Itaú vê safra promissora no Brasil e desafios globais para algodão

As cotações da pluma devem permanecer estáveis, sem perspectivas de altas expressivas, devido a uma combinação de fatores

28.10.2024 | 15:12 (UTC -3)
Revista Cultivar

A consultoria agro do Itaú BBA divulgou suas considerações sobre o mercado de algodão para a safra 2024/25. Há perspectiva de aumento global na produção e consumo. Com expectativa de crescimento de 3% na produção mundial e de 2% no consumo, o saldo positivo levará a um incremento de 1% nos estoques globais.

Entretanto, conforme a instituição, cotações da pluma devem permanecer estáveis, sem perspectivas de altas expressivas, devido a uma combinação de fatores que envolvem a produção, o consumo e os preços internacionais.

Brasil: expansão na área e liderança

Para o Brasil, a perspectiva é positiva. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta um aumento de quase 17% na área cultivada com algodão, o que resultará em uma produção de 3,7 milhões de toneladas de pluma, 15% a mais que a safra anterior.

Essa expansão permitirá ao Brasil manter-se na liderança mundial das exportações de algodão pelo segundo ano consecutivo, com embarques estimados em 2,7 milhões de toneladas. De acordo com a Conab, o número de exportações pode até superar essa estimativa, alcançando 2,9 milhões de toneladas.

Apesar da maior oferta e do aumento nos estoques globais, a demanda interna brasileira não apresentou crescimento significativo. Com a desvalorização do real frente ao dólar, os exportadores brasileiros veem oportunidades no mercado internacional, principalmente frente ao cenário mais fraco nos Estados Unidos, cuja produção, mesmo com revisões para baixo devido a danos climáticos, ainda é projetada em 3,1 milhões de toneladas – uma alta de 18% em relação ao ano anterior.

China e Índia: perspectivas contrastantes

A China, maior produtor e consumidor mundial de algodão, deverá aumentar sua produção em 3% na safra atual, alcançando 6,1 milhões de toneladas. Esse crescimento deve reduzir a necessidade de importação, que foi fortemente revisada para baixo pelo USDA, com estimativas de uma queda de 40% nas compras externas chinesas em 2024/25.

Por outro lado, a Índia, segundo maior produtor global, enfrenta dificuldades. Chuvas torrenciais e inundações prejudicaram o plantio e o desenvolvimento das lavouras, resultando em uma expectativa de queda de 7% na produção de algodão.

Impacto econômico e expectativas de preços

O mercado de algodão é impactado não apenas pela oferta e demanda, mas também por fatores econômicos globais e pela relação com o preço do petróleo, uma vez que a pluma compete com fibras sintéticas derivadas do combustível fóssil.

Em outubro, os preços do algodão em Nova Iorque registraram valorização de 1,8%, acompanhando a alta do petróleo, que foi influenciada por tensões geopolíticas, especialmente no Oriente Médio. No entanto, a expectativa é de que os preços globais de petróleo se mantenham em patamares mais baixos, o que poderá limitar a valorização do algodão.

Além disso, a recente valorização do dólar frente a outras moedas enfraquece a competitividade da pluma norte-americana no mercado externo, o que beneficia as exportações brasileiras, favorecendo a paridade de exportação e compensando os preços internos mais baixos.

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