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A aplicação do níquel (Ni) na agricultura vem se consolidando como uma das principais descobertas para a melhoria do cultivo de plantas, principalmente para culturas leguminosas como a soja. Estudos recentes demonstram que o Ni pode atuar tanto de forma benéfica quanto prejudicial para o desenvolvimento das plantas, dependendo da dosagem utilizada. Essa dualidade faz parte de um fenômeno conhecido como hormese: doses baixas de um elemento podem estimular o crescimento, enquanto doses elevadas podem inibir o desenvolvimento.
A pesquisa avaliou a influência de cinco doses de Ni (0,0, 0,5, 1,0, 3,0 e 9,0 mg de Ni por kg de solo) no perfil ionômico de duas variedades de soja. O objetivo foi entender como o Ni, quando introduzido como um novo micronutriente, impacta a dinâmica de outros elementos químicos presentes no sistema planta-solo. O estudo mostrou que, ao ser adicionado ao solo, o Ni pode reduzir a concentração de micronutrientes catiônicos como manganês (Mn), ferro (Fe), zinco (Zn) e cobre (Cu), enquanto aumenta a concentração de macronutrientes como nitrogênio (N) e magnésio (Mg). Além disso, foi observada uma diminuição no acúmulo de alumínio (Al), um elemento tóxico para as plantas.
A maior alteração no perfil ionômico foi observada nas folhas, seguidas pelos grãos, nódulos e raízes. A aplicação de doses agronômicas de Ni, ou seja, em quantidades adequadas, demonstrou-se benéfica para o crescimento e produtividade da soja, embora os resultados variem conforme o genótipo da planta.
O papel do Ni como um micronutriente essencial para as plantas foi estabelecido na década de 1980. Sua principal função está relacionada à ativação da urease, uma enzima que desempenha papel crucial na reciclagem de nitrogênio nas plantas. O Ni atua como cofator dessa enzima, permitindo que a ureia seja hidrolisada em amônia e dióxido de carbono, prevenindo o acúmulo tóxico de ureia.
Entretanto, o uso de Ni na agricultura vai além dessa função. Ele também participa de processos enzimáticos em microrganismos associados às plantas, como no caso da soja, que tem um eficiente processo de fixação biológica de nitrogênio (BNF). A soja, que ocupa uma posição de destaque na produção agrícola global, beneficia-se da fertilização com níquel, que melhora a eficiência desse processo, resultando em maior produtividade.
O estudo mostrou que a aplicação de Ni na soja, em doses adequadas, gera benefícios. A dose de 3,0 mg de Ni por kg de solo foi a que apresentou os melhores resultados, com aumento no crescimento e na produtividade das plantas. Contudo, a aplicação de doses mais elevadas, como a de 9,0 mg de Ni por kg de solo, alterou o perfil ionômico da planta, resultando em efeitos tóxicos e subdesenvolvimento. Isso destaca a importância de se ajustar a dose de Ni para evitar efeitos prejudiciais ao cultivo.
Além disso, o Ni mostrou uma interação complexa com outros nutrientes essenciais para as plantas. Houve correlações significativas entre o Ni e os elementos N, Mn, Fe, B, Zn e Cu, indicando que o níquel pode controlar a absorção e translocação de certos nutrientes, especialmente os catiônicos. Outro ponto de destaque foi o comportamento antagônico do Ni em relação ao alumínio, um elemento potencialmente tóxico, sugerindo que o Ni pode ajudar as plantas a resistirem ao acúmulo de Al em áreas com excesso desse metal.
O estudo concluiu que o uso de Ni em doses adequadas é benéfico para o cultivo de soja, aumentando o rendimento e melhorando a absorção de nutrientes. No entanto, doses excessivas podem causar toxicidade e comprometer o desenvolvimento das plantas. A interação do Ni com outros elementos essenciais deve ser mais explorada, especialmente em longo prazo, para compreender melhor seu papel na nutrição vegetal.
A aplicação de Ni pode também ser uma ferramenta promissora para aumentar a resistência da soja a solos com excesso de alumínio, um problema comum em diversas regiões agrícolas. Esses resultados abrem novas possibilidades para o uso do níquel como um micronutriente inovador na agricultura, mas reforçam a necessidade de cuidados na dosagem para evitar efeitos negativos.
Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1016/j.plantsci.2024.112274
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