Área de soja do MT deve aumentar 43,80% nos próximos 10 anos
Em relação à produção, o crescimento previsto é de 55,70% para a soja
Avaliação de áreas de campo nativo e monitoramento dos hábitos de roedores silvestres fazem parte das tarefas de pesquisadores do Projeto RestaurAPA previstas para este Dia do Pampa, comemorado em 17 de dezembro. A data será marcada por trabalhos de campo na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, no Oeste Gaúcho, onde a iniciativa visa restaurar aproximadamente 1,9 mil hectares em 20 propriedades familiares da região. A meta do projeto é conciliar a preservação da biodiversidade à atividade pecuária, tradicional na região.
Neste mês, foi realizada, em áreas de campo conservado, a colheita de sementes nativas. O material será semeado em pontos com altos focos de invasão da espécie capim-annoni (Eragrostis plana Nees). A atividade, acompanhada pelo engenheiro agrônomo Leonardo Guimarães (Emater/RS), foi realizada em parceria com o projeto “Otimização da restauração ecológica dos campos nativos do Pampa por meio de colheita mecanizada de espécies nativas”, financiado pela Birdlife International. A prática de colheita de sementes de espécies nativas ainda é pouco usual, e nesta iniciativa, foi utilizada colhedora mecânica especial, adaptada para a tarefa - uma inovação para a restauração de ambientes campestres.
Na primeira avaliação da equipe do RestaurAPA - implementado pela Universidade La Salle (UniLaSalle), em parceria com a Emater/RS e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - foram identificadas 329 espécies vegetais na APA do Ibirapuitã. Ao todo, o Pampa apresenta mais de 2 mil espécies vegetais. O desafio é multiplicar a presença das nativas, de alto poder nutricional para bovinos e ovinos criados por pecuaristas, e combater o capim-annoni.
“As sementes nativas estão agora armazenadas e serão semeadas quando identificarmos condições climáticas favoráveis”, explica a pesquisadora Mariana Vieira, uma das coordenadoras do RestaurAPA, que é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) no âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO como agência executora.
Nesta semana, além do trabalho dos extensionistas rurais, os campos da APA do Ibirapuitã também recebem pesquisadores da área da Biologia. O grupo, coordenado pela bióloga e professora da UniLaSalle Cristina Vargas, estuda a interação entre animais nativos do Pampa e o capim-annoni. Segundo a docente, o bioma tem cerca de 100 espécies de mamíferos não voadores, como zorrilho, graxaim, tatu-mulita, e tuco-tuco, entre outros. “É uma fauna bastante rica e com espécies que fazem parte da identidade do Pampa e do imaginário do gaúcho”, afirma Cristina.
Por meio de captura e posterior liberação de espécies e análise das fezes, o grupo busca entender o papel da nutrição da fauna nativa na dispersão da espécie exótica: se os animais atuam predando ou dispersando as sementes de capim-annoni.
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