O evento debateu questões importantes para os produtores locais, como o manejo dos enfezamentos na cultura do milho. Os temas discutidos foram levantados em diagnóstico realizado entre os dias 29 de maio e 2 de junho, quando pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo e acadêmicos de Agronomia do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) percorreram 93 propriedades rurais na região, realizando a primeira edição do Circuito Grãos de Minas.
O agricultor Cláudio Consoni considerou que o seminário foi bastante produtivo. “Quem estava presente em muito se beneficiou com as colocações do pesquisador Emerson Borghi sobre o Circuito e com a palestra sobre estratégias de manejo dos enfezamentos do milho”.
Para Cláudio, o evento, que foi realizado no Unipam, teve como grande diferencial a presença maciça de alunos de Agronomia e da Escola Agrícola. “Deixar evidente para esse público jovem, de futuros profissionais, que a atividade agrícola é cheia de constantes desafios e que os estudos não terminam com a obtenção do diploma é de suma importância”, disse.
A equipe da Embrapa que atuou no Circuito pôde compor um panorama da produção de grãos na região em 2017. O pesquisador Emerson Borghi explicou que as percepções preliminares foram descritas numa publicação disponibilizada no Portal da Embrapa. As análises realizadas permitem apontar tendências atuais e algumas questões que merecem atenção dos produtores e de todos os envolvidos no desenvolvimento da agropecuária regional.
Durante a realização do Circuito, foram observados diversos aspectos dos sistemas de produção adotados na região, como manejo do solo, de doenças, de pragas e de plantas daninhas. Também foram analisados os processos de decisão para escolha de cultivares e de insumos, além de práticas de armazenamento e comercialização.
“Os dados obtidos foram processados e estão sendo interpretados pela equipe da Embrapa Milho e Sorgo, para compor uma apresentação detalhada aos produtores, com as informações devidamente consolidadas”, explica o pesquisador Álvaro Resende.
Cláudio Consoni ficou satisfeito com a apresentação da palestra sobre percepções técnicas do Circuito Grãos de Minas. “Ficou nítida a seriedade e o profissionalismo com que foram desenvolvidas as ações de levantamento e a tabulação de dados”, afirmou.
A segunda palestra do seminário abordou estratégias de manejo integrado visando o controle de enfezamentos na cultura do milho. “Os prejuízos com enfezamentos foram reconhecidos pela maioria dos produtores visitados. Por isso, foi importante fazer o diálogo sobre esse tema antes do plantio da próxima safra”, explica o pesquisador Ivênio Rubens de Oliveira.
A Embrapa reuniu num site diversas informações sobre enfezamentos, que são doenças causadas pela infecção da planta por microrganismos denominados molicutes, transmitidos pela cigarrinha do milho. Ivênio apresentou a página, que traz explicações para que o produtor possa identificar as doenças e orientações de manejo dos enfezamentos.
O pesquisador ressaltou como é importante que os produtores acessem as informações disponíveis e citou o levantamento de cultivares de milho disponíveis no mercado, que é realizado pela Embrapa. Na publicação, pode-se consultar quais cultivares são susceptíveis e quais são resistentes ao enfezamento. “A escolha de um material que tenha resistência à doença é o primeiro passo”.
Além disso, é necessário que as medidas para minimizar os enfezamentos sejam adotadas simultaneamente por todos os produtores quando a doença ocorre em alta incidência, causando prejuízos expressivos em determinada região.
Essas medidas incluem: escolher cultivares resistentes a enfezamentos; tratar sementes com inseticidas; eliminar milho tiguera (plantas voluntárias), com o objetivo de diminuir a chance de sobrevivência da cigarrinha na entressafra; e sincronizar ao máximo a época da semeadura entre os produtores.
Em outubro, será realizado um novo evento para debater os levantamentos quantitativos do Circuito Grão de Minas, voltado especialmente aos agricultores informantes visitados, mas aberto também a todos os demais produtores da região.
Para o próximo seminário, Consoni sugere que sejam propostas ações práticas que levem a uma união maior dos produtores vizinhos, uma vez que esse foi um dos fatores indicados como decisivo para o controle dos enfezamentos, abordado na palestra. “Aliás, qualquer que seja o tema, é crucial que fique evidente que seu vizinho não é seu concorrente, e sim um forte aliado na arte de produzir alimentos”, afirmou.