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Em vigência desde 2006, o atual programa de produção madeireira por concessões florestais se esgotará em 35 anos se não for revisto. Esse é o resultado de um estudo publicado no periódico Forest Ecology and Management, que conta com o envolvimento de pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
“O programa proposto pelo Serviço Florestal Brasileiro tem como objetivo fornecer uma estrutura legal para a produção sustentável de madeira em longo prazo nas florestas amazônicas”, explica Edson Vidal, docente do departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), um dos autores do estudo.
Os pesquisadores explicam que as concessões florestais na Amazônia brasileira cobrem atualmente apenas 1,6 milhões de ha (Mha), mas estima-se que a área total do potencial de concessões seja de 35 Mha.
“Avaliamos as condições sob as quais o sistema de concessão atual e potencial pode garantir uma produção anual de 11 Mm3.ano–1 para atender à demanda atual estimada de madeira”, complementa Vidal.
Para isso foram testados 27 cenários diferentes, usando combinações de proporção inicial de volume comercial, extração de madeira, intensidade e período do ciclo de corte. O resultado mostrou que apenas o cenário com uma intensidade de extração de 10 m3.ha-1 a cada 60 anos com uma proporção inicial de 90% de madeira de espécies comerciais podem ser consideradas sustentáveis.
Nesse cenário, a produção anual máxima com a atual área de concessão seria de 159.000 m3 (157-159), ou menos de 2% da produção anual atual de 11 Mm3. Quando considerando todas as áreas potenciais para concessão (35 Mha), sob as regras atuais, a produção anual total é de 10 Mm3.ano−1 (2–17 Mm3.ano−1, intervalo de confiança de 95%), mas não é mantido após o primeiro ciclo de corte do manejo florestal. Sob um cenário mais sustentável e uma área de concessão de 35 Mha, a produção anual sustentável de longo prazo de madeira atingiria apenas 3,4 Mm3.ano-1.
Plinio Sist, pesquisador em ecologia de florestas tropicais do CIRAD e primeiro autor do artigo, conclui que o sistema de concessão não será capaz de suprir a demanda de madeira sem reformas substanciais nas práticas de manejo de florestas naturais e no setor da indústria madeireira. “Nosso estudo mostra que as florestas naturais sozinhas não podem atender às necessidades de madeira. Portanto, é urgente estabelecer um sistema florestal diversificado agora e desenvolver outras fontes de madeira, por exemplo, por meio de plantações de madeira mista, agroflorestas ou o manejo de florestas secundárias".
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