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A pêra começa a ter um destino parecido com o da uva: de fruta típica de clima frio, cultivada tradicionalmente nos estados das regiões Sul e Sudeste, está em vias de se estabelecer como uma alternativa de plantio comercial nas áreas irrigadas do Submédio do Vale do São Francisco, onde o clima é quente com pequenas variações ao longo do ano.
Assim como aconteceu com a uva há cerca de 30 anos, ações de pesquisa investigam formas de manejo para adaptar as pereiras às condições ambientais do sertão nordestino. Segundo o engenheiro agrônomo Paulo Roberto Coelho Lopes, da Embrapa Semi-Árido, os estudos que realiza desde maio de 2005 têm encontrado soluções para superar a necessidade de cerca de 400-500 horas de frio que a frutífera requer para produzir nas áreas onde esta fruteira é cultivada.
Para ele, não há dúvida da viabilidade de plantios comerciais na região. Os testes conduzidos até agora com duas variedades procedentes do Instituto Agronômico de Campinas – IAC – (CV 16.30 MG 8 e 12), são todos promissores. As observações de desempenho agronômico das plantas no Campo Experimental de Bebedouro e avaliações da qualidade dos frutos em laboratório da Embrapa Semi-Árido, dão duas certezas ao pesquisador.
Indicativo - Uma, que será possível a produção de pêras nas condições ambientais do Vale do São Francisco; outra, o cultivo poderá ser manejado para a colheita acontecer no segundo semestre, quando o mercado brasileiro é abastecido por frutas importadas da Argentina, Estados Unidos, Uruguai e Chile. Segundo Paulo Roberto, a cultivar 16.30 MG 8 e MG 12 tem apresentado um “excelente” desenvolvimento vegetativo, florescendo e frutificando em quase todos os meses do ano.
Os bons resultados ampliaram os objetivos da pesquisa: das duas variedades testadas inicialmente, passou-se à implantação de 18 novas cultivares, dentre elas algumas das mais cultivadas e comercializadas a nível mundial. Se até meados do ano que vem, for comprovada a viabilidade desses novos materiais, o pesquisador acredita que terá um bom indicativo para poder recomendar o plantio de pêra nas áreas irrigadas do Submédio do Vale do São Francisco.
Favorável – Este vai ser um passo importante para o agronegócio da região, onde está o maior pólo produtor de frutas para exportação do Brasil. A pêra, com o potencial de mercado que tem, pode se firmar como uma alternativa de cultivo além das culturas tradicionais como a manga e a uva, explica Paulo Roberto.
Esta tendência de concentração da oferta de manga e uva em determinados meses do ano causa sérios problemas de comercialização nos mercados interno e externo, especialmente com relação à baixa dos preços de venda. Os negócios em torno da pêra poderá ser uma nova oportunidade para melhorar a economia da região, explica.
Dentre as frutas de clima temperado, a pêra é a terceira mais consumida e mais importada pelo Brasil. O consumo atual é de mais de 150 mil toneladas. A produção nacional anda é insignificante e não alcança sequer 10% do total consumido. As áreas cultivadas estão concentradas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo e as colheitas acontecem entre os meses de fevereiro a maio.
Diversificação - Paulo Roberto considera que o mercado de peras no Brasil pode vir a ser muito favorável. A demanda atual pode crescer e chegar a 300 mil toneladas ao ano, desde que a cadeia produtiva em torno da cultura oferte ao mercado frutos de qualidade a preços competitivos. Diversificar as opções de cultivo no Submédio é uma estratégia inteligente para chegar ao mercado com oferta de várias frutas em épocas diferentes do ano, explica.
Este é o objetivo do projeto “Introdução e avaliação de cultivos alternativos para as áreas irrigadas do semi-árido brasileiro” que a Embrapa Semi-Árido executa junto com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF. De acordo com Paulo Roberto é preciso que novos cultivos com alto valor agregado, como é a pêra, sejam adaptadas à região, para que sejam plantados nos novos perímetros públicos de irrigação que se encontram em fase de implantação.
Apenas nos estados da Bahia (Salitre e Baixio de Irecê) e Pernambuco (Pontal) deverão entrar em operação a partir de 2009 mais 30 mil ha irrigados. Em uma dimensão menor, o mesmo irá ocorrer nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe. Além da pêra como opção de plantio para essas áreas, outra cultura que tem deixado o pesquisador animado é a macieira. Depois da segunda quinzena do mês de dezembro ele irá fazer a primeira colheita em uma área experimental com cinco variedades. E, incrível, os pés estão carregados de maçãs sob o escaldante sol do sertão nordestino.
Marcelino Ribeiro e Paulo Roberto Coelho Lopes
Embrapa Semi-Árido
www.cpatsa.embrapa.br / 87 3862 1711
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