Pesquisadoras da EPAMIG vão à Costa Rica para reuniões técnicas sobre café agroecológico

Pesquisadoras também realizaram visitas técnicas para conhecer um pouco sobre a produção de café costarriquenha, incluindo a maior fazenda da cultura no país

25.11.2022 | 13:54 (UTC -3)
Pedro F. Veras
Pesquisadoras também realizaram visitas técnicas para conhecer um pouco sobre a produção de café costarriquenha, incluindo a maior fazenda da cultura no país; Madelaine Venzon/EPAMIG
Pesquisadoras também realizaram visitas técnicas para conhecer um pouco sobre a produção de café costarriquenha, incluindo a maior fazenda da cultura no país; Madelaine Venzon/EPAMIG

A convite da certificadora internacional Rainforest Alliance, as pesquisadoras da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Madelaine Venzon e Wânia do Santos Neves, participaram da International Coffee Week (Sintercafé), que ocorreu entre os dias 8 e 10 de novembro, em Herradura, Costa Rica. Além do compartilhamento e divulgação dos resultados de trabalhos que a Empresa realiza há décadas, sobre o controle biológico conservativo de pragas, as pesquisadoras também realizaram visitas técnicas para conhecer um pouco sobre a produção de café costarriquenha, incluindo a maior fazenda da cultura no país.

Visitas a fazendas de café da Costa Rica

A visita ao país da América Central começou antes da Sintercafé, com reuniões envolvendo pesquisadores locais que trabalham no Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza (CATIE), importante centro de formação que recebe estudantes de todo o mundo. “O pesquisador Elias de Melo Virginio Filho nos levou para conhecer algumas plantações de café, para vermos de perto como é a produção no país. Inclusive estivemos na maior fazenda de café da Costa Rica, que se chama Aquiares. Conhecemos também o banco de germoplasma do CATIE, famoso internacionalmente pela abertura e disponibilização de materiais para produtores”, relata Madelaine Venzon.

O que mais chamou a atenção das pesquisadoras durante as visitas, segundo Madelaine, foi o fato de que a grande maioria da produção de café na Costa Rica já é realizada em sistemas agroflorestais, nos quais os cafeeiros são cultivados conjuntamente com árvores, arbustos e mata nativa. “Essa prática é muito comum lá porque as áreas para plantação do café são bem menores que as nossas e estão localizadas em regiões muito montanhosas. Além disso, toda a colheita deles é feita manualmente. Aqui no Brasil já temos iniciativas agroecológicas semelhantes e consolidadas, como os sistemas agroflorestais de café da Zona da Mata. No geral, estes sistemas são menos difundidos para os produtores, que ainda precisam se adaptar, pois o manejo da cultura é diferente da monocultura convencional. Mas o interesse pela cafeicultura agroecológica vem crescendo nas diversas regiões produtoras do país”, destaca a pesquisadora.

Reuniões técnicas para futuras parcerias

Durante a Sintercafé, evento que recebe em torno de 500 pessoas de todo o mundo a cada edição, as pesquisadoras participaram de um workshop sobre sustentabilidade, onde trocaram informações e dados com participantes de outros países. Elas também se reuniram com profissionais da cadeia do café, para estreitar os laços de pesquisa e o compartilhamento de informações. “Nos reunimos com a diretora internacional da Rainforest Alliance, Juliana Jaramillo, que ficou fascinada com os resultados das pesquisas da EPAMIG, pois a certificadora coordena um programa de redução do uso de pesticidas a nível mundial, que pode ser muito beneficiado pelo trabalho que fazemos com controle biológico conservativo de pragas”, conta Madelaine. A prática envolve a diversificação dos plantios de café com árvores, arbustos, coberturas verdes e manejo de plantas espontâneas (não cultivadas), pesquisadas para seletivamente atrair e manter as populações de inimigos naturais das pragas, como insetos e entomopatógenos, que já existem naturalmente nos ecossistemas.

A ideia por trás das reuniões, segundo Madelaine, é materializar uma parceria para o futuro e intensificar a troca de resultados com outros países. “Estamos idealizando um evento para o ano que vem, em Belo Horizonte, envolvendo produtores, pesquisadores, certificadoras e empresas da indústria do café. Queremos também trabalhar em um guia técnico ilustrado com essas práticas agroecológicas, focado no manejo de pragas”, conclui a pesquisadora.

Mais de duas décadas de pesquisa no controle de pragas

A participação no Sintercafé foi apenas a mais recente no movimentado calendário da pesquisadora Madelaine Venzon, que é referência no manejo de pragas do café há 22 anos. Em setembro de 2022, Madelaine foi a primeira mulher a proferir a palestra de abertura, em 28 anos, do Congresso Brasileiro de Entomologia, realizado em Fortaleza (CE). Em seguida, participou do 3º Simpósio Brasileiro do Manejo Biológico do Café, que ocorreu em Franca (SP), e do III World Food Day Américas. No mês de novembro, a pesquisadora foi convidada para a Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte, e, entre os dias 29 e 30, participará da primeira Jornada: O Mercado e o Café Carbono Neutro, em Monte Carmelo (MG).

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