Valtra leiloa BH224 HiTech edição comemorativa de 60 anos
Valor arrecado será revertido para instituições beneficentes, dentre elas, a APAE de Mogi das Cruzes
“É uma honra enorme receber o Prêmio Norman Borlaug 2021 da ABAG, categoria Sustentabilidade. A Revolução Verde liderada por Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz em 1970, trouxe tecnologia e possibilitou que povos em várias partes do mundo tivessem mais alimentos à mesa. A tecnologia também está no centro da revolução da agricultura tropical. Após as ondas de expansão e aumento da competividade do agro brasileiro, vivemos uma terceira onda, a da sustentabilidade. Todas elas movidas à ciência. E a Embrapa vem se dedicando ao longo das últimas décadas a desenvolver soluções para um agro mais sustentável”, destacou Celso Moretti, ao receber das mãos do presidente da ABAG, Marcelo Brito, o prêmio Norman Borlaug, nesta segunda-feira (2), em São Paulo.
Também foram homenageados a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Correa da Costa Dias, e o ex-ministro da Agricultura e candidato ao Prêmio Nobel da Paz, Alysson Paolinelli, que recebeu o prêmio especial do também ex-ministro, Roberto Rodrigues, coordenador do Centro do Agronegócio da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
“Dedico este prêmio a cada um dos mais de 8 mil colaboradores da minha querida Embrapa. A cada um dos milhões de agricultores brasileiros, responsáveis por tornar o Brasil uma das maiores, competitivas e mais sustentáveis potências agrícolas globais. E por último e tão importante quanto, dedico este prêmio à minha esposa e às minhas filhas”, destacou o presidente da Embrapa durante a homenagem recebida da ABAG.
Moretti citou também importantes contribuições da Embrapa, da ciência e de seus pesquisadores no desenvolvimento de soluções tecnológicas que colocaram o Brasil na vanguarda da agricultura sustentável, por exemplo, as cultivares e animais adaptados ao estresse biótico e abiótico, o plantio direto sobre a palha, a Fixação Biológica do Nitrogênio, e, mais recentemente, a descoberta de um exército de micro-organismos capazes de auxiliar o produtor a enfrentar pragas e doenças, a conviver com a seca e a reduzir a dependência externa de fertilizantes. “Sem contar o desenvolvimento da agricultura de baixo carbono ou carbono neutro, que possibilitou que o Brasil colocasse no mercado a marca conceito de Carne-Carbono-Neutro, além da bioeconomia e o desenvolvimento de bioinsumos. A verdadeira nova Revolução Verde”, complementou o presidente em seu discurso.
Marcelo Brito, presidente da ABAG, enfatizou ser o prêmio ao presidente da Embrapa um reconhecimento a todos os profissionais da Embrapa e à importância da entidade para o Brasil e para o mundo.
O 20º Congresso da ABAG foi realizado no formato híbrido, com participações virtuais e presenciais. Com o tema “Nosso Carbono é Verde”, o congresso promoveu uma ampla discussão sobre o peso geopolítico que o Brasil tem no campo da segurança alimentar e energética, a importância da preservação do meio ambiente, a necessidade de mecanismos financeiros eficientes e os investimentos sustentáveis, baseados no ESG.
Além de homenagear personalidades importantes para a ciência e o agronegócio, o Congresso trouxe especialistas para debater os temas: “Energia Limpa e Sustentável”, "Brasil Verde e Competitivo” e o “Futuro do Agro no Comércio Mundial”. Participaram dos debates diretores e CEO´s de empresas como JBS, Bayer, Raízen, Neoenergia, Volkswagen e de corporações financeiras como B3, MB Associados, FGV e Banco Central. Na abertura estavam presentes o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, deputado Sérgio Souza, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas e o secretário de Agricultura de São Paulo, Itamar Borges.
Em sua fala de abertura do evento, o presidente do Conselho Diretor da ABAG, Marcelo Brito, lembrou das vítimas da pandemia da Covid-19. “Ao entrar n 16º mês da pandemia de Covid-19 no nosso país, fica difícil celebrar qualquer coisa diante da morte de mais de 550 mil compatriotas. Mas precisamos sim observar, como que num momento de reflexão, o papel do agro neste período. Em um momento de incertezas, como no ano passado, o agronegócio mostrou sua força e compromisso com a nação. E nunca parou. O campo e as atividades de logística e distribuição se reinventaram. Safras recordes, processamento, industrialização e exportações seguiram na mesma toada. Lamentavelmente, no período de maior safra, também estamos enfrentando um período de maior fome em nosso país. Um contraste indesejado e fruto das desigualdades sociais e econômicas que solapam o nosso país há tantas gerações. É também nossa responsabilidade contribuir de forma incansável na cura dessa ferida social”, afirmou Brito.
