Pesquisa do Fundecitrus identifica períodos de maior suscetibilidade dos frutos à pinta preta

Pesquisa também envolve quantificação do fungo no pomar e efeito dos fungicidas ao longo dos diferentes meses de desenvolvimento dos frutos

08.12.2020 | 20:59 (UTC -3)
Fundecitrus

A partir de novembro, as chuvas são mais intensas e frequentes em São Paulo, momento no qual as laranjas estão mais suscetíveis à pinta preta. Para esclarecer até quando os frutos podem ser infectados pelo fungo causador da doença, o Fundecitrus, em parceria com a Esalq/USP e o Citrus Research International (CRI), conduziu um trabalho durante duas safras em pomares de laranja da região central do estado.

O doutorando da Esalq/USP, Régis Fialho, explica que, nas duas safras, uma amostra de frutos recebeu o fungo apenas em outubro, após a queda de pétalas, e outras amostras receberam o fungo mensalmente até julho, período no qual os frutos já estavam maduros. Para controle, uma amostra de frutos não recebeu o fungo e uma outra amostra recebeu dez vezes, mensalmente de outubro a julho.

“Os resultados mostram que os sintomas de pinta preta foram mais intensos quando o fungo foi aplicado dez vezes nos frutos [de outubro a julho] e quando a aplicação foi feita apenas em novembro ou apenas em dezembro, meses em que os frutos tinham 1,5 e três centímetros de diâmetro, respectivamente, se mostrando mais suscetíveis à infecção”, comenta.

“Os frutos de janeiro e fevereiro, com diâmetros entre quatro e cinco centímetros, apresentaram intensidade considerável da doença, mostrando que esses períodos também demandam atenção do citricultor no controle da doença. Já as laranjas que receberam o fungo em outubro, após a queda de pétalas, na fase de chumbinho, ou após março, com diâmetro superior a seis centímetros, apresentaram menos sintomas em relação aos outros meses”, destaca Fialho.

A pesquisa também envolve a quantificação do fungo no pomar e o efeito dos fungicidas ao longo dos diferentes meses de desenvolvimento dos frutos. Nas próximas etapas, variáveis climáticas serão correlacionadas com a suscetibilidade do fruto, a quantidade do fungo e o efeito dos fungicidas nos diferentes meses, para, assim, compreender como o clima afeta a intensidade da pinta preta no pomar.

Para o pesquisador do Fundecitrus e orientador da pesquisa Geraldo Silva Jr., os resultados reforçam que, a partir de novembro, quando geralmente se inicia o período chuvoso, os frutos devem ser protegidos, principalmente, com as estrobilurinas.

“Esse grupo de fungicidas é muito eficiente e confere até 95% de controle enquanto o cobre apresenta, no máximo, 70% de eficiência. Portanto, é a partir do penúltimo mês do ano que a atenção deve ser redobrada para que a pinta preta não provoque danos consideráveis à produção das plantas”, afirma.

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