Produção sustentável agrega valor à produção agrícola, afirmam especialistas

25.07.2014 | 20:59 (UTC -3)

Levar aos produtores de feijão assistência técnica de qualidade, superar o “vão” entre o avanço tecnológico e o início da cadeia produtiva, incentivar o associativismo e o cooperativismo rural. Para Adilson Reinaldo Kososki, chefe do Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), essas são as principais formas de contribuir para a busca da sustentabilidade agrícola. Ele apresentou o panorama durante a palestra “Produção integrada sustentável: ferramenta para agregação de valor”, no 11º Congresso Nacional de Pesquisa de Feijão, realizado em Londrina (PR).

“Não há forma de o pequeno e médio produtor superar a falta de incentivo tecnológico sem políticas públicas. É aí que o Estado deve ajudar”, resumiu. Para tanto, o governo federal iniciou, em 2007, o Projeto Integrado em Sistemas Agropecuários (Pisa), que segue capacitando agricultores e investindo na diversificação dos modos de cultivo, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O projeto foi desenvolvido no município de São Nicolau (RS), com produtores de leite.

Outra iniciativa, voltada ao incentivo do cooperativismo e implantada no ano passado, é o Programa Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Cooperativismo e Associativismo Rural (Pisacoop). Através da agricultura de precisão e do ILPF, o programa visa transformar o cooperativismo em cultura. As regiões de aplicação do projeto são o estado do Pará, na região da Transamazônica, com 10 municípios, e a região do Cantuquiriguaçu, no Paraná, com 20 municípios. “O pequeno produtor, sozinho, não tem força econômica e social. Não adquire insumos a preços mais razoáveis, não tem possibilidades de crescimento real”, afirmou. O Paraná, na opinião de Kososki, é um exemplo de cooperativismo. “Infelizmente, o País como um todo não assume essa postura”, avalia.

AGROECOLOGIA – Já para Agostinho Dirceu Didonet, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, abordar a sustentabilidade no campo sem tocar na agroecologia não é suficiente. Baseada em inclusão social, respeito à biodiversidade e participação integral nos processos de produção, a agroecologia pressupõe a exclusão de vários modos de cultivar a terra – sem uso de fertilizantes, adubos químicos e agroquímicos –, respeitando a diferença dos ecossistemas e suas capacidades de produção. Esse foi o tema da palestra “Agroecologia na cadeia produtiva do feijão”, proferida por Didonet.

O pesquisador afirma que a agroecologia do feijão já é muito utilizada por comunidades que produzem de modo alternativo ao agronegócio. Populações ribeirinhas, assentados, quilombolas são alguns dos grupos com os quais o pesquisador trabalha, em Goiás. “Essas populações não utilizam agroquímicos, nem o plantio de monoculturas, e preservam até cinco produções diferentes, porém complementares, convivendo em harmonia”, explicou.

No entanto, tem sido cada vez mais difícil seguir com modos alternativos de produção. “Essas populações tem sido empurradas a produzir em escala, com culturas importadas, muitas vezes em monocultura, e estranhas àquele local. Ou agregam valor, no fim das contas, ou deixam o campo. É uma encruzilhada”, avaliou, relacionando as formas não sustentáveis de produção – a monocultura do agronegócio – com os vários problemas da cadeia produtiva. “Um dos maiores desencadeadores da fome no mundo é a perda de biodiversidade”, enfatiza.

O 11º Conafe é uma promoção do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), com apoio do Londrina Convention & Visitors Bureau, Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro), Basf, Miac Máquinas Agrícolas, Selegrãos, Bayer, Syngenta e Laboratório Farroupilha.

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