plantas. Os resultados são tabulados e servirão de balizador na tomada de decisão para o lançamento das cultivares, junto com a validação de características agronômicas.
A Cotricampo, cooperativa com sede em Campo Novo, RS, trouxe uma equipe do departamento técnico até a Embrapa Trigo para conhecer as novidades em genética e manejo em cereais de inverno. Para o Presidente Gelson Bridi, é fundamental que a equipe veja o que está vindo no mercado, principalmente de trigo. “Nós olhamos as linhagens aqui e levamos sementes para avaliar na área experimental da Cotricampo, o que permite verificar o desempenho das plantas nas nossas condições de ambiente. O próximo passo é fazer a análise de qualidade no nosso moinho. Assim, o nosso cooperado tem total segurança sobre o que vai plantar e, principalmente, o que vai colher”, conta Bridi.
Para o produtor de sementes Valter Scherer, a genética da Embrapa evoluiu muito nos últimos anos, primeiro com soja e agora com trigo: “Vemos diferenciais importantes nas cultivares de trigo que estão chegando, como sanidade, clico precoce, porte com melhor resistência ao acamamento, alto potencial de produtividade e materiais que podem atender diferentes nichos de mercado. Sem dúvidas, a Embrapa está com um portfólio fantástico”.
“Precisamos de cultivares com sanidade, produtividade e qualidade. Um tripé difícil de equilibrar, mas acredito que a Embrapa está no caminho”, avalia o engenheiro agrônomo Rodolfo Richter, da Cotricampo.
Para conhecer as novidades em forragens de inverno, um grupo de produtores que trabalham com sistemas integrados (ILPF) no noroeste do Rio Grande do Sul visitou a vitrine da Embrapa Trigo. O que mais chamou a atenção do produtor Ivonei Librelotto, de Boa Vista das Missões, RS, foram as linhagens de cevada para forragem e os trigos de duplo propósito, utilizados para pastejo e posterior colheita de grãos, alternativas desenvolvidas para garantir alimento durante os períodos de maior escassez de pasto, nos vazios outonal e primaveril, com capacidade de ofertar mais energia ao gado, além de maior teor de proteínas. “Nesta visita foi possível avaliar como o produtor pode gerar renda no inverno, sem prejudicar o verão. Pelo contrário, a demonstração do crescimento das raízes dos cereais de inverno, com mais de um metro de profundidade, mostrou o efeito destas culturas na melhoria do solo que, certamente, vai impactar de forma positiva na lavoura de verão”, avalia o produtor.
A aposta da ZT Sementes, com sede em Cruz Alta, RS, foi a cultivar BRS Belajoia. “Conhecemos a cultivar no ano passado e achamos interessante a proposta de melhor sanidade para reduzir custos. Com duas lavouras em multiplicação de sementes do BRS Belajoia, pudemos confirmar o padrão fitossanitário nesta safra”, conta o produtor Tomás Scapin.
Nos 30 hectares com a cultivar, a expectativa é chegar até a colheita com apenas uma aplicação de fungicida, somente no espigamento, já que não foi necessário fazer aplicações no desenvolvimento vegetativo. “Se o clima continuar seco, afastamos o risco de giberela e a necessidade de gastar com fungicidas a partir de agora”, avalia Tomás, calculando o custo de produção na lavoura de sementes de BRS Belajoia entre R$ 800 a R$ 1.000 por hectare, considerado pequeno frente ao potencial produtivo da lavoura estimado em, no mínimo, 60 sacas por hectare.
De acordo com o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Faé, “dizer que o cultivo de inverno não é rentável é um mito a ser combatido”. Ele exemplifica com as altas cotações do leite e a oportunidade de aumentar o rendimento com o uso do trigo de duplo propósito: “Considerando a produção de leite em pastejo durante o ciclo do trigo de duplo propósito, na média de 6 mil litros de leite por hectare ao longo de 130 dias, com o preço de R$ 1,50 o litro, são R$ 9 mil por hectare. Isso representa a renda obtida com 80 sacos de soja por hectare. É preciso saber intensificar o sistema de produção para gerar renda o ano todo”.
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