AgBiTech abre laboratório em parceria com a UFG
Novo espaço será inaugurado na primeira quinzena de novembro e resulta de uma aliança estratégica entre a empresa e a instituição de ensino
Um arroz rico em micronutrientes – o arroz biofortificado - está em processo de desenvolvimento pela Embrapa. O objetivo é atingir níveis de zinco desejáveis para produzir benefícios à nutrição humana. O projeto de pesquisa - desenvolvido pela Embrapa Cocais em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Agroindústria de Alimentos no âmbito da Rede BioFORT - também busca características agronômicas ou sensoriais de interesse, atrativas aos agricultores e consumidores.
“O processo de biofortificação é feito a partir do cruzamento entre as melhores linhagens de plantas da mesma espécie, conhecido como melhoramento genético convencional, gerando cultivares mais nutritivas. Além da qualidade nutricional, são também incorporadas boas características agronômicas, como produtividade, qualidade de grãos e resistência à doenças, o que, por sua vez, gera boa aceitação pelo mercado”, detalha o pesquisador da Embrapa Cocais Guilherme Barbosa.
Uma das ações de pesquisa foi a caracterização para teor de zinco dos 550 genótipos da coleção nuclear da Embrapa, que representam toda variabilidade genética do banco de germoplasma da Empresa. “A variação no teor de zinco oscilou entre 11,2 e 45,7 ppm (partes por milhão). No cultivo de arroz comercializado no Maranhão, o teor médio de zinco encontrado é de 16 ppm. Encontramos uma linhagem com valor máximo de 45 ppm e estamos fazendo os cruzamentos com as cultivares comerciais, visando testar essas progênies no Maranhão. Queremos acessar o conteúdo de zinco superior a 28 ppm e que agregue todas as características desejáveis. A expectativa é chegarmos à cultivar biofortificada em até 10 anos”, completa.
Os resultados parciais do projeto de pesquisa foram apresentados por Guilherme Barbosa este ano na reunião anual do Programa Cooperativo Centro-Americano de Melhoramento de Culturas e Animais – PCCMCA, realizado entre os dias 29 de abril e 03 de maio em Honduras, cujo tema foi “Biofortificação de culturas e adaptação climática para a segurança alimentar e nutricional".
A coleção de arroz nuclear da Embrapa foi criada em 2002, com 550 acessos para obter uma quantidade representativa da variabilidade genética do banco de germoplasma. Das 550 linhagens da coleção nuclear, 308 são de variedades tradicionais cultivadas em todo o Brasil, 94 de programas de melhoramento brasileiro e 148 de outros países. Desse total, 186 acessos são para o sistema de cultivo em regime irrigado, 281 acessos para cultivo em terras altas e 83 acessos para facultativas (cultivados em ambas condições).
A essência do programa de biofortificação é enriquecer alimentos que já fazem parte da dieta da população mais carente, como arroz, feijão, feijão-caupi, mandioca (macaxeiras), batata-doce, milho, abóbora e trigo, a partir do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A, introduzindo alimentos mais nutritivos na dieta dessas pessoas. O objetivo é diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar, além de combater a chamada “fome oculta”, que é a carência específica de micronutrientes. Para isso, busca também a promoção do aumento da produção e do consumo de alimentos biofortificados nas diversas regiões do Brasil, por intermédio do fortalecimento de uma rede para a transferência de tecnologias com abrangência nacional.
Conjunto de projetos responsáveis pela biofortificação de alimentos no Brasil. É coordenada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, sendo que várias Unidades da Embrapa são participantes, a exemplo da Embrapa Cocais. No Brasil, o programa BioFORT congrega mais de 150 pessoas em diferentes áreas do conhecimento e em 14 Estados brasileiros. Essa rede interage com universidades, centros de pesquisa nacionais e internacionais, associações de produtores, governo, prefeituras e organizações não-governamentais. O programa brasileiro de biofortificação tem o suporte do programa HarvestPlus, um consórcio de pesquisa que atua na América Latina, África e Ásia com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento. Assim como no Brasil, projetos similares estão sendo conduzidos na Colômbia, Peru, Nicarágua, Índia, Bangladesh, Paquistão, Moçambique, Uganda e República Democrática do Congo, sendo que cada país atua de acordo com as suas peculiaridades e demandas.
No Maranhão, os cultivos biofortificados foram implantados desde 2006, inicialmente pela Embrapa Meio-Norte. Atualmente, além das ações de pesquisa para o desenvolvimento de cultivar de arroz, a atuação da Embrapa Cocais abrange outras duas frentes: as ações advindas do Acordo de Cooperação Técnica entre a Embrapa e o Governo do Estado do Maranhão, assinado em abril de 2017, cujo objeto é a transferência de tecnologia em cultivos biofortificados, visando à segurança alimentar e nutricional, especialmente para as comunidades e regiões mais carentes; e do projeto de transferência de tecnologia e comunicação empresarial aprovado no âmbito da Embrapa.
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