Na safra 2016/17 CESB busca produtividade de 143 sacas de soja
Novo desafio será lançado em Sinop (MT) no dia 22
Desde o dia 18, a Revista Cultivar está participando da Expedição China, acompanhando um grupo de 32 pessoas formado por produtores rurais, consultores e jornalistas de seis diferentes Estados brasileiros. O objetivo desta viagem, organizada pela AgroBravo, agência especializada em viagens técnicas, é percorrer os caminhos da soja brasileira em solo chinês.
No roteiro estão palestras técnicas, visitas a propriedades rurais, empresas de processamento de soja, fábrica de máquinas agrícolas e alguns dos principais pontos turísticos do país. O programa foi minuciosamente planejado para possibilitar que os produtores entendam o que acontece com a soja produzida no Brasil e exportada para a China, desde a chegada dos grãos na unidade de beneficiamento, até a sua transformação em produto final, pronto para o consumo, seja humano ou animal.
PALESTRAS TECNICAS
O roteiro do primeiro dia começou com uma palestra do professor do Instituto de Ciências Geográficas e Investigação de Recursos Naturais, Liu Aimin, que falou sobre produção e comercialização de soja na China, perfil do consumidor, mercado interno, importação e exportação de soja para o desenvolvimento da China. Os dados não poderiam ser mais surpreendentes. Numa população de um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes qualquer acréscimo de poucas gramas na média anual de consumo de alimentos gera números exorbitantes. Por exemplo, se a média anual per capita de consumo de carne bovina aumentar 500 gramas de um ano para outro, seria necessário aumentar a importação em mais 700 mil toneladas de produto. Liu Aimin falou sobre os principais desafios para alimentar seu pais e a importância dos principais produtos agrícolas na economia chinesa.
Trigo - De acordo com Aimin, de 1979 a 2000 a China cultivava aproximadamente 8 milhões de hectares de trigo. Hoje a cultura cobre uma área de 24 milhões de hectares, com produtividade de 4,95 ton/ha chegando a um total de 120 milhões de toneladas por safra. Uma das formas de subsidio é a utilização de preço mínimo estabelecido pelo governo, o que garante o interesse dos produtores pela cultura. A China consome toda a sua produção e ainda importa uma pequena parcela.
Milho - O milho foi a única cultura que cresceu em área e produtividade na China nos últimos anos, alcançando uma produção de 200 milhões de toneladas na última safra. Isso fez com que os estoques ficassem saturados, obrigando o governo a retirar inclusive parte da proteção de preço mínimo utilizada para incentivar o cultivo da cultura. Em 2015 a área cultivada com milho chegou aos 36 milhões de hectares com uma produtividade média de 5,9 ton/ha. Do total da produção, 150 milhões de toneladas são destinadas à alimentação animal e o restante é utilizado para alimentação humana e outros fins.
Soja - O crescimento do consumo de soja na China pode ser medido pelo aumento do número de empresas esmagadoras e beneficiadoras nos últimos anos. De acordo com Aimin, no ano 2000 aproximadamente 60 empresas de médio porte operavam, espalhadas entre as regiões produtoras de soja no país. Hoje são mais de 120 plantas modernas, com pelo menos o dobro capacidade das antigas, possibilitando o processamento de mais de 500 mil toneladas por dia. Essas empresas instalaram-se principalmente próximas às regiões portuárias do Pacífico, porta de entrada de grande parte das importações chinesas.
Para se ter uma ideia deste crescimento, no ano 2000 o total de soja importada pela China equivalia a produção de 6,75 milhões de hectares. Em 2015 foi importado o equivalente a 64,26 milhões de hectares. Desde 2013 o Brasil é o maior exportador de soja para a China, seguido por Estados Unidos e Argentina.
Esse aumento de demanda é consequência do crescimento econômico do país que avança na casa dos 7,5% ao ano. Com mais recursos os chineses incrementaram a sua alimentação, multiplicando por dez o consumo de aves e quatro o consumo de carne suína nos últimos anos, além de ovos e leite. Por conta desses números a maior parte da soja importada é utilizada na produção de ração para animais.
Para os próximos anos a tendência é a manutenção dos patamares atuais de importação de soja e aumento em itens como carne bovina e leite, por conta da escassez de terra para produção destes alimentos e também porque os chineses preferem produzir porcos e frangos por que são fáceis de serem produzidos em pequenas propriedades, alem de utilizarem o esterco como adubo orgânico.
VISITAS
Ainda no primeiro dia o grupo visitou uma das unidades da empresa Hopefull Group, com capacidade de processar sete mil toneladas de grãos por dia e 600 mil toneladas por ano. Contando com suas outras unidades, a Hopefull Group consegue beneficiar três milhões de toneladas por ano. Esta mesma unidade, instalada nos arredores de Beijing, possui o maior armazém de grãos do mundo, com capacidade para 800 mil toneladas, que fica ao lado de uma ferrovia pública e distante 175km do terminal portuário. O custo da tonelada de soja recebida nesta unidade é de US$ 600 dólares, o que dá aproximadamente R$ 118,00 reais por saca de 60 quilos.
Na segunda visita do dia o grupo conheceu a Beijing Zhongchuang Huifeng Technology Developmento, uma empresa especializada na produção de máquinas de pequeno e médio portes para a produção de produtos como massas e queijos de leite de soja, além de derivados de outras culturas.
ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE BEIJING E A CHINA
A cobertura completa da Expedição China será publicada nas próximas edições das Revistas Cultivar Máquinas e Cultivar Grandes Culturas.
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