Novas combinações de copa e porta-enxertos aumentam longevidade e produtividade nos laranjais do Amazonas
Melhor qualidade dos frutos, maior produtividade e redução de riscos fitossanitários foram observadas com as combinações de copa e porta-enxerto testadas pela pesquisa
15.03.2022 | 13:48 (UTC -3)
Embrapa
Novas combinações de copa (parte aérea da planta) e porta-enxertos (base de sustentação da copa) para produção de laranja no Amazonas reduzem a vulnerabilidade da cultura a pragas e doenças, aumentam a produtividade e a qualidade dos frutos e agregam valor à produção. É o que mostram ensaios realizados por pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) e Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) com os objetivos de avaliar o comportamento produtivo de variedades e contribuir para a sustentabilidade da citricultura no estado, atividade que vem crescendo e envolve 2.400 produtores nos municípios vizinhos a Manaus.
Nos experimentos, foram selecionadas novas combinações de copa e porta-enxertos que sejam alternativas à tradicional, formada por laranjeira Pera (Citrus x sinensis (L.) Osbeck) enxertada em limoeiro Cravo (Citrus x limonia Osbeck), largamente utilizada, como única opção, pelos citricultores do Amazonas. A baixa longevidade dos pomares, ocasionada por doenças que afetam o porta-enxerto limoeiro Cravo, vem colocando em risco a produção.
Os estudos, conduzidos dentro do Programa de Melhoramento Genético de Citros da Embrapa Mandioca e Fruticultura, foram iniciados em 2011, com a produção de mudas para a instalação dos ensaios sob as condições de clima e solo locais, em áreas de produtores rurais parceiros da Embrapa.
O pesquisador da Embrapa Marcos Garcia explica que, além de diminuirem a incidência de pragas e doenças (fatores bióticos), as novas combinações de variedades reduzem também a vulnerabilidade da cultura frente aos riscos ocasionados por variações de clima e solo (fatores abióticos).
As variedades de porta-enxertos e copas, avaliadas pela primeira vez no Amazonas, já têm mostrado bom desempenho nas regiões de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Sergipe. Para a avaliação no Amazonas, os experimentos foram instalados em três propriedades de produtores parceiros: Fazenda Panorama e Fazenda Canaã, em Rio Preto da Eva; e Fazenda Brejo do Matão, em Manaus.
Os porta-enxertos híbridos de Trifoliata (Citrandarins) são opções para aumentar a diversidade genética dos plantios. Em consequência reduzem os riscos fitossanitários e agregam valor ao sistema de produção, com maior longevidade dos pomares e melhor produtividade e qualidade de frutos para o mercado de frutas.
A Embrapa já está divulgando e estimulando o uso dessas novas combinações de copa e porta-enxertos, por meio do Comunicado Técnico 153, que traz os resultados dos ensaios. O documento é assinado por dez pesquisadores que fizeram parte dos estudos e está sendo divulgado por meio de palestras, visitas técnicas, cursos e entrevistas. A intenção é tornar as combinações conhecidas do público-alvo: citricultores, viveiristas, técnicos da extensão rural, prefeituras e órgãos de fomento, promovendo a adoção dessas tecnologias e garantindo mais sustentabilidade ao setor agrícola.
Desafios da pesquisa
Na Região Norte do Brasil, a citricultura vem crescendo nos últimos anos, especialmente no Amazonas e Pará, estados que, nas safras 2016/2017 e 2018/2019, apresentaram o maior volume de produção de laranja da região. Considerando-se apenas a laranja, que contribuiu com 92,8% dessa produção, a evolução da citricultura amazonense, avaliada pela Taxa Geométrica de Crescimento (TGC), foi positiva no período de 2010 a 2019 (IBGE, 2019).
O pesquisador José Eduardo de Carvalho, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que trabalhou vários anos no Amazonas, explica que um dos grandes desafios para o crescimento do setor citrícola na região é aumentar a diversificação de combinações de copa e porta-enxerto buscando-se, além da diversidade genética, maior resistência a doenças e eficiência no uso de nutrientes, promovendo o aumento de produtividade e qualidade de frutos, além de maior longevidade dos pomares.
O uso exclusivo da combinação laranjeira Pera (C. x sinensis (L.) Osbeck) enxertada em limoeiro Cravo (C. x limonia Osbeck) torna a citricultura amazonense muito vulnerável às doenças gomose e declínio, pela estreita diversidade genética dos seus pomares. A gomose dos citros, provocada pelo fungo do gênero Phytophthora, é uma doença que ataca das plantas jovens aos pomares em produção e provoca danos irreversíveis, como o apodrecimento do tronco e degradação de raízes. Para o controle dessa praga, a melhor estratégia é a prevenção. O declínio do citros resulta em murchamento e declínio das árvores em pomares. A causa dessa doença ainda não foi bem determinada.
A falta de informações que permitam a diversificação de variedades dos pomares citrícolas nas condições do estado do Amazonas dificulta o acesso do produtor a outras opções de alta produtividade e qualidade de frutos e épocas de maturação distintas, desde as precoces às tardias, o que possibilitaria a ampliação de safras, evitando a atual concentração na variedade Pera.
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