A ministra Tereza Cristina foi homenageada com o prêmio Ney Bittencout de Araújo, categoria Personalidade do Agronegócio. Engenheiro-agrônomo e ex-presidente da Agroceres, falecido em 1996, Bittencourt é fundador da ABAG e considerado pela instituição um dos homens mais importantes da história do desenvolvimento da agricultura brasileira.
Tereza Cristina ressaltou que a sustentabilidade tem guiado a agenda e as ações do Mapa. “Este ano fizemos um Plano Safra mais verde, com a ampliação de 101% da linha do Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) e estamos investindo em projetos de restauração florestal e geração de energia renovável a partir de biogás e biometano”, explicou. A chefe da pasta da agricultura também lembrou que o Brasil desenvolveu um modelo agropecuário tropical, ressaltando que quanto mais produtivo o país e torna, mais sustentável também se transforma.
“Nos últimos dez anos intensificamos em torno de 50 milhões de hectares de áreas degradas com tecnologias promovidas plano de baixa emissão de carbono. Em 2021, lançamos o Plano ABC +, com diretrizes para a próxima década, quando o Brasil certamente será o principal fornecedor de alimentos no mundo e com baixa pegada de carbono”, afirmou.
Tereza Cristina também falou sobre os protocolos científicos que demonstram que a agropecuária brasileira pode ser neutra em emissões de gases de feito estufa, fazendo referência ao protocolo de Carne-Carbono-Neutro desenvolvido pela Embrapa. A ministra destacou o trabalho da Embrapa, do presidente Celso Moretti e da iniciativa privada no desenvolvimento de outros protocolos com a mesma finalidade para outras commodities agrícola.
O Código Florestal e o programa AnalisaCAR, ferramenta tecnológica lançada este ano pelo Mapa, para otimizar a verificação dos dados declarados no Cadastro Ambiental Rural, também foram destaques na fala da ministra ao participar da abertura do Congresso. “Essa legislação é fundamental para que o Brasil se torne líder na agenda global da sustentabilidade, conciliando produção agropecuária com conservação ambiental. Precisamos do apoio dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal para implementar a ferramenta. O Brasil pode ser o principal player a investimentos verdes no mundo e o Mapa trabalha e apoia isso”, afirmou. Ela lembrou, ainda, da matriz ESG como direcionador dos modelos de negócios e produção.
Candidato ao Prêmio Nobel da Paz, Alysson Paolineli recebeu uma homenagem especial pelas mãos do também ex-ministro, Roberto Rodrigues. “Esse prêmio deve ser tributado aos cientistas, extensionistas, técnicos e instituições. Deve ser tributado ao produtor brasileiro, que realizou a grande mudança, tornando o país de importador para o maior exportador de alimentos. Hoje somos a esperança de um mundo que quer ter a segurança alimentar para que se tenha paz e harmonia”, afirmou o ex-ministro.
Norman Borlaug formou-se em agronomia nos Estados Unidos em 1942, especializando-se em genética e patologia vegetal. Trabalhou como pesquisador agrícola no México, onde desenvolveu a variedade de trigo semi-anão de alto rendimento, resistente a doenças fúngicas. Como resultado, o México tornou-se um exportador líquido de trigo em 1963. A seguir, Borlaug introduziu variedades de alto rendimento e técnicas modernas de produção agrícola no Paquistão e na Índia. Entre 1965 e 1970, a produção de trigo quase dobrou no Paquistão e na Índia, melhorando consideravelmente a segurança alimentar desses países. Estima-se que o trabalho de Borlaug tenha salvo da inanição entre 245 milhões e 1 bilhão de vidas em todo o mundo. Em reconhecimento à sua contribuição para a paz mundial através do aumento do fornecimento de alimentos, ele foi premiado com o Nobel da Paz em 1970.
Assista à integra do 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio clicando aqui.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